🔥 O adeus de uma lenda
O Planet Hemp anunciou oficialmente sua turnê de despedida, intitulada A Última Ponta. Mais do que um encerramento de atividades, o giro representa o fechamento de um ciclo de resistência cultural e musical que se iniciou nos anos 1990 e atravessou gerações. Com shows marcados em Porto Alegre (4/10), Rio de Janeiro (8/11) e São Paulo (15/11), a banda promete reencontrar seu público com a mesma energia contestadora que a consagrou.
A turnê é realizada pela produtora 30e, e os ingressos estarão disponíveis no site da Eventim, a partir do meio-dia do dia 18 de junho.
🎤 “Até a última ponta”
O nome da turnê remete a um verso icônico da música “Queimando Tudo” — “eu continuo queimando tudo até a última ponta” — frase que surgiu em uma conversa entre Marcelo D2 e Marcelo Yuka, em um posto de gasolina nos anos 90. A sentença, além de musical, virou símbolo da persistência, do enfrentamento e da identidade contracultural do grupo.
“Fizemos um belo trabalho nesses 30 anos, mas tudo tem um final”, declarou D2. “Vamos aproveitar esses últimos momentos juntos na estrada, como banda, e nos conectarmos mais uma vez com essa galera que nos apoia desde o início.”
📼 Do subúrbio ao mainstream
O Planet Hemp nasceu no submundo carioca: D2 vendia camisetas e discos no Catete quando conheceu Skunk, que se encantou por sua camisa dos Dead Kennedys. Da amizade, surgiu uma banda que nem precisava de disco para lotar casas alternativas. Com a morte precoce de Skunk em 1994, BNegão assumiu os vocais, consolidando a formação histórica.
A discografia começou com o clássico Usuário (1995), seguido por Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára (1997) e A Invasão do Sagaz Homem Fumaça (2000). Após um hiato, o grupo voltou com JARDINEIROS (2022), vencedor de dois Latin GRAMMYs em 2023, incluindo a colaboração com Criolo em “DISTOPIA”.
🚨 Prisão, censura e liberdade
Em 1997, após um show em Brasília, os integrantes foram presos acusados de “apologia às drogas”. O caso mobilizou artistas e intelectuais em defesa da banda, que se tornou símbolo da luta pela liberdade de expressão no pós-ditadura. A prisão, longe de silenciar o grupo, o fortaleceu como voz ativa contra a violência policial e a hipocrisia legal.
🌱 Três décadas de contracultura
A fusão de rap, rock, hardcore e psicodelia, somada às letras incisivas sobre legalização da maconha, desigualdade e repressão, fizeram do Planet Hemp um dos nomes mais relevantes da música brasileira.
“O Planet surgiu menos de 10 anos após a Ditadura. Levantamos discussões que nem se podia falar nos anos 90”, lembra D2.
🎬 Registro histórico e novos palcos
Recentemente, a banda lançou o audiovisual BASEADO EM FATOS REAIS: 30 ANOS DE FUMAÇA (AO VIVO), com participações de Pitty, BaianaSystem, Major RD, Rodrigo Lima e Tropkillaz. Segundo D2, o show de gravação dá pistas do que virá: músicas que não entravam mais no repertório, tempo estendido de palco e convidados históricos.
Além das três datas principais, haverá shows em Salvador, Recife, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Brasília e Belo Horizonte. Informações completas estão no site oficial da banda.
❓ Por que isso interessa?
O Planet Hemp não é só uma banda — é um organismo cultural. Sua trajetória mistura música, política e enfrentamento às normas que ainda oprimem. Ao anunciar A Última Ponta, o grupo não apenas encerra um ciclo, mas reafirma o legado de quem sempre fez arte com urgência, coragem e consciência. Entender o fim do Planet é compreender parte do que moldou a cultura urbana no Brasil dos últimos 30 anos.
Sou Bruno “CRIAA” Inácio, desde 2002 falando sobre Rap na Internet, editor-chefe da Rapgol Magazine, onde conecto os universos do rap e do futebol com conteúdo autêntico e relevante. Com foco na curadoria de histórias que refletem a essência da cultura urbana, também assino artigos e entrevistas que destacam a voz dos artistas e a vivência das ruas.