🎬 O vídeo que o mundo nunca viu
Em 2010, Beyoncé e Alicia Keys vieram ao Rio de Janeiro para gravar o clipe de “Put It in a Love Song”, faixa do álbum The Element of Freedom.
As filmagens ocuparam a Favela Santa Marta, o Morro da Conceição e o Sambódromo, com figurinos inspirados no carnaval carioca e dezenas de figurantes.
A ideia era celebrar o Brasil e unir duas das maiores vozes da música mundial em um clipe vibrante, colorido e cheio de energia tropical.
Mas o resultado nunca viu a luz do dia.
O clipe foi completamente engavetado — sem lançamento, sem explicação oficial.
🌆 O Rio como cenário global
Na época, o Brasil vivia um boom de visibilidade internacional.
O Rio era vitrine do pré-Copa e pré-Olimpíada, e artistas estrangeiros como Rihanna, Black Eyed Peas e Snoop Dogg vinham gravar clipes e comerciais por aqui.
Ver Beyoncé e Alicia Keys desfilando pelas ladeiras cariocas parecia o auge dessa fase.
O público se aglomerava nas gravações, e a imprensa acompanhava cada passo como um evento histórico.
Mas, após a gravação, o silêncio. Nenhum teaser, nenhum still oficial, nada.
🕵🏾♀️ O que aconteceu nos bastidores
Por anos, circularam teorias sobre o sumiço do clipe.
Até que em 2025, Mathew Knowles, pai e ex-empresário da Beyoncé, revelou o que muitos suspeitavam:
“A filmagem foi interrompida porque havia um impasse com a segurança local. A Sony não pagou o pessoal que controlava o território e a equipe precisou ser evacuada.”
Segundo ele, as artistas foram retiradas de helicóptero da favela, e o material ficou inacabado.
Alicia Keys, por sua vez, comentou anos depois que o clipe “quase deu certo, mas não deu certo” — um eufemismo que reforça o mistério.
🧠 O mito do clipe engavetado
O fato de o vídeo existir, mas nunca ter sido lançado, transformou “Put It in a Love Song” em um objeto de culto entre fãs e colecionadores.
Na internet, há capturas de bastidores, trechos de gravação e até fan edits tentando imaginar o resultado final.
A diretora Melina Matsoukas, responsável por clipes icônicos como Formation, teria finalizado parte da edição, mas o projeto foi suspenso antes da aprovação final.
A combinação de dois ícones, um cenário brasileiro e um cancelamento abrupto criou uma narrativa mitológica: o clipe perfeito que o mundo nunca assistiu.
🌍 A estética que antecipou uma era
O curioso é que o conceito visual — duas mulheres negras poderosas, celebrando cultura e feminilidade em cenário latino — antecipa a estética afrofuturista e global que Beyoncé exploraria anos depois em Lemonade e Black Is King.
Em certo sentido, o clipe perdido de 2010 já anunciava o que o pop mundial viria a se tornar na década seguinte:
político, colorido, decolonial e profundamente simbólico.
🎤 O que dizem Beyoncé e Alicia hoje
Beyoncé nunca comentou publicamente o episódio, mas fãs afirmam que ela mantém o clipe guardado em seus arquivos pessoais.
Alicia Keys, em entrevistas recentes, diz que a energia do Rio foi inesquecível e que adoraria resgatar o material algum dia.
“Foi mágico. Quem sabe um dia o mundo veja”, disse em 2023.
💭 Um registro cultural do Brasil nos anos 2010
Além do mistério, o episódio é também um registro de um Brasil que queria ser vitrine global.
Um país que serviu de palco para duas estrelas negras celebrarem sua força artística.
Mesmo sem ser lançado, o clipe simboliza um momento de orgulho cultural e visibilidade internacional, onde o Rio virou cenário do sonho pop mundial.
💡 Por que isso interessa?
Porque o “vídeo perdido” de Beyoncé e Alicia Keys é mais do que uma curiosidade do pop:
é um espelho das relações entre música, poder e território, e mostra como as dinâmicas locais interferem em grandes narrativas globais.
O que era pra ser apenas um clipe se tornou uma metáfora sobre o choque entre indústria, realidade e cultura brasileira.
Sou Bruno “CRIAA” Inácio, desde 2002 falando sobre Rap na Internet, editor-chefe da Rapgol Magazine, onde conecto os universos do rap e do futebol com conteúdo autêntico e relevante. Com foco na curadoria de histórias que refletem a essência da cultura urbana, também assino artigos e entrevistas que destacam a voz dos artistas e a vivência das ruas.