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Em RAP

Rapper Trvko morre em protesto e Peru entra em estado de emergência: o impacto cultural e político de uma geração em fúria

por CRIAA · 22 de outubro de 2025

🔥 A morte de Trvko acende o estopim da revolta juvenil no Peru

O Peru vive uma nova convulsão política e social. Na quarta-feira (15), o rapper Eduardo Ruiz Sanz, conhecido artisticamente como Trvko, foi morto em confronto com a polícia durante um protesto organizado pela geração Z peruana contra o aumento da criminalidade e a crise política.

A tragédia ocorreu na Praça San Martín, em Lima — epicentro das manifestações que, há semanas, reúnem milhares de jovens em atos que misturam arte, resistência e revolta social.
Após o incidente, o recém-empossado presidente José Jerí decretou estado de emergência por 30 dias na capital, suspendendo direitos constitucionais básicos como reunião e livre trânsito.

O gesto político, embora apresentado como uma medida de “ordem pública”, é visto por parte da população como uma repressão direta ao movimento cultural que tomou as ruas, impulsionado por artistas, estudantes e ativistas digitais.


🎙️ Trvko: voz das ruas, símbolo de uma geração

Nascido em Arequipa, Trvko tinha apenas 23 anos, mas já era uma das vozes mais reconhecidas do rap contestador latino-americano. Suas letras, carregadas de crítica social e espiritualidade urbana, tratavam de desigualdade, violência policial e juventude periférica.

Antes de morrer, o artista havia publicado no X (antigo Twitter):

“Não somos delinquentes, somos o reflexo de um país cansado. Se ninguém vai falar por nós, a música vai.”

Durante o protesto, vídeos mostraram o rapper empunhando um megafone e entoando versos improvisados contra o governo interino de José Jerí, até ser atingido por um disparo. Testemunhas afirmam que o tiro partiu de um policial durante uma dispersão com gás lacrimogêneo.

A morte de Trvko imediatamente se tornou símbolo da resistência. Nas redes sociais, hashtags como #JusticiaParaTrvko e #GeraçãoZPeru dominaram as timelines, impulsionadas por artistas como Residente, Anitta e Nathy Peluso, que prestaram homenagens.


⚖️ Estado de emergência e repressão digital

Em resposta à crescente onda de manifestações, o governo anunciou o estado de emergência em Lima, restringindo reuniões públicas e autorizando o Exército a patrulhar as ruas.
Segundo Jerí, o objetivo é “conter as gangues criminosas”, mas analistas apontam que a medida é uma tentativa de conter o avanço do movimento juvenil que exige uma nova Constituinte e eleições antecipadas.

Desde a madrugada de terça (21), 55 policiais e 20 civis ficaram feridos, e 10 manifestantes foram presos, segundo o Ministério do Interior. A internet móvel foi parcialmente bloqueada em áreas centrais de Lima na manhã seguinte.

“O principal inimigo está nas ruas”, declarou Jerí, em tom que críticos classificaram como “eco autoritário”.


💣 A Geração Z peruana e o poder das redes

Os protestos atuais seguem o padrão da nova onda global de mobilização digital. No Peru, os jovens organizam marchas, arrecadam fundos e viralizam denúncias através de TikTok, Discord e Telegram — em uma mistura de ativismo, estética e cultura pop.

Trvko era parte central desse ecossistema. Além da carreira musical, o rapper era streamer e promovia freestyles ao vivo discutindo política e identidade racial. Sua morte deu força ao discurso de que a juventude está sendo criminalizada por existir.


🕊️ Um artista, um país em transição

O impacto de Trvko vai além da música. Sua morte é agora um símbolo de ruptura — entre o velho e o novo Peru, entre o silêncio e a voz da rua.
Enquanto o governo tenta restaurar a “ordem”, o país mergulha em um processo profundo de redefinição cultural e política, liderado por jovens que transformam dor em discurso e protesto em performance.


💬 Por que isso interessa?

Porque a morte de Trvko representa mais do que um episódio trágico: ela marca a colisão entre arte, política e juventude.
Porque a geração Z não está apenas protestando — está reescrevendo a narrativa do poder na América Latina, usando o rap, o digital e a cultura urbana como armas legítimas de resistência.
E porque o grito de Lima ecoa muito além das fronteiras do Peru: quando um rapper cai, o silêncio pesa sobre todos nós.

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