Nas últimas grandes competições de futebol, como a Euro 2024, Copa América e os Jogos Olímpicos, um novo fenômeno chamou a atenção tanto de torcedores quanto de especialistas: jogadores exibindo meias com furos cuidadosamente feitos na região da panturrilha. Mas o que parece ser um estilo excêntrico é, na verdade, uma tentativa de melhorar o desempenho e o conforto em campo.
Jude Bellingham, estrela da seleção inglesa, foi um dos mais notáveis adeptos dessa tendência, aparecendo em jogos com três ou quatro furos simétricos em cada meia. E ele não está sozinho; nomes como Gabriel Martinelli, Neymar e Bukayo Saka também adotaram a prática. Mas por que cortar as meias?
De acordo com Tobias Scheifler, chefe de equipes e clubes profissionais da Hummel, marca que fornece uniformes para clubes como o Everton, “as meias são muito apertadas na posição da panturrilha, o que dá ao jogador uma sensação de desconforto”. A pressão das meias sobre os músculos das pernas pode, segundo os jogadores, reduzir a circulação sanguínea e aumentar o risco de cãibras. A solução encontrada por muitos foi usar tesouras para criar furos que aliviem essa pressão.
Essa tendência, embora nova para muitos, tem raízes que remontam à Copa do Mundo de 2018, quando o lateral inglês Danny Rose e Neymar começaram a usar meias rasgadas em seus jogos. Na época, muitos pensaram que se tratava de um acidente ou falta de cuidados com o uniforme, mas a verdade é que esses jogadores estavam em busca de maior conforto.
Apesar da falta de comprovação científica sobre os benefícios das meias furadas, jogadores como Paul Arriola, capitão do FC Dallas, acreditam que essa prática melhora sua performance. Para ele, usar meias furadas em um tempo de jogo e meias baixas em outro é uma forma de dar às panturrilhas um alívio da compressão.
A resposta das marcas a essa tendência tem sido cautelosa. A Nike, a Adidas e outras grandes fabricantes de materiais esportivos agora precisam reconsiderar seus designs de meias. Algumas, como sugere Jesse Ramirez, chefe dos treinadores atléticos do FC Dallas, podem começar a produzir meias com diferentes circunferências, atendendo tanto jogadores com panturrilhas mais finas quanto aqueles com músculos mais robustos.
Para Tobias Scheifler, da Hummel, o desafio está em encontrar o equilíbrio perfeito entre o marketing das meias e o conforto dos jogadores. Ele afirma que, com as máquinas e os materiais certos, é possível criar uma meia de futebol ideal que satisfaça tanto as necessidades dos jogadores quanto os objetivos de branding das marcas.
Enquanto isso, no campo, as meias furadas continuam a ser uma forma de expressão individual e uma estratégia para aumentar a confiança dos jogadores. Afinal, como disse o famoso jogador americano Deion Sanders: “Se você parece bem, você se sente bem; se você se sente bem, você joga bem”. E no futebol, onde os detalhes fazem toda a diferença, sentir-se confortável pode ser a chave para a vitória.