Abacaxi: Do brechó à passarela – A história de um estilista visionário e a revolução da moda urbana

Abacaxi: Do brechó à passarela – A história de um estilista visionário e a revolução da moda urbana
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É com imensa satisfação que temos a oportunidade de entrevistar Jeanderson Martins, mais conhecido como Abacaxi, um talentoso estilista e empreendedor que vem conquistando seu espaço no mundo da moda. Nascido e criado na Vila Kennedy, Abacaxi é um verdadeiro exemplo de determinação e criatividade.

Com apenas 23 anos de idade, Abacaxi está inserido no mundo da moda desde 2014, quando iniciou sua jornada com um brechó e a customização de peças para venda. Em 2019, ele deu um passo adiante ao fundar a loja virtual Piña, que rapidamente se consolidou como uma marca de destaque e uma representação autêntica de uma identidade carregada de uma estética bem específica, que ganhou força a partir dos anos 2000.

Abacaxi busca inspiração em sua vivência cotidiana, observando as pessoas nas ruas. Sua abordagem única e ousada tem atraído clientes dos mais diversos locais, tornando a Piña um sucesso no cenário da moda urbana.

Nesta entrevista exclusiva, Abacaxi compartilhará conosco detalhes sobre sua trajetória profissional, as dificuldades enfrentadas ao longo do caminho, suas criações e referências, além de revelar seus sonhos e projetos futuros. Acompanhe essa conversa inspiradora com um dos talentos emergentes da moda brasileira. Leia abaixo

Roger Morais



RAPGOL Magazine – É uma imensa satisfação por termos essa conversa. De início, poderia contar principalmente para quem ainda não o conhece, quem é o Abacaxi, de onde é cria e sua origem?

AbacaxiMeu nome é Jeanderson Martins, tenho 23 anos, cria da Vila Kennedy e hoje em dia moro na Pavuna.

RAPGOL Magazine – Há quanto tempo você está inserido no mundo da moda e atua de fato como profissional? Como foi o início de tudo?

AbacaxiEstou inserido no mundo da moda de fato desde 2014. Em 2019 foi quando comecei a Piña. Em 2014 eu montei um brechó e passei a customizar as peças para venda. Depois de um período eu iniciei minha primeira loja virtual, com isso fui me dedicando mais.

Em 2019 eu resolvi mudar minha loja e comecei com a Piña. E em 2020 eu decidi abrir o primeiro casting da loja, e estamos aí até hoje…

RAPGOL Magazine – Quais são as suas maiores referências? De onde você tira inspiração para as suas criações?

AbacaxiMinha vivência, ver as pessoas na rua, tudo me inspira um pouco… Mas, eu sempre acompanho a carreira da Anitta e acho ela muito referência e atualmente tenho me identificado muito com a Mugle.

 

RAPGOL Magazine – Você é responsável pela criação da loja Piña, que com o passar do tempo acabou se consolidando tanto como marca, quanto também em questão de identidade da favela, atraindo clientes dos mais diversos locais. Como foi o início desse projeto e como tudo se deu até aqui?

AbacaxiCom o passar do tempo eu fui entendendo como era o meu público alvo, e eu tive a certeza na coleção NBA, em 2019. Com dificuldades, porém sempre aprendendo.

RAPGOL Magazine – Quais você pode apontar como as suas maiores dificuldades até aqui como profissional?

AbacaxiLidar com o público, administrar quantidades altas de modelos, gestão financeira, entender o que querem e o momento certo.

RAPGOL Magazine – Vemos que tem toda uma equipe que faz essa engrenagem da Piña girar. Além dxs modelos, quais outrxs profissionais estão presentes nos trabalhos? Tem ideia de quantas pessoas são ao todo?

AbacaxiSim. Fora os modelos tenho mais sete pessoas que trabalham comigo no dia-a-dia, sendo eles: diretor criativo, financeiro, empresária, produção, fotógrafo, styling e maquiadora.

RAPGOL Magazine – Com quais materiais e instrumentos você costuma trabalhar na confecção de suas peças?

AbacaxiNo momento ainda não tenho um ateliê, então tenho bastante dificuldade para estar fazendo as roupas. Trabalho com uma máquina caseira antiga. Corto os tecidos no chão, pois ainda não possuo uma mesa de corte.

 

RAPGOL Magazine – Sobre as coleções. Sabe mensurar quantas são até aqui? Poderia nos explicar um pouco sobre algumas delas e o que elas representam?

AbacaxiSim, foram oito. Tenho duas em específico: a da Bad Boy e a Brasil. Foram as que mais mudaram minha vida, em que mais conquistei reconhecimento.

RAPGOL Magazine – Inclusive, as apresentações dessas coleções contam com desfiles muito originais e interessantes, registrados em audiovisual. Seja no interior de um vagão de um trem da Supervia, como no alto de uma favela ou em parceria com a Vogue na entrada do Copacabana Palace. Como surgem as ideias para os desfiles e tem algum deles que você considera o mais especial?

AbacaxiAs ideias surgem através das minhas inspirações. O desfile com a Vogue foi entre todos o mais especial, pois consegui entregar tudo aquilo que eu havia almejado.

RAPGOL Magazine – O que o Jean mais curte fazer quando está longe dos trabalhos?

AbacaxiCannabis e curtir um baile charme.

RAPGOL Magazine – O que mais tem rolado nas suas playlists? Quais artistas da música você tem ouvido ultimamente?

AbacaxiCharme, MPB e Kali Uchis.

RAPGOL Magazine – Quais são as suas camisas de time prediletas?

AbacaxiCamiseta do Brasil e a do Flamengo.

RAPGOL Magazine – Qual o time do seu coração, caso tenha, e porquê?

AbacaxiFlamengo…

RAPGOL Magazine – Ainda sobre estética, uma questão que me chama atenção está ligada ao Brazil Core, que é uma forma de apropriação cultural de um determinado segmento da população por outro que não conhece ou não vive a realidade e o dia-a-dia desse contexto. Você tem alguma opinião formada a respeito do assunto?

AbacaxiIsso é mais uma das coisas que fazem parte da apropriação cultural.

RAPGOL Magazine – Soubemos do ocorrido com relação à coleção em que você ressurge com a estética das peças da Bad Boy, muito utilizadas nos primeiros anos da década de 2000. Como você se sentiu após tudo isso? Se arrepende de ter revivido a marca e não ter recebido os devidos créditos?

AbacaxiBastante frustrado e decepcionado. Não (arrependo), foi um início de partida na minha carreira após entender qual era o meu público-alvo.

RAPGOL Magazine – Você possui colaborações em trabalhos musicais que inclusive estão no nosso radar, como por exemplo no videoclipe de “Motorola”, na Praia Vermelha, um dos pontos naturais mais conhecidos do Rio. Como é para você ser um dos poucos a ligar uma marca e uma identidade visual a esses tipos de projetos e qual a importância?

AbacaxiFico muito feliz, ainda mais quando se trata de Rap, onde é uma cultura diferente.

RAPGOL Magazine – Estamos saindo de um período onde enfrentamos uma pandemia que assolou nossa sociedade. Como foi pra você lidar e conciliar vida pessoal com os trabalhos como estilista profissional?

Abacaxi – Comecei a focar mais na moda justamente no período da pandemia, pois tinha bastante tempo livre para focar somente na moda.

RAPGOL Magazine – Qual é o seu maior sonho, seu grande objetivo, como pessoa e como profissional?

AbacaxiComo pessoal, é ter uma vida estabilizada. E como profissional é poder chegar nas passarelas internacionais, levando o meu estudo para todos os gringos conhecerem.

RAPGOL Magazine – Poderia nos explicar mais sobre a y2k aesthetic, “Estética de Cria”, tão ressaltadas nos seus trabalhos, e no que elas consistem?

AbacaxiEu tenho 23 anos. Quando o ano era 2000 eu havia acabado de nascer, onde entra a questão da minha família como parte da minha inspiração, pois foi a melhor época que teve.

RAPGOL Magazine – Como estão as atuais oportunidades? Existem novos projetos a caminho? Poderia nos adiantar algo a respeito?

AbacaxiTenho um desfile na porta, mas também tenho bastante projetos futuros. Estamos vindo com tudo com uma pegada totalmente diferente do que estamos acostumados a fazer, porém sem mudar a nossa estética.

RAPGOL Magazine – Qual visão você pode passar para quem também vem da mesma origem que a sua e deseja seguir o mesmo caminho profissional?

AbacaxiQue tenham paciência, pois o processo é difícil. Mas é necessário ter foco e muita determinação para chegar num objetivo.

RAPGOL Magazine – Gostaria de deixar uma mensagem para quem nos acompanhou até aqui?

AbacaxiPara persistir, pois é possível.

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