Abel lança “Ninho” e traz paternidade real para o rap

Abel lança “Ninho” e traz paternidade real para o rap

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🎙 Paternidade, amor e imperfeição no rap

O rapper Abel rompe o padrão de temáticas do rap nacional ao lançar “Ninho”, uma música que transforma um momento íntimo de incerteza em arte. Longe de retratar a figura paterna idealizada, ele expõe vulnerabilidade, mostrando que presença e afeto são mais valiosos do que a busca por perfeição. É uma narrativa que confronta o abandono paterno, ainda tão comum no Brasil, e abre espaço para um diálogo necessário dentro e fora da música.


✍ Do desabafo à música

O nascimento de “Ninho” não foi planejado. Na véspera do aniversário do filho Dom, Abel, que mora fora do país há um ano, sentiu a necessidade de colocar no papel seus medos e dúvidas sobre as escolhas feitas. “Queria escrever uma carta, votos, e fui escrevendo sem planos de que seria uma música”, relembra. O texto ganhou ritmo e vida ao ser transformado em letra e receber produção de DJ Maxnosbeatz. Gravada na Itália em 2023, a faixa ficou guardada até que Abel sentisse o momento certo de compartilhá-la com o mundo — e o Dia dos Pais foi a ocasião perfeita.


👨‍👧‍👦 Paternidade no rap: um espaço pouco explorado

Enquanto o rap costuma dar voz a narrativas de resistência, superação e denúncia social, raramente a paternidade ocupa o centro da mensagem. Abel, pai de três, preenche essa lacuna ao falar sobre o impacto diário dos filhos em sua vida: mudanças de rotina, reconfiguração de sonhos e a importância de estar presente, mesmo à distância. Sua proposta não é criar um modelo, mas incentivar a reflexão sobre a responsabilidade afetiva. “Fora do Dia dos Pais, o que temos são apenas os números desastrosos de abandono paternal”, alerta.


🎵 Trajetória de Abel

A relação de Abel com a música começou cedo, nas apresentações na igreja, onde desenvolveu musicalidade e consciência rítmica. Na adolescência, encontrou no rap uma linguagem que unia crítica social e identidade, influenciado por nomes como Racionais MC’s, RZO, Charlie Brown Jr e Planet Hemp. Lançou seu primeiro álbum solo, Sai Fora Caim, em 2012, abrindo portas para colaborações com Emicida, Marechal, Akira Presidente e outros. Também se destacou como produtor, participando de projetos marcantes como GRIOT de Marechal e Nosso Tempo de Akira Presidente com Hélio Bentes. Hoje, consolida-se como uma voz que alia técnica e propósito.


🌍 Lançamento com propósito

Mais do que apenas uma faixa, “Ninho” é um gesto artístico com timing preciso. Abel quis que a canção fosse lançada perto do Dia dos Pais para potencializar sua mensagem num período em que a sociedade se mostra mais aberta para discutir a presença paterna. O vídeo, dirigido por Rafael Quiroga e produzido pela Racamandaca Films, amplia a carga emocional da música, reforçando o vínculo entre letra e imagem.


Por que isso interessa?

Ao trazer a paternidade como tema central, Abel não apenas diversifica o repertório do rap nacional, mas também abre espaço para um diálogo que toca diretamente questões sociais urgentes. Em um país onde o abandono paterno atinge índices alarmantes, “Ninho” se torna mais do que música — é um convite à responsabilidade e à empatia.