Akira Presidente estreia na Sala Vermelha com rimas pessoais

Akira Presidente estreia na Sala Vermelha com rimas pessoais

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“Minha mãe tava com câncer, meu mano tava preso”.
Não é só uma linha. É a linha entre o que o rap foi e o que ele ainda precisa ser. E quem entrega essa barra não é qualquer um — é Akira Presidente, ou como muitos o conhecem nos becos e palcos do underground: Fa7her.

Na última semana, o lendário nome do rap nacional cravou sua voz em mais um marco da cultura urbana brasileira: a Sala Vermelha, do projeto MOVIMENTO da gravadora Rock Danger. Uma série que já recebeu nomes de peso da nova e velha escola e que agora se pinta com o tom cru e denso de um dos rimadores mais sinceros do país.

“Essa faixa tem umas rimas muito pessoais… vem do estômago, são rimas pesadas, fortes, secas”, explica Akira, com o mesmo tom calmo de quem vive o que escreve.

E ele viveu. Enquanto parte da cena busca métricas e likes, Akira escolhe a dor como partitura. Com produção de El Lif Beatz, um dos seus colaboradores históricos, o carioca volta ao boombap não como um revival nostálgico, mas como um grito de identidade. Rima por rima, beat por beat, o som se constrói como uma carta aberta à vida real — aquela que não cabe em marketing de lançamento nem em figurino estilizado.


Sala Vermelha: mais que um cenário, um santuário

O projeto da Rock Danger, que já soma mais de 30 episódios, se consolida como uma cápsula de tempo da cultura hip hop brasileira. Com estética intensa e clima intimista, a Sala Vermelha não é só um espaço para versos. É um confessionário urbano. Um lugar onde os artistas deixam suas máscaras do lado de fora e rimam com a pele exposta.

“Ser mais um nesse bolo — no bom sentido — é realmente uma honra”, diz Akira, que vê o espaço como um altar da resistência artística.


A próxima fase de um nome que nunca saiu do jogo

O episódio chega em um momento de transição. Akira prepara o lançamento do seu novo álbum e aquece os motores com uma sequência respeitável de feats: Fleezus, CESRV, além dos produtores CHF e Barba Negra, com quem lançou os projetos “Omertà” e “As Incríveis Histórias De: Underground Superhero Vs o Terrível Ladrão de Loops”.

Enquanto o disco novo não sai, a Sala Vermelha serve de prelúdio para o que está por vir: mais verdade, mais lirismo, mais Fa7her. A gente já entendeu: não se trata só de música. É crônica, é luto, é guerra, é fé.


📌 Por que isso interessa?

Porque artistas como Akira Presidente nos lembram que o rap é uma ferramenta de memória — não só rima e flow. Em tempos de algoritmos e playlists descartáveis, o que ele faz é poesia documental: uma arte que incomoda, cicatriza e transforma.

O episódio na Sala Vermelha não é só um lançamento. É um registro histórico. É Akira, de novo, colocando o hip hop brasileiro no seu lugar de origem: na rua, no peito e no osso.