Álbum BRAZA e a deficiência no rap

por Eduardo Victor (@oeduardovictor)

Acessibilidade se tornou um tema bastante discutido do ano passado pra cá em muitos espaços. No rap, não seria diferente. Desde batalhas de rima, como Devilzinha na Batalha do Coliseu, na Zona Norte do Rio de Janeiro, corrigindo uma expressão que ofendia pessoas com deficiência na batalha de sangue, dizendo: “reveja seus conceitos e diminua palavras capacitistas!”, sejam nas entrevistas que eu – sim, prazer, sou o Dudu! – faço falando sobre autoestima, sendo uma pessoa com deficiência, com MCs da cena como Chris MC e Major RD, ou até o ponto principal desse texto: produzindo um álbum de R&Drill.

Estamos falando de BRAZA, o primeiro álbum da produtora musical NATH. Natural de Curitiba, Nathalia Schleder fez história: um álbum de R&B e Drill totalmente feminino. E não só isso, ela é uma produtora musical com deficiência auditiva. Então, olhar para a cena do drill e ver um álbum composto totalmente por mulheres já é incrível, produzido por uma mulher com deficiência, mais histórico ainda.

Mas aonde eu quero chegar com isso? O álbum BRAZA diz muito sobre as sensações, sentimentos e ocupação de espaços. E além disso, ele traz o peso do reconhecimento no outro. Se o rap é compromisso, essa é mais uma das provas vivas disso. Quando a gente se vê no outro e entende que é possível, as coisas se tornam mais potentes. Se tratando de música então, nem se fala. Porque a deficiência pro mundo traz o fardo da incapacidade junto dela, mas um álbum de mulheres potentes mostrando a que vieram, provou mais uma vez que o mundo também é para pessoas como nós.

Poder trazer esse olhar para o que é uma obra musical tem um valor muito importante. Não se espera de pessoas com deficiência a sagacidade de pensar um álbum, pensar uma crítica e de ser algo para além das limitações físicas ou intelectuais. Poder, enfim, me reconhecer em uma produção musical na cena mais ainda. BRAZA é mais um sopro de esperança que o movimento de inclusão vem, mais uma vez, da rua, da periferia e dos movimentos culturais.

Esse texto hoje tem um significado especial: o dia 21 de setembro é o Dia Nacional da Luta de Pessoas com Deficiência, por isso hoje eu não quero contar pro mundo quais os desafios de ser uma pessoa com deficiência numa sociedade inacessível. Quero convidar a todos a ouvirem o disco BRAZA, disponível em todas as plataformas digitais, para que a música possa te contar do que pessoas com deficiência podem ser capazes de fazer e transformar na cena e no mundo.

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