A espera acabou! Depois de 16 anos desde o lançamento de seu último álbum “Tá Pra Noiz”, SP Funk – formado originalmente por Mr. Bomba, Tio Fresh, Maionezi, que atualmente mora na Irlanda, e DJ QAP, falecido em agosto deste ano – anuncia a retomada do grupo com Mr. Bomba e Tio Fresh. O quarteto que marcou a geração dos anos 2000 e influenciou grandes nomes da cena, como Emicida, Rashid e SPVIC (Haikaiss), lança o single-clipe “Por Acaso”, com participações de Neg (Família Madá), Rappin Hood e MC Jota. A música abre uma série de lançamentos que darão origem ao álbum “Fita Demo”, a ser lançado em 2023.
O clipe em animação foi desenvolvido por Bomba e Adhemar Ribeiro e traz todos os MCs que compõem a música. Unindo duas gerações do rap nacional, Bomba explica que a escolha dos nomes foi feita de maneira orgânica: “escolhemos o Rappin Hood e o Neg por serem parceiros que estão em nosso convívio no dia a dia. O Jota já fazia backing vocal pra gente no SP Funk e vai estar em algumas faixas do disco”.
Apesar do longo hiato, “Por Acaso” é atual. A música é um trap com uma virada de funk carioca, e tem até autotune sendo usado por Rappin Hood em seu verso. A inovação somada à essência do grupo parece ter sido a receita perfeita. “Nós procuramos manter as metáforas, uma figura de linguagem que destacou o SP Funk dos outros grupos na época”, explica Tio Fresh. “Meu verso foi inspirado em Fim de Semana no Parque (Racionais MCs), dando enfoque para o lado positivo da quebrada”, revela Bomba.
O álbum “Fita Demo” está em processo de produção e contará com a participação de Emicida, Maionezi e Lino Krizz. O disco promete ser mais uma virada do grupo que marcou a geração do começo dos anos 2000.
O Lado B do Hip Hop
SP Funk lançou sua primeira música “Fúria de Titãs”, na coletânea Rima Forte, em 1998. Já em 2001 o grupo lançou seu primeiro álbum, intitulado “O Lado B do Hip Hop”, que conta participação de grandes nomes do rap nacional, incluindo Sabotage na faixa “Enxame”. Com um novo jeito de fazer rimas e introduzindo metáforas em seus versos, SP Funk foi um divisor de águas para a cena. Foi nessa época que o underground conquistou seu espaço e ganhou nomes de destaque como Quinto Andar, Marechal e Parteum, além de ter sido formada a Academia Brasileira de Rimas (ABR), reunindo Kamau, Max B.O., Paulo Napoli e Akin. Inclusive, Tio Fresh participou de alguns shows e gravações da ABR.
Emicida conta como o “O Lado B do Hip Hop” mostrou a ele novas maneiras de contar uma história a partir de um estilo feito por MCs e não apenas por rappers. “Para quem não sabe, ambos são elementos do hip hop, mas existe uma diferença: o rapper é o cara que canta rap e o MC é o mestre de cerimônia (…) A rima feita por MCs é de alguém que precisa criar uma comunicação e chamar a atenção da plateia. Para isso, precisam de muita criatividade”, explica. “O Lado B do Hip Hop é fundamental para entender os artistas de hip hop que temos hoje. Um disco importantíssimo para a formação do raciocínio da minha geração, que é filha desse tipo de lirismo”, conclui.