Ela é produtora, cantora e sem dúvida tem uma das vozes mais lindas da cena. Integrante da SoundFoodGANG , Ashira recentemente lançou o som “Apostas e Contratos” com a participação do Fleezus. Em 2019 ela lançou o EP “Rouff”, com as MCs Tasha e Tracie, projeto que foi muito bem aceito pelo público e pela crítica especializada e de lá para cá, segue em uma crescente e pronta para novos desafios.
RAPGOL MAGAZINE – Não é de hoje que você nos agracia com a sua voz e produções, mas para
quem está te conhecendo agora, como a Ashira conheceu o rap e quando
você iniciou seus trabalhos com produção musical?
ASHIRA- Minha família gosta muito de música e por ter crescido no meio gospel, eu comecei a cantar logo cedo na igreja. A arte sempre me interessou, pintar, dançar, cantar, então na adolescência fui atraída pelos rolê de rua, batalhas e festas de rap, daí não demorou pra eu começar a cantar nos locais que frequentava, comecei a escrever minhas próprias letras em 2012, fui pirando cada vez mais em aprender sobre música, tentando evoluir vendo minhas referências, fui aprendendo muito com quem tava à minha volta fazendo música, comecei a me interessar mais no instrumental, em querer criar também, saber fazer o conjunto completo de uma obra (mal sabia eu q a batida e voz seria o mais fácil, rs), então em 2016 comecei meus experimentos como beatmaker, 2017 e 2018 fui entendendo melhor sobre produção, foi quando Tasha e Tracie me convidaram para juntas lançarmos um EP, o Rouff.
RAPGOL MAGAZINE – Sua voz é uma das mais belas neste mundo musical e você preza muito pela
melodia, de onde vem este talento?
ASHIRA- Quando eu estava descobrindo como usar melhor minha voz, com uns 14 anos, comecei a me gravar bastante pra me ouvir, porque ia tentando corrigir as falhas e gravava outra cada vez melhor, isso me ajudou muito a evoluir afinação e interpretação. Sobre o ponto das melodias, eu gosto de muitos estilos de música diferentes e o que mais me prende a atenção numa música é a melodia, que intenção ela passa, se é inesperada, se é viciante, se é emocionante, gosto de captar isso, por que me ajuda a criar diferentes narrativas melódicas, não preciso me limitar à ter só uma face artística.
RAPGOL MAGAZINE – Você faz parte da SoundFoodGang, a gravadora é conhecida por ter vários
estilos sob o mesmo teto. Como é estar no selo?
ASHIRA- Desde de que entrei tenho aprendido muito com o selo, trabalhamos verdadeiramente como uma equipe construindo a evolução de todos. É muito foda poder estar num espaço onde fazer arte não é loucura, onde as pessoas vão te ouvir e vão prestar atenção. Sempre que tô no estúdio com a Sound Food, volto com pelo menos um som novo pra ouvir, é motivador nos reunirmos para criar.
RAPGOL MAGAZINE – O EP “Rouff”, com a Tasha e a Tracie se tornou um sucesso quase que
imediato em 2019, poderia nos contar um pouco sobre a experiência que
foi este projeto?
ASHIRA- Foi uma experiência impactante pra mim! Aprendi demais, por que esse processo envolveu todas as etapas de uma obra, desde gravação de vozes, instrumentais e edites até composição, nós três mergulhamos nesse processo durante 3 meses e criamos juntas o Rouff, não tínhamos ideia da proporção que ia ter, em muitos momentos quase desistimos de lançar, por achar que o público não entenderiam as músicas, foi desafiador e muito bonito ao mesmo tempo, descobrir várias coisas dentro da gente que podíamos fazer e nem sabíamos. Esse EP é muito verdadeiro, muito do que somos, foi meu salto livre.
RAPGOL MAGAZINE – O ano de 2020 foi uma loucura, mas você manteve suas músicas em rotação.
“Malibu”, “Eu gosto” e “Superfície”, são alguns dos sons que ganharam projetos audiovisuais. Como você passou por todo este turbilhão inesperado?
ASHIRA- Foi uma loucura! Eu trabalhava como garçonete e imediatamente todos os estabelecimentos foram fechados, fiquei desempregada, sem ter como pagar o aluguel ou qualquer coisa, até o ponto do dono da casa me pedir pra sair pela falta de pagamento. Meu companheiro de vida, o Vinicius, me ajudou muito nesse momento, fui morar com ele, com as flexibilizações voltei a trabalhar com freela e comecei a me dedicar 10x mais à música, nesse período lancei low pass, malibu, superfície, eu gosto, cyber love, tava querendo por no mundo tudo o que eu era, sem saber como ia ser o amanhã, bateu o desespero e a vontade de viver ao mesmo tempo, tinha que lançar minhas músicas! Outro ponto é que dividir a casa com quem também faz música, torna isso mais real, menos loucura, então o Vinicius me incentiva muito até sem saber.
RAPGOL MAGAZINE – Em Março deste ano chegou às plataformas a música “De lá”, juntamente
recebemos um videoclipe com uma estética linda. Na intro da música podemos ouvir uma voz emocionada de quem é? Conte-nos uma curiosidade que ninguém sabe sobre este som.
ASHIRA-A voz da intro é um áudio do WhatsApp da minha mãe. Eu tinha feito a primeira parte da música e cantei pra ela, ela respondeu com o áudio, emocionada, então pensei ”isso tem que ser a intro do som”.
RAPGOL MAGAZINE – Recentemente chegou às plataformas o som “Apostas e Contratos” com o
rapper Fleezus. A música tem um clima bem club. Podemos esperar um EP ou
álbum em breve?
ASHIRA- Fiquei muito feliz com a recepção do público com esse som, o Fleezus é um artista versátil, foi daora demais trabalhar com ele. Também me identifiquei muito com o produtor Iuri Rio Branco, a batida é bem ritmada e nos deu espaço pra criarmos melodias dançantes. Nessa música eu quis falar sobre ir em busca dos sonhos, sem deixar que nos digam que é impossível.Sim, esse ano tem um trabalho mais extenso meu pra vocês, onde vão conseguir me conhecer além da voz.
RAPGOL MAGAZINE – Deixando um pouco a música de lado, o que você curte fazer quando não
está no estúdio gravando?
ASHIRA- Geralmente, se não tô fazendo música ou trabalhando com algo dentro disso, tô limpando a casa kkkkkk. Amo ver série no Netflix, também aprendi a fazer macramê, então quando fico suave, gosto de fazer artesanato.
RAPGOL MAGAZINE – Estamos sabendo que você gosta de coisas radicais (risos), conta aí: Como foi a experiência de saltar de paraquedas?
ASHIRA– Foi uma das sensações mais marcantes que já tive, antes de saltar fiquei numa mistura de medo e ansiedade enorme, mas na hora que eu saí do avião foi mágico, a sensação muda pra liberdade e você só quer apreciar o momento de tão bom que ele é.
RAPGOL MAGAZINE – Quem acompanha as suas redes sociais, observa que você é uma mulher
autêntica e antenada na moda. Você que prepara seus figurinos?
ASHIRA- Obrigada! Sim, escolho, desenho ou monto a maioria dos figurinos, acredito muito que como nos vestimos está totalmente ligado ao que ouvimos, apreciamos, então tento me expressar através das minhas roupas também.
RAPGOL MAGAZINE – Voltando para o mundo da música, mas como ouvinte. O que não pode faltar
na sua playlist?
ASHIRA- Com certeza a discografia da Beyoncé.
Obrigado por ter conversado conosco e mais uma vez parabéns por toda a caminhada que vem desenvolvendo.
CRIAA