Bate-Bolas e Rap: Major RD e Raflow celebram a cultura do Rio

Bate-Bolas e Rap: Major RD e Raflow celebram a cultura do Rio
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Os Bate-Bolas, tradição centenária do Carnaval do Rio de Janeiro, continuam a crescer e ganhar espaço na cultura urbana, conectando-se cada vez mais com o universo do rap. Em 2025, os rappers Major RD e Raflow foram vistos nas redes sociais participando ativamente dessa manifestação cultural, mostrando que a identidade dos Clóvis — como também são chamados — segue pulsante na cidade. Major RD se juntou à Turma Sonic, de Campo Grande, enquanto Raflow desfilou com a icônica Bagulho Doido, reforçando a união entre o funk, o rap e o carnaval de rua.


A tradição dos Bate-Bolas no Rio de Janeiro

Os Bate-Bolas surgiram no início do século XX e são uma das expressões mais marcantes do Carnaval de rua do Rio, principalmente nas zonas Norte e Oeste, além da Baixada Fluminense. Também chamados de Clóvis, os grupos percorrem as ruas com figurinos extravagantes, máscaras imponentes e bolas coloridas que batem no chão, criando um espetáculo visual e sonoro.

Com influência do entrudo português e do carnaval de rua carioca, os Bate-Bolas evoluíram ao longo dos anos, incorporando temáticas variadas e se tornando um verdadeiro símbolo de identidade periférica. Hoje, os figurinos são verdadeiras obras de arte, com bordados luxuosos, brilhos, pedrarias e cortes sofisticados, refletindo a criatividade e o investimento das turmas.

Para os integrantes, participar de um grupo de Bate-Bolas vai muito além da diversão carnavalesca: trata-se de um ritual de pertencimento e resistência cultural. Os preparativos duram meses, com cada detalhe dos trajes sendo planejado com o máximo de sigilo até o grande dia dos desfiles.


Rap e Bate-Bolas: a conexão com a cultura de rua

A relação entre os Bate-Bolas e o rap é natural. Ambas as culturas nascem das ruas, das favelas e da periferia, sendo formas de expressão de um povo historicamente marginalizado. Além disso, o impacto visual das turmas de Bate-Bolas dialoga diretamente com a estética do rap, que também valoriza identidade, imponência e estilo único.

Diante disso, não é surpresa ver rappers se envolvendo com essa tradição. Major RD e Raflow, dois nomes em ascensão no cenário do rap nacional, mostraram nas redes sociais que fazem parte desse movimento.

  • Major RD, conhecido por suas letras afiadas e conexão com a realidade das ruas, apareceu com a Turma Sonic, de Campo Grande, uma das mais tradicionais da Zona Oeste.
  • Raflow, que também vem ganhando destaque na cena, desfilou com a Turma Bagulho Doido, conhecida por suas produções grandiosas e forte presença na cultura dos Bate-Bolas.

A presença dos rappers fortalece ainda mais a fusão entre a cultura hip-hop e o carnaval carioca, mostrando que o Bate-Bola não é apenas uma manifestação festiva, mas também uma representação da resistência, da arte e da força periférica.


A evolução dos Bate-Bolas e sua influência na moda e na música

O impacto dos Bate-Bolas vai além do carnaval. Nos últimos anos, a cultura dos Clóvis passou a ser reconhecida em outras áreas, incluindo a moda e a música. Marcas de streetwear já lançaram coleções inspiradas nos figurinos das turmas, enquanto o funk e o rap incorporam cada vez mais referências visuais e líricas desse universo.

Os Bate-Bolas também influenciam a estética dos videoclipes e ensaios fotográficos do rap nacional. O uso de máscaras misteriosas, cores vibrantes e roupas volumosas cria uma identidade visual marcante, que remete diretamente ao impacto visual das turmas no carnaval.


A resistência de uma cultura marginalizada

Apesar de sua grandiosidade, os Bate-Bolas ainda enfrentam preconceito e repressão. Durante décadas, os grupos foram alvo de estigmatização, sendo erroneamente associados à criminalidade. No entanto, essa narrativa vem mudando, principalmente com a apropriação positiva da cultura por artistas e influenciadores.

Ao verem rappers como Major RD e Raflow se envolvendo com essa tradição, muitos jovens da cena hip-hop passam a enxergar os Bate-Bolas com outros olhos, entendendo sua importância cultural e social. A valorização dessa manifestação popular é essencial para garantir sua continuidade e reconhecimento enquanto patrimônio imaterial do Rio de Janeiro.

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