O assunto vem e vai pelas redes sociais e na semana passada a internet se viu em meio a um furação de opiniões sobre o questionamento: Beatmaker é autor da faixa?
Após o lançamento do documentário da cantora Karol Conká, os fãs perceberam que as músicas mais famosas dela não estão na obra. O motivo foi a escolha feita pelos seus ex-parceiros de estúdio DJ Nave e o duo Tropkillaz, de não liberarem as músicas para o projeto. A cantora resolveu reclamar publicamente dizendo que a música era dela e que entraria na justiça para resolver o assunto.
Quem já procurou saber sobre este caso, encontrou as informações dos créditos das músicas e elas desmentem Karol Conká. Nave e os Tropkillaz são listados como coautores, junto com ela, de “Tombei”, “Lalá”, “É o poder” e outros hits. Na prática, a música é deles também.
Teoricamente no Rap / Hip-hop, quando um rapper cria uma canção a partir de um instrumental feito por um beatmaker, esse produtor musical é considerado co-autor da canção. O mesmo vale para beatmakers que criam partes melódicas para a música. Porém, se o artista chega com todas as partes da canção já definidas, o produtor entra como colaborador apenas no que diz respeito ao fonograma.
Tudo isto pode sofrer mudanças e acordos entre as partes podem ser feitos por intermédio de contratos, porcentagens e claro advogados. Toda parte burocrática deve passar pelas mãos de quem entende e claro que um advogado irá mostrar ao seu cliente o melhor a ser feito.
Daniel GanjaMan, renomado produtor musical e que dispensa apresentação, falou sobre todo este processo de autoria e co-autoria. GanjaMan relembrou que o bom senso é a chave para um acordo rentável para ambas as partes e mencionou um processo criativo de estúdio envolvendo o rapper Criolo.
“… Mais do que nunca, vale o bom senso. Se algo no beat é absolutamente determinante para a relevância da faixa, ou se a música surgiu a partir do beat, penso que o Beatmaker é autor, indiscutivelmente. Se a música já existia e o beat cumpre apenas o papel de arranjo, não.
Um bom exemplo do que estou falando é a faixa “Etérea” do Criolo, que produzi com meus manos do Deekapz. Criolo chegou com a música pronta, com um bumbo reto e um baixo conduzindo. Nosso papel foi refazer todo o arranjo, logo ele assina a autoria sozinho...”
Havendo acordo, não há problema, mas podem haver nuances que demandam entendimentos específicos de autoria. Nos casos de difícil resolução que chegam à justiça, precedentes são usados para comparação.
Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.