Boombeat fala sobre seus projetos, sua carreira solo e abre seu coração sobre a música Rap em entrevista exclusiva para a Rapgol Magazine

Boombeat fala sobre seus projetos, sua carreira solo e abre seu coração sobre a música Rap em entrevista exclusiva para a Rapgol Magazine

Ela é linda e uma talentosa artista de São Paulo que está conquistando os corações com sua música autêntica e empoderada. Encerrando as festividades do mês onde comemoramos o Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, nesta entrevista, Boombeat compartilha detalhes de sua jornada na música, desde sua infância até sua evolução como artista solo.

Discutimos seu recente single “Borboleta” e seu videoclipe emocionante, que abordam temas como empoderamento, sexualidade e amor. Prepare-se para mergulhar na mente criativa de Boombeat enquanto ela revela seus inspiradores momentos de crescimento e sua paixão por criar músicas que quebram barreiras e transmitem mensagens poderosas.

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Quem você é como artista? Como você chegou nesse momento? Me dá um pouquinho da sua história e trajetória na música.

 

BoombeatBom, eu sou Boombeat, tenho 29 anos, sou aqui de São Paulo – nasci no interior, mas, fui criada desde bebê aqui em São Paulo, e faço música por necessidade de estar viva. Música, para mim, está presente desde meus 7 anos de idade, quando eu compunha e só hoje, de alguns anos para trás, eu entendi o porquê que aquela criança já exercia isso, porque já era um chamado para o meu futuro, era algo que eu ia precisar para estar viva – e eu sinto que hoje, a música é minha prioridade, meu maior amor, porque, sem ela, tenho certeza que eu não estaria aqui mais, por várias situações da minha vida. 

Então, a música vem nessa necessidade de continuar viva, e eu sou uma artista que canta tudo que vivo, que sinto, ou que flerta com a minha realidade. Justamente para projetar novas realidades e, também, cantar a realidade já existente na minha arte, fazer arte com a realidade já existente na sociedade, mas, também idealizar novas realidades através da arte, porque, sinto que a arte tem esse potencial. Basicamente, é isso, comecei no Quebrada Queer, nos palcos, como artistas protagonista, dando a cara – e agora apenas como carreira solo. Antes eram os dois, tentando levar os dois, mas, agora estou dedicada 100% ao meu trabalho solo.

 

Como que foram esses momentos dentro do QQ? Como foi equilibrar sua carreira solo com o trabalho em grupo?

 

Boombeat – Quebrada Queer foi um momento de muita aprendizagem e amadurecimento, costumo dizer que, se não fosse o Quebrada Queer na minha trajetória, não existiria também a Boombeat na forma que ela existe hoje, eu não conseguiria dar um início – de fato – a uma carreira solo, apenas solo, da mesma maneira que estou dando hoje, se não fosse o Quebrada Queer, porque, com o QQ, eu criei experiência, não só de palco, mas, também de mercado, de equipe, artisticamente, fui evoluindo e entendendo quem eu sou, como pessoa também, através do Quebrada Queer. Foi com o Quebrada, que eu ganhei força para ser quem eu sou, me trouxe autoestima, através da minha arte ali dentro, e tudo que recebi de volta do público. E, a partir daí, não só me entendo, mas também crio força para ser a travesti que sou hoje, tanto que, meu entendimento enquanto travesti e externar minha travesti aconteceu durante esse processo do Quebrada Queer. Tenho certeza que o QQ é muito responsável pela autoestima e força que a arte me deu, para conseguir ser quem eu sou hoje. Então, o Quebrada Queer foi fundamental para mim em vários sentidos, não só pessoais, mas, também como amadurecimento e me sentir pronta e corajosa para enfrentar meus próximos sonhos que, se eu tentasse enfrentar sem o Quebrada Queer, eu não estaria tão bem preparada como hoje, sabe?

 

Me conta um momento ou memória que foi muito especial dessa sua participação no QQ.

 

Boombeat Acho que foi o meu primeiro show cantando para um público bem grande – tinha muita vontade, mas, também muito medo de ver um público tão grande, assim, e aí eu vivi isso na Virada Cultural de 2019, na República, em um show que foi antes da Pabllo Vittar. Tipo, tinha 15 mil pessoas, algo assim, muita, muita gente – e era um lugar muito especial, porque minha infância foi ali na praça da República, minha creche era ali naquele lugar onde eu estava cantando. Então, passou um filme na minha cabeça, do centro de São Paulo, contando essa noite tão importante que vivi e ainda vivo às vezes. Estar ali, em casa, São Paulo, cantando para tanta gente, aquilo ali foi muito marcante para mim – porque ali senti que eu era capaz. Porque, algumas vezes, em alguns momentos da vida, algumas pessoas tentaram me colocar em um lugar de que eu não era capaz de cantar para tanta gente assim, foi um momento em que eu falei: “Caramba, posso cantar, falar e me comunicar com tanta gente” – porque, também, sempre tive muito medo da fala em público, então, quando me vi capaz, foi gigante para mim, muito marcante.

 


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Fotos @gizonomura

Como você descreveria a sua transição do QQ para essa carreira solo? Quais são as principais diferenças que você está tendo nesses primeiros passos?

 

BoombeatBom, o que eu sinto já de primeira, e é uma coisa que eu sentia no fim do Quebrada, mas, que agora vai vir com mais força, é meu entendimento maior sobre minha vivência enquanto travesti, com mais maturidade, abrangendo também outros assuntos, mas, não dá para fugir, para mim, do lugar, de que é uma travesti cantando, de que estou falando de vivências que precisam ser cantadas e que ainda estou vivendo esse lugar, sabe? A cada dia menos sinto esse lugar de ser travesti, diferente do comecinho, que era muito latente ser travesti para mim, mas, ainda sinto muitas coisas por ser travesti, então sinto que é um amadurecimento da pauta, mas, também, um amadurecimento musical, eu sinto que estou mais madura, musicalmente, com o que eu quero tocar. No Quebrada Queer, me sentia mais limitada com o que eu podia fazer e agora estou com uma liberdade criativa muito maior – porque, no Quebrada Queer, eram cinco pessoas fazendo música, mas, agora vai sair algo que eu realmente quero fazer, que eu realmente me identifico, que realmente tem minha cara, 100%.

 

Qual para você é o significado de “Borboleta”? E como ela representa essa jornada que você teve?

 

BoombeatEntão, “Borboleta” representa, para mim, o início de uma nova era, que eu começo com uma mensagem principal dizendo “Será que é um ET que ‘cês’ tão vendo?”, porque é o que parece, às vezes eu tenho essa sensação quando eu saio de casa, as pessoas estão vendo um ET, algo que elas sempre ouviram falar mas nunca viram – e é uma sensação no qual o olhar de muita gente passa uma vibe de “Vocês queriam que eu estivesse me escondendo? Não querem me ver? Qual o problema de eu estar aqui nesse espaço?”, então, eu começo com essa mensagem de que “Não vou me esconder, não, nem fodendo – vocês vão ter que tomar água para engolir a gata”, então, é meio, foi meio despretensioso, mas, eu trago esse lugar de que eu não vou me esconder, de jeito nenhum. Tem dias que até eu quero me esconder, mas, essa música vem para ser um lugar de me forçar, de me transmitir essa mensagem de que eles vão ter que me engolir, é daqui para mais. Tudo que nós, pessoas trans, conseguimos até aqui foi com muito esforço, muita morte, muito sangue envolvido, muita luta – então, eu não vou regredir, a gente não vai regredir. E todo o desprezo de vocês vai virar munição para mim, porque na minha vida sempre foi assim, sempre fiz tudo virar poesia. Então, o que eu faço é muito assim, uma réplica do que eu sou, do que sinto, do que vivo, não só enquanto travesti, mas, também enquanto ser humano que sou – desde pequena sempre fiz tudo virar poesia, até as dificuldades. Essa é uma música que vem para me trazer autoestima e entendimento da minha realidade, vendo a autoestima não na minha aparência, mas, sim, no meu potencial em tudo que eu sou capaz e já fui capaz para chegar até aqui e tudo que posso fazer ainda. Então, coloco todo esse lugar para mim, de dar o início de uma nova era, mostrar que quem chegou não chegou sozinha, não chegou a toa, e essa pessoa tem muito para mostrar.

 

Como foi a experiência de trabalhar com a equipe da BTFLY Coletivo? Como você acha que o vídeo complementa a mensagem de “Borboleta”?

 

BoombeatA experiência de trabalhar com o Ricardo e toda a equipe dele foi gigante para mim, acho que foi o clipe que gravei que mais me senti leve e menos tensa, claro, que toda experiência que tive contribuiu muito, mas, acho que todas as pessoas que estavam naquele espaço contribuíram demais. É um clipe que não tive nenhuma dor de cabeça, foi muito leve, estava muito aberta às ideias do Ricardo, que ele trouxe, e foi um clipe praticamente inteiro roteirizado por ele e eu aceitei porque curti muito – e o que eu não me identificava e eu não sentia que trazia a linguagem que eu queria, ele me escutou, foi uma comunicação de extremo respeito, tanto dele comigo, quanto meu com ele, e me senti muito feliz de ser ouvida, senti que minhas ideias tinham muito peso ali – e toda a equipe foi muito carinhosa, muito entregue, senti que as pessoas estavam ali de verdade, isso fez muita diferença. Foi muito gostoso ter tantas pessoas acreditando no meu trabalho e somando, e fazendo com que a minha arte ficasse maior – não só a minha, porque, quando a gente fala de um clipe, estamos falando de nosso filho, foi muito bacana.

O clipe complementa na música trazendo muitos cortes, gosto muito de clipes com muitos cortes, muita informação e é uma música que, se parar para pensar, em cada verso eu trago uma mensagem, então, esses cortes e o esforço para entender o que está acontecendo ali, também faz parte da música, tem que ouvir algumas vezes para identificar o que estou falando em cada verso e acho que cada cena do clipe também faz isso. É um clipe que traz a dor, que não tem como fugir na minha narrativa, mas, também é um clipe que traz a glória, eu sinto que isso é para o bem da narrativa. Também trago esse lugar da sensualidade, do oculto, que muita gente não quer falar quando falamos de uma travesti, de uma corpa trans. Quando falamos disso, o sexo é um lugar muito velado, isso no país que mais consome a pornografia travesti, e quis trazer isso para o clipe para cada vez mais normalizar, para tirar isso do imaginário, do escondido, porque, ali também estou com meu noivo. Quem for mais ao fundo também vai entender que, ali, é uma travesti sendo amada, mesmo que na música eu remeta a um lugar no qual eles só querem meu corpo sexualizado, escondido, para que suas próprias mulheres cis, esposas, não vejam o cheiro do perfume e a cor do batom quando chegam em casa. Mas, também é um lugar para naturalizar meu corpo, nesse momento que estou com meu noivo, tendo sexo com alguém, não no lugar de prostituição, quem for mais ao fundo vai entender que aquilo são duas pessoas que se amam e as cenas representam uma travesti sendo amada na cama, não no lugar do fetiche. Quem conhece a Boombeat além daquele clipe, vai entender que não é uma encenação de uma travesti sendo sexualizada, mas, sim, uma travesti com alguém que ama o corpo dela, é um clipe que conversa muito com quem eu sou e com a música. Potencializa as narrativas e amplifica a música em termos do que a gente pode discutir e o que a gente pode pensar em termos de ser travesti.


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Fotos @gizonomura

Como foi gravar as cenas com seu noivo e com a Fernanda, que foi a dançarina?

 

BoombeatÉ diferente, porque como tenho muita intimidade, são pessoas que estão no meu convívio diário, principalmente meu noivo – a gente mora juntos, eu não consegui ser tão profissional, eu queria rir. A Fernanda, eu já confiava muito no trabalho dela, ela é bailarina, coreografa, já conhecia o trabalho dela – inclusive, ela vai seguir comigo nos meus shows, que vou trazer balé, ela que vai coreografar, quero introduzir ela nesse momento em que sigo apenas como Boombeat. Foi muito gostoso e prazeroso porque os dois são pessoas leves e fáceis de trabalhar, que estavam ali só para contribuir. Meu noivo também estava ali para contribuir, super entregue, mais entregue do que eu para as cenas de nudez, eles estava mais confortável do que eu, fiquei passada, achei que ele ia ficar travado, mas, não. Então, eles contribuíram muito e foi muito gostoso, porque estava com pessoas que não estavam ali por dinheiro, ou só trabalho, mas estavam ali porque acreditam em mim e a gente se ama até fora desse lugar de arte da Boombeat, amam a Luara também, então foi uma delícia.

 

Como você conseguiu criar uma identidade musical que reflete sua identidade artística?

 

BoombeatAi, é natural, eu não penso, eu escuto essa música e vejo ela como algo diferente de outras músicas que já fiz, não digo uma outra persona, mas, uma outra faceta minha, de coisas que não tinha feito antes. Ao mesmo tempo, lembra de outras coisas que já fiz, o lugar de colocar voz desse jeito me lembra um pouco “Prettygosa”, que já tinha feito antes, mas, acho que essa sonoridade vem de um lugar muito natural, porque criei ela pegando beats da internet e criando em cima, escrevendo, não foi pretensioso, sabe? Eu não crio dessa forma – às vezes sim, por exemplo, como agora estou pensando num álbum, penso numa forma mais pretensiosa de criar as faixas, em termos de narrativa, o que quero falar e gêneros que quero explorar já que fazem parte de mim. Mas, “Borboleta” não deu tempo nem de pensar porque ela veio com uma urgência e teve de ser criada para o clipe, além de ser a primeira música dessa nova era. Pensei muito mais na mensagem, do que na estética, se vai ser pop, se vai ser rap e aí, depois, dela feita, produzida e gravada, começo a entender, “ah, isso ficou mais rap, mas tem uma linguagem muito pop – ah, isso está bem pop, mas, tem um trap ali também”, então, é muito natural. “Borboleta”, em específico, não é uma faixa que pensei no estilo que tinha que ser, acho que, até por isso, ela tem tanto da minha identidade, porque ela foi feita especificamente para mostrar a narrativa de que eu cheguei, do que mostrar que esse é meu estilo musical, sabe? 

 

Como foi sua gravação com Gabriel Henriques, produtor de “Borboleta”?

 

Boombeat Dentro disso, quando fiz a faixa, minha empresária me apresentou o Gab e eu senti, a gente conversando – nesse momento ainda estava pensando em outras pessoas para produzirem a faixa, achei que ia dar certo. E foi uma relação super bacana, o Gab topou super de primeira, abraçou, nunca tinha feito nada com ele, só nos conhecíamos, e foi uma relação, assim como com o Ricardo, de muito respeito e troca ali no estúdio, aprendi muito com ele gravando, muitas dicas de voz e técnicas, foi uma gravação bem extensa, justamente porque foi a primeira gravação que tive com, não a primeira, mas, uma gravação que tive muito mais um direcionamento vocal muito bem trabalhado ali, porque tive algumas dificuldades que foram trabalhadas ali na gravação. E aí, quando o Gab me trouxe a produção, o beat, ele me trouxe uma estética que lembrava os beats da Internet, mas, trazendo uma estética muito mais atual e densa, sabe? Eu sinto que esse beat tem uma densidade e essa narrativa que eu trouxe para a música até tem essa energia, então casa muito mais. Até para eu colocar a minha atitude na voz, eu sinto que foi diferente, o Gabriel contribuiu muito na minha atitude de cantar essa música, também. Muito porque o beat veio para mim com uma pegada um pouco mais densa, obscura, mas, também um pouco mais pop, porque, com as melodias pop – porque tem umas melodias muito pop, cantadas, bem melódicas – trouxe esses dois lados, fica muito gostoso, porque tem esse beat mais denso, mas, algo tipicamente pop, cantado, assim, então fez toda diferença com o Gabriel, nossa música ficou chiquérrima – e vamos produzir muito mais!

 

Qual a importância de “Borboleta”, para você, como artista LGBTQ+? Como você espera que essa música possa impactar a sua comunidade?

 

BoombeatA importância desse lançamento vem muito em um lugar de primeiro passo, né? Porque, sempre tive o Quebrada Queer comigo, então, lançar coisas sozinha sempre era uma outra perspectiva – é importante essa primeira música para mim porque, sinto, que a partir de agora, as pessoas vão olhar a Boombeat de fato, sabe? Porque, antes, eu era olhada como integrante de um grupo, nunca como sozinha, e agora, somente como Boombeat, sinto que vou ser mais levada a sério. E essa música foi feita para… não que as outras não tivessem sido, mas, sinto que agora vou ser levada mais a sério com o meu trabalho, no sentido de que vão olhar mais para a Boombeat, sem associar nada, assim, só a minha música. E é o primeiro trabalho que vou lançar assim nesse contexto, mas, entendendo que é algo grande que vou construir daqui para frente e esse é só o primeiro tijolinho desse castelo, que é muito importante para que o resto continue, é o primeiro passo. E, a importância para a minha comunidade, eu sinto que é isso, mais uma narrativa, entre outras que existem enquanto pessoa travesti, porque tem outras minas fazendo, mas, mostrar que nós somos plurais. Trazendo essa música, é falar de emergências, é fazer reflexões sobre a realidade de corpas trans, travestis, mas, além disso, mostrar a pluralidade de quem nós somos. Cada uma de nós temos muitas coisas para falar, uma vivência pode não cruzar com a outra, trazer pluralidade, reforçar que esse movimento está crescendo cada vez mais, nunca é querer ser a única ou a representante de ninguém, é ser mais uma referência de travesti, onde outras vivências podem combinar com a minha, mas, outras travestis podem não se identificar – e está tudo bem, porque eu não represento nenhuma delas, esse som vem para mostrar a pluralidade de quem nós somos para minha comunidade. E isso vai se refletir fora, vai fazer pessoas fora da comunidade LGBTQIAP+ verem mais uma travesti fazendo, mais um corpo trans ali fazendo arte, fora das expectativas e estereótipos que as pessoas tem sobre o meu corpo.


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Fotos @gizonomura

O que os fãs podem esperar da sua carreira solo daqui para frente? Quais são alguns dos projetos futuros?

 

Boombeat Eles podem esperar algo não tão diferente do que sempre foi, a minha realidade através das minhas músicas, tudo que atravessa meu corpo, ou corpos semelhantes ao meu – isso eu vou estar sempre trazendo, é difícil fugir dessa narrativa, ou versar sobre coisas completamente fora do que eu vivo, por mais legais que elas sejam. E, o que eles podem esperar também? Mais diversidade musical, acho que essa é uma era mais pop, mas sem perder minha base, que é o rap, e o rap em muitas variantes, como o trap, o boombap, tem detroit, vários estilos de rap, trazendo minha identidade através das minhas melodias que eu crio. Vai ser uma extensão e um amadurecimento do que já construí até aqui, mas, acho que com mais força e, acho, que as pessoas vão ter um olhar diferente sobre mim a partir de agora, porque vou trazer uma musicalidade que não vejo ninguém da cena, pelo menos não LGBT fazendo. “Borboleta” é o primeiro single de um álbum que está por vir, essa é a primeira faixa, vou ainda trabalhar alguns singles, mas, ele deve ser lançado ano que vem ali no primeiro semestre, trimestre – com várias participações especiais.

 

Como você vai explorar esses temas de independência e autoconhecimento na sua carreira solo nova?

 

Boombeat Acho que assim, o autoconhecimento vou explorar ele como autoestima, assim, é um álbum no qual quero falar muito sobre autoestima travesti, acho que a gente recebe muitas vezes atravessamentos no nosso corpo que fazem a gente se sentir pequena, de várias maneiras, assim, até mesmo dentro de relações – sejam elas sexo-afetivas, na amizade, no dia a dia, você foi no mercado comprar um pão, que seja – todas as relações, em muitos momentos, nos colocam em um lugar de sub-humanidade, então, tenho que fazer com que a minha arte projete um lugar de força para mim mesma, que eu me enxergue de uma forma gigante, que ser travesti é algo muito além e eu quero cantar isso para me fortalecer disso, que eu acredito, mas, também quero projetar isso em outras pessoas, outras corpas trans e também projetar essa ideia para que as pessoas cis nos olhem de uma maneira que realmente nos valorize, sabe? Então, sinto que esse autoconhecimento vai vir no lugar de autoestima, me olhar com mais carinho e mais valorização. E essa independência, ela vem no lugar de se sentir sozinha muitas das vezes e como lidar com esse se sentir sozinha, e eu venho lidando muito bem com a minha companhia. Mas, acho que essa independência, acho, que está muito mais em um lugar estético visual, agora sem o Quebrada Queer, do que nas minhas narrativa – vou falar sobre independência no lugar de você depender de você mesma? Vou, mas é muito mais sobre o lugar de autovalorização que eu quero trazer nessa nova era, esse novo álbum vai falar muito sobre você se sentir muito foda enquanto pessoa trans, travesti, e isso vai estar muito latente no próximo álbum.

 

Quais são as pessoas com quem você quer colaborar no futuro?

 

Boombeat Meu sonho é a Jorja Smith, mas, focando aqui no Brasil, tenho muita vontade de trabalhar com a Liniker, o Filipe Ret, muito com o Filipe, eu tenho, o Emicida também tenho muita vontade. Com a Bixarte, já trabalhei, mas, faria mais coisas, com a Urias também tenho super vontade, acho que são essas que surgem na minha cabeça. E com a Flora Matos também, mas, não sei se rola.

 

Como você espera que a sua música contribua para o cenário do rap brasileiro?

 

Boombeat Eu sinto que quem me escutar dentro do cenário do rap brasileiro vai entender que enriqueço muito, não só a narrativa que eu trago e a estética, mas, meu todo. Eu sinto que, me olhando e escutando que eu venho fazendo, eu sou única, sabe? E a minha autenticidade tem muito a contribuir com o rap nacional. Porque, com a minha autenticidade, estou enriquecendo as narrativas do rap nacional, trazendo mais opções de aprendizado ao você escutar minha música e de sensações e sentimentos, sinto que, na minha música, o que eu falo e o que eu trago, vai induzir sensações que mais ninguém no rap brasileiro vai conseguir fazer você sentir. Então, sinto que essa é minha contribuição, não só na pluralidade ou na autenticidade da narrativa, mas, também nas sensações únicas que só eu como Boombeat vou fazer as pessoas sentirem, porque meu trabalho ele é único a partir do momento que eu busco a minha verdade, e todos nós temos a nossa verdade dentro da gente, e é isso que faz nossos trabalhos e nossas identidades serem autênticas, quando buscamos a nossa verdade.

 

Como você descreveria o impacto que você quer causar como artista solo? Quais as mensagens que você quer transmitir para seus ouvintes?

 

BoombeatBom, a primeira é sempre fazer as pessoas pensarem, assim, refletirem, não me vejo fazendo música, por mais agitada ou farofa que ela pode ser, pelo menos no meu trabalho solo, eu não quero falar de nada que, por mais que você se divirta, não te faça refletir, sabe? Então, a primeira sensação que eu quero fazer na cabeça das pessoas é fazer elas refletirem. A segunda é causar autoestima, sinto que a minha música vai trazer e já traz, autoestima para corpos marginalizados, então, são esses os dois lugares que sinto que vou mais trazer com minha nova era, meu novo álbum, reflexões, projetar uma nova realidade e autoestima para corpos marginais.

 

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Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.

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