O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, localizado no Parque Ibirapuera, tornou-se o cenário vibrante de um dos festivais mais recentes de celebração à cultura negra: a Boogie Week. Este evento, idealizado pela produtora Boogie Naipe, acontece de 21 a 25 de novembro, proporcionando uma programação diversificada. Destacando-se na última quarta-feira, a mesa “50 anos de Caminhada – Hip Hop como expressão política e social,” realizada no Teatro Ruth de Souza, auditório do MAB, reuniu quatro artistas representando os diferentes elementos dessa manifestação global. Nelson Triunfo, Soberana Ziza, Edi Rock e Cris SNJ compartilharam experiências, revisitaram momentos históricos e discutiram as expectativas para os próximos 50 anos da cultura. A mediação ficou a cargo de Stella Yeshua.
Nelson Triunfo: Pioneirismo no Breaking Brasileiro
Nelson Triunfo, considerado um dos precursores do breaking no Brasil, compartilhou como iniciou sua jornada no Hip Hop. Sua primeira incursão nas ruas ocorreu em 1983, com o grupo Funk & Cia, reunindo os melhores dançarinos da Black Music de São Paulo. Desde então, dedica-se à cultura Hip Hop, que já tem 40 anos de história no Brasil e 50 anos no mundo. Triunfo destaca a importância de compreender que a diferença de 10 anos não representa um atraso, mas sim um processo de construção.
Soberana Ziza: O Papel Vital da Frente Nacional do Hip Hop
Soberana Ziza, multiartista e protagonista da arte de rua brasileira, refletiu sobre seu início na cultura e a importância das mulheres negras nas vertentes do Hip Hop. Destacou também o relevante trabalho da Frente Nacional do Hip Hop, que busca ampliar a participação de mulheres pretas no movimento. Ziza salienta: “Eu tive o apoio fundamental da Frente, que me acolheu e me fortaleceu. Foi nesse espaço que percebi que minha arte ia além de pintar paredes, sendo uma forma de afirmar minha identidade de gênero e combater as desigualdades que as mulheres enfrentam.”
Cris SNJ: Superando Desafios como Rapper Negra
Cris SNJ compartilhou sua vivência como rapper negra no Brasil. Enfrentando o machismo desde a infância, Cris, a 9ª de 11 irmãos, percebeu mudanças positivas no cenário nos últimos anos. Destacou a presença de Aline Torres, uma mulher negra à frente da secretaria municipal de cultura, como um sinal dessas mudanças. Cris enfatiza a importância não apenas de buscar informações, mas de investir em formações dentro do Hip Hop.
Edi Rock: O Hip Hop como Ferramenta Educacional
Edi Rock, integrante do grupo Racionais MC’s, ressalta como o Hip Hop pode ser uma ferramenta educacional para estudantes. Destaca que o caminho para os próximos 50 anos dos elementos do Hip Hop já está sendo pavimentado. “Não tem mais como voltar atrás, não tem como parar, pois seguimos vivos. Enquanto eu estiver aqui, vou continuar lutando,” declara o MC.
Ao final da mesa, o público teve a oportunidade de fazer perguntas aos artistas sobre suas expectativas para o futuro do Hip Hop no Brasil.