A Liga dos Canelas Pretas foi uma instituição que possibilitou a entrada de jogadores negros no futebol Gaúcho, já que a princípio somente brancos jogavam profissionalmente.
A situação socioeconômica da maioria da população negra no Estado era precária. Em Porto Alegre, recém saídos da escravidão, os negros ocupavam os espaços da cidade em piores condições de moradia. Trabalhavam nos empregos que exigiam maior força bruta como vendedores, entregadores, artesãos, mas também em algumas atividades especializadas como costureiros, sapateiros, barbeiros, tipógrafos, e em alguns casos, como funcionários públicos de baixo escalão.
Como aconteceu em todo o país, o “esporte bretão” foi trazido por imigrantes e era praticado, inicialmente, pela elite econômica do Estado. Em Porto Alegre não foi diferente, as agremiações eram formadas por jogadores de origem europeia e com alto poder aquisitivo. Mas, como o esporte tinha regras simples e precisava de poucos apetrechos para a sua prática, rapidamente chamou a atenção das classes mais empobrecidas e passou a ser praticado por elas.
No inicio do Século XX, a liga mais famosa de futebol riograndense tinha resistência enorme em agregar jogadores negros. Alguns clubes eram totalmente contra a inserção desses jogadores em seus elencos e impediam que qualquer atleta negro fizesse parte dos campeonatos organizados pelas ligas oficiais.
Foi nesse ambiente racista que surgiu a “Liga dos Canelas Pretas”, organizando campeonatos com maioria de jogadores negros e com ingressos mais baratos. A população periférica logo comprou a ideia, patrocinavam os times da liga com pagamentos de taxas mensais, ingressos e até organizavam festas e rifas para bancar uniforme e calçados para o time.
Texto – Joel Paviotti