De La Soul no Vivo Rio: uma celebração e reflexão do hip hop

De La Soul no Vivo Rio: uma celebração e reflexão do hip hop
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O histórico duo De La Soul fez um retorno marcante ao palco do Vivo Rio, em 4 de outubro de 2025, reforçando seu legado dentro do rap mundial. Criado no fim dos anos 1980 em Long Island, Nova York, o grupo rapidamente se destacou como um dos pilares do hip hop alternativo, conhecido por suas rimas afiadas, colagens sonoras inventivas e atitude irreverente.

Seu disco de estreia, 3 Feet High and Rising (1989), foi um divisor de águas no gênero — um experimento criativo que mesclou samples inusitados, humor e lirismo inventivo, inaugurando o conceito D.A.I.S.Y. (Da Inner Sound, Y’all) e influenciando toda uma geração de artistas. Ao longo de mais de três décadas de carreira, o grupo lançou obras fundamentais como De La Soul Is Dead e Stakes Is High, consolidando-se como referência global da cultura hip hop.

Essa passagem pelo Brasil — a quinta e a primeira desde 2005 — trouxe Posdnuos e Maseo, os dois membros remanescentes após a perda de Trugoy the Dove em 2023. A turnê também passou por São Paulo e Curitiba, com o show no Rio sendo uma das apresentações mais simbólicas.

Repertório e clássicos revisitados 🎤

No palco, o De La Soul entregou uma verdadeira viagem no tempo, revisitando faixas que moldaram o rap consciente e experimental dos anos 1990. Entre uma música e outra, o público carioca vibrou, ainda que parte da plateia parecesse mais curiosa do que realmente envolvida. Mesmo assim, o carisma dos MCs — que fizeram questão de interagir, brincar e conversar com os fãs — manteve a energia viva até o final.

A presença especial de Talib Kweli elevou o momento, reforçando a conexão entre gerações do hip hop e celebrando a resistência de quem manteve a essência do gênero mesmo após décadas de transformações.

Reflexão e pertencimento 🎧

O show foi mais que uma performance: foi um lembrete de que o hip hop é memória, cultura e identidade.

A dupla entregou um espetáculo fiel ao seu legado, trazendo empolgação ao público ao revisitar o repertório consagrado. O ritmo geral foi leve e festivo, resgatando a atmosfera lúdica que sempre marcou o grupo. Por outro lado, é justo apontar que o Vivo Rio – grande casa de espetáculos no coração do Rio de Janeiro – acabou criando uma barreira natural entre a banda e parte do público mais “raiz” do rap. Nesse sentido, houve quem comentasse que um espaço menor e mais conectado à cena hip hop local teria potencializado ainda mais o show, aproximando o De La Soul de sua base verdadeira de admiradores.

Em síntese, o show no Vivo Rio cumpriu o que prometeu: uma celebração nostálgica da história do hip hop, recheada de hits e bons momentos. Ainda que o engajamento tenha variado em parte da plateia e o formato do evento soasse um tanto “longo” para alguns, foi inegável a satisfação de ver dois ícones vivos do rap americano dividindo o palco com os fãs brasileiros. Ao final, a lembrança foi de uma festa grandiosa e positiva, um culto à cultura do hip hop brasileiro.