Dona Jacira, mãe de Emicida e Fióti,  morre aos 60 anos em SP

Dona Jacira, mãe de Emicida e Fióti, morre aos 60 anos em SP

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🌹 Um nome que virou raiz

Jacira Roque de Oliveira, conhecida nacionalmente como Dona Jacira, faleceu nesta segunda-feira, 28 de julho de 2025, aos 60 anos, em São Paulo. Mãe do rapper Emicida, do produtor e cantor Evandro Fióti, e das filhas Katia e Katiane, ela era mais do que matriarca — era símbolo, era elo, era chão. Lutava contra o lúpus e fazia hemodiálise há mais de duas décadas.

Ainda não se sabe oficialmente a causa da morte, mas sua partida marca profundamente a cultura brasileira.


🎨 Mãe, artista e griô do seu tempo

Dona Jacira era escritora, artista plástica e, principalmente, uma voz viva da ancestralidade preta. Mulher de múltiplos talentos, ela costurava palavras e memórias como quem reencanta o mundo. Ao lado dos filhos, cresceu para o público como uma figura maternal forte, lúcida e poética.

Foi no palco da vida que ela ensinou o que é resistência com beleza.


🌿 Dor, recomeço e criação

Nascida e criada na zona norte de São Paulo, sua vida não foi fácil. Viveu abusos na infância, casou cedo, perdeu o marido, enfrentou o peso da pobreza e criou seus filhos com coragem. Mas foi na maturidade que floresceu como artista e pensadora.

“Fui entender a importância das minhas raízes quando decidi não só sobreviver, mas viver com dignidade”, disse ela em uma de suas falas mais lembradas.


✊🏾 De musa dos filhos a referência nacional

Se Emicida cantava sobre o mundo, foi com Dona Jacira que ele aprendeu a lê-lo. Sua presença constante nas turnês, nas entrevistas e nos bastidores era sempre de alguém que sabia muito antes de dizer.

Ela mesma dizia:

“Eu não sou só mãe do Emicida. Sou filha do tempo, do barro e da palavra.”


💬 Uma presença que permanece

Dona Jacira deixa um legado que transcende laços familiares. Deixa livros, quadros, palestras, entrevistas, participações em filmes e documentários — mas, principalmente, deixa sementes. Em quem ouviu, em quem aprendeu, em quem viu nela um espelho de força e sensibilidade.


Por que isso interessa?

Porque a morte de Dona Jacira não é apenas uma perda familiar. É uma ruptura simbólica na história recente da cultura brasileira. Em tempos de desumanização, ela representava o afeto, a oralidade, o cuidado e a ancestralidade negra com potência e doçura. Sua trajetória inspira novas gerações de artistas, pensadores e mães periféricas a acreditarem na transformação possível — mesmo quando tudo diz o contrário.