Trocamos uma ideia com o Cabal sobre os 20 anos de Senhorita, sua carreira, gravadora e seu futuro na música

Trocamos uma ideia com o Cabal sobre os 20 anos de Senhorita, sua carreira, gravadora e seu futuro na música

C4BAL

Cabal, nome artístico de Daniel Korn, é um rapper e compositor brasileiro. Fez parte do grupo “Motirô” que contava com Lino Krizz e DJ Hum, ficou conhecido pela canção “Senhorita“, ringtone de platina com mais de 100 mil downloads vendidos e também por em 2006 fazer participação na canção “Vida Marvada” de Chitãozinho e Xororó.

Cabal passou alguns anos da sua infância no EUA e lá teve contato direto com o hip-hop e suas vertentes, fazendo com que voltasse pro Brasil cheio de referência e amor pela parada. Sua carreira iniciou em 2003 e desde lá o rapper vem recebendo prêmios e polêmicas, iremos abordar algumas delas aqui.

Logo após o sucesso de “Senhorita”, Cabal foi indicado a prêmio revelação no Mutishow, ganhou prêmio Hutuz (Maior prêmio de hip-hop da época) e ainda ganhou um Grammy na participação de “Vida Marvada” com Chitãozinho e Xororó.

Se eu for apontar tudo que o Cabal fez aqui, vou ficar até amanhã escrevendo, meu lado fã na adolescência fez eu ter contato com ele já naquela epoca e agora, 12 anos depois, estamos aqui batendo um papo reto de frente a frente.

As fotos da capa e matéria são da talentosa Pam Martins.

Joãozinho CW Beats 

 

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RapGol Magazine: Salve Cabal, obrigado por conversa conosco, tudo bem?

Cabal: Salve Rapgol, satisfação é toda minha.

RapGol Magazine: Eu gosto de começar sempre pelo “começo”, me diz, como surgiu a ideia de Senhorita e por que logo com o DJ Hum e Lino Krizz?

Cabal: A ideia de “Senhorita” surgiu da vontade de fazer uma música que homenageasse as mulheres, que as mulheres pudessem dançar, curtir, em uma época, sei lá, 20 anos atrás, não existia dentro do rap no Brasil essa vertente, um som para as meninas dançarem, tipo, até tinha, mas ainda tinha uma resistência da cena de modo geral, voltado pro rap de protesto, mensagem. Como eu já tinha essa influência do rap norte americano, eu vi os caras fazendo isso lá, eu pensava, isso tem que ter aqui no Brasil também. E o DJ Hum era minha maior referência assim, ele tocava numa festa chamada “Brancaleone”, que inclusive foi onde conheci toda essa galera do SP Funk, RZO, Sabotage, era o lugar que todos os artistas, não só do rap, mas da música negra, de São Paulo e Brasil todo se encontravam. E todos os sons era a galera dançando, curtindo, se divertindo e quase não tinha nacional, tinha Da Guedes, alguns sons que a galera curtia, mas era muito mais rap gringo e eu estava naquela fase de querer fazer freestyle, de querer rimar e eu ficava enchendo o saco do DJ Hum na festa para pegar o microfone, ele falava que não era assim, então eu enchia mais ainda pedindo beat para ele, até que ele mandou e calhou de ser o de Senhorita, escrevi e o resto é história.

RapGol Magazine: Lembro na infância Senhorita tocar demais nas rádios e nos CD´s piratas da época, deu para ganhar algum dinheiro legal ou os tempos eram totalmente outro?

Cabal: Não da para comparar com a grana que rola hoje, mas sim, deu para ganhar uma grana na época, fazer um pé de meia.

 

https://www.youtube.com/watch?v=2hnAMfFPEjU

RapGOL Magazine: Se Senhorita tivesse estourado nessa década de 2020 para frente, você acha que vocês teriam 20 vezes mais destaque e dinheiro do que aquela época?

Cabal: Eu fico pensando, se Senhorita fosse agora, recente, se fosse pegar o sucesso daquela época e jogasse nos sucessos de hoje, era capaz de ter um bilhão de views, porque foi algo além do rap, era todas as rádios, a gente foi no Faustão, a música mais tocada no ano e etc.

RapGol Magazine: Esse ano Senhorita faz 20 anos e você tem comentado nas suas redes sociais que vai rolar algum projeto especial dessa música que marcou tanta gente. Você pode adiantar alguma coisinha pra gente?

Cabal: A ideia é fazer um remake, trazer essa magia dessa música, época, para os dias de hoje, estamos escolhendo produtores, artistas, com muito carinho, estamos segurando para o segundo semestre, só não da pra adiantar muita coisa porque ainda estamos escolhendo e planejando, mas posso adiantar que vai ser algo bem especial.

RapGol Magazine: Seu disco “Prova Cabal” teve participações e produtores muito renomados pra época e do gênero. Você realmente queria provar algo para o próprio rap nacional?

Cabal: Eu queria e acho que esse foi um erro que eu cometi, no sentindo de querer provar pros outros que eu era um MC de verdade, que eu fazia parte da cena. Foi um lance que eu vejo como uma insegurança minha, preocupação com hater e etc. Mas por outro lado tem esse lance que você comentou dos produtores, MR Bomba, Zé Gonzales, DJ Nuts e DJ Cia, foi exigência minha. Os caras da Universal não queriam de jeito nenhum, mas eu bati o pé e trouxe quem eu realmente curtia e cresci ouvindo. E eu lembro que até a grana que os produtores receberam por esse trabalho, foi algo em torno de 20 a 30 vezes a mais que o dinheiro que rolava da época. Eu sempre tive essa preocupação de fazer a roda girar, de trazer essa grana e dividir entre os meus.

 

 

 

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https://www.youtube.com/watch?v=y8g_492SkmE

RapGol Magazine: Após estrondo sucesso, o mais difícil é se manter no topo. O que você acha que faltou pra ter feito escolhas melhores na sua carreira e o conselho que você dá pra essa molecada jovem que se envolve já com drogas, status e tudo que tem de ruim na noite muito cedo…

Cabal: Com certeza, o primeiro conselho é o da resposta de cima, nunca queira se provar pra ninguém, procure buscar originalidade, hoje parece que é tudo igual, eu sinto falta hoje de ter coisas únicas. E as armadilhas da fama, é bem complicado, tem que ter cabeça boa, pé no chão, vem certos convites, eu vejo que eu fiquei num certo momento deslumbrado pela fama e tomei decisões que não foram boas pra mim e vejo hoje que posso ser uma figura pra molecada, de mostrar, que você tem que cuidar da sua mente e ao mesmo tempo saber que mesmo caindo, você consegue levantar, eu consegui e você também pode. E esse conselho é pra tanto pra quem está começando, como quem já está nesse corre há muito tempo.

RapGol Magazine: Sua gravadora PROHIPHOP se tornou um dos selos que todos rappers queriam estar, principalmente a galera nova que aparecia na cena. Você acha que se fosse na era das plataformas digitais você teria feito ainda mais história com as músicas que saíram pela sua gravadora?

Cabal: Provavelmente, o que acho legal que era o único selo na época que tinha pessoas de todos lugares do Brasil, Sul, Norte, interior e todo esse conceito de coletivo. A gente trouxe adesivos, correntes, camisetas, eu sempre busquei da oportunidade pra novos artistas, era uma parada muito de relação, de ter uma coletividade. E a PROHIPHOP continua na ativa, pretendemos revelar novos artistas, lançar novos artistas, em breve faremos uma seletiva com mcs, bboys, grafiteiros e djs, como uma forma de retribuir a carreira hip-hop, o que ela deu pra mim.

RapGol Magazine: Nós somos um site que além de rap, abordamos bastante futebol e você é fanático pelo Palmeiras. Quais as expectativas esse ano?

Cabal: A expectativa é continuar ganhando título, vê uma rapaziada aí ficar no cheirinho.

https://www.youtube.com/watch?v=0Z3_z6N3Mg0

RapGol Magazine: Você sempre fez música para o Palmeiras ou pra torcida, recentemente rolou a faixa junto com o Ademir da Guia, como foi a experiência de gravar com o maior ídolo do seu time?

Cabal: Isso foi muito legal e essa é uma história que eu gosto de contar, que mostra como é importante você acreditar, seja lá no que for. Resumindo, o Palmeiras me procurou pra fazer uma música sobre a arrancada heroica, que é um lance de 1942, quando o Palestra Itália virou Palmeiras. Quando eles procuraram a gente, foi quando o Palmeiras perdeu pro São Paulo o primeiro jogo do Paulistão e só ia ao ar se o Palmeiras fosse campeão. Tinha que fazer a letra, gravar, escolher beat, clipe e deixar tudo pronto, entregar e ainda assim correr o risco de saí, mesmo assim eu acreditei, convenci o Terra Preta e no fim deu tudo certo, Palmeiras goleou o São Paulo, Palmeiras campeão e tem o lance do Ademir da Guia, completando 80 anos, falou que o sonho dele era gravar uma música e que senhor humilde, alto astral, sorridente, uma lição de vida, foi tudo mágico estar com ele e ter feito parte disso.

RapGol Magazine: O que o Abel Ferreira significa pro torcedor Palmeirense?

Cabal: Eu não conseguia imaginar alguém que fosse maior que o Felipão ou Luxemburgo, incrível o que esse cara trouxe de títulos e essa mentalidade, o elenco, o Abel se tornou o maior de todos, em menos de 3 anos de clube.

RapGol Magazine: E seu lado empresário, como se encontra hoje em dia. Você ainda pretende investir em alguém num futuro próximo ou essa possibilidade está “morta” por enquanto?

Cabal: Ano retrasado, tentei investir em artistas que já tinham sucesso, tinham nome, agora eu estou mais focado em revelar novos artistas, que não tenham nomes ainda. Queremos fazer eventos, batalhas, para revelar novos artistas e abrir um concurso, fazer uma curadoria que comentamos mais cedo. Eu quero muito ajudar, inclusive mulheres e hoje acho que é a melhor maneira que vejo de contribuir com essa cultura.

https://www.youtube.com/watch?v=t7V0k-Zjgtk

RapGol Magazine: Faço a pergunta acima, porque vimos a PRO se reestruturar e do nada, vimos o pessoal abandonar o barco. Gostaria de contar sua versão?

Cabal: Eu acho que o que rolou, foi um momento que eu estava estruturando a gravadora e a equipe, eram bastante gente, eu sou grato a cada um e não deu certo. E eu acho que a culpa nem foi minha, da PROHIPHOP e nem dos artistas, acredito que não era o momento. O que posso dizer que da nossa parte tudo foi feito com muito carinho, que a gente deu todas oportunidades e tudo que eles precisavam pra fazer o trabalho deles e por causa de uma bagunça, entre equipes, artistas, gravadora de maneira geral, a relação acabou ficando ruim em determinado momento, porém eu sou muito grato a eles, eles me ajudaram e eu acho que ajudei eles.

RapGol Magazine: Certo, sem mais polêmicas, vamos pra um bate papo rápido. O que o Cabal de 20 anos atrás falaria pro Cabal de hoje?

Cabal: Caramba, que louco! Porque nesse momento eu estou escrevendo uma carta pro cabal de 20 anos atrás e essa pergunta é ao contrário. Acho que é Parabéns, por você ter conseguido, superado, todas adversidades,  ter quebrado ciclos familiares, eu fiquei bem perdido em relação a drogas, a depressão e minha mãe faleceu desse mesmo ciclo que eu sinto que consegui quebrar, com certeza o Cabal de 20 anos atrás falaria parabéns e obrigado, obrigado por ter resgatado a gente e hoje ter a maturidade de estar conseguindo manter a mente sã e ser referencia paras pessoas que estão passando pelo mesmo problema.

RapGol Magazine: 3 Livros que você recomenda

Cabal: Pega a visão, do Rick Chester, O Caibalion, sobre alquimia e Arte da Guerra.

RapGol Magazine: 3 Discos que você recomenda

Cabal: Sobrevivendo no Inferno, The Blueprint e Chronic 2001

RapGol Magazine: Palmeiras de 1999 ou de 2020?

Cabal: 2020

RapGol Magazine: Felipão ou Abel Ferreira?

Cabal: Abel Ferreira

RapGol Magazine: Acho que é isso Cabal, obrigado por conversar conosco. Da um salve pra galera que vai ver isso aqui.

Cabal: Valeu RAPGOL, valeu Joãozinho, Valeu B. Dog, desde 2000 e sempre. Me acompanhe nas redes sociais que vem muitas novidades por aí.

Joaozin

Jornalista, fotógrafo, amante do rap nacional e fã nato do Baianinho de Mauá.

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