O Twitter está permitindo que algumas das maiores estrelas da Copa do Mundo sejam alvo de insultos racistas vis e parece não ter intenção de removê-los.
Pesquisadores descobriram que tweets racistas direcionados a fenômenos do futebol como Marcus Rashford, Gabriel Jesus, Richarlison e Bukayo Saka foram autorizados a permanecer na plataforma, apesar de terem sido denunciados no Twitter há quase uma semana. As contas que os publicaram não foram suspensas ou sancionadas.
Em vez de ser um descuido da parte do Twitter, deixar os tuítes racistas no ar parece fazer parte da nova política de Elon Musk sobre moderação de conteúdo: em vez de eliminá-los, o Twitter agora simplesmente varrerá para debaixo do tapete.
“A nova política do Twitter é liberdade de expressão, mas não liberdade de alcance”, tuitou Musk apenas 24 horas antes do início da Copa do Mundo. “Tweets negativos/de ódio serão maximizados e desmonetizados, portanto, nenhum anúncio ou outra receita para o Twitter.”
Musk não definiu o que considera “negativo” ou “odioso”, mas acrescentou que os usuários “não encontrarão o tweet a menos que você o procure especificamente, o que não é diferente do resto da Internet”.
Exceto que pesquisadores do Center for Countering Digital Hate (CCDH), uma organização sem fins lucrativos britânica que destaca a disseminação do discurso de ódio em plataformas de tecnologia, conseguiram encontrar 100 tweets direcionando o abuso racial a dezenas de jogadores de futebol negros que jogam na Copa do Mundo.
Havia tweets usando a palavra N, tweets com emojis de macaco ou banana, tweets dizendo aos jogadores para “voltar para” outros países e tweets zombando do uso do inglês pelos jogadores.
Embora muitos desses tweets tenham sido postados nos últimos dias e semanas, antes da Copa do Mundo, alguns foram autorizados a apodrecer na plataforma por meses, indicando que o problema do Twitter com abuso racista não começou com a aquisição de Musk.
Os tuítes foram identificados e reportados ao Twitter na última quarta-feira. A CCDH disse a VICE News que não viu um aumento significativo de abuso racista no Twitter desde a identificação das postagens racistas iniciais, mas confirmou que, até o momento, apenas um dos tweets foi deletado.
A Copa do Mundo é um dos eventos globais que mais geram engajamento no Twitter, tanto que o site ficou fora do ar por um período durante a Copa do Mundo de 2010 . Com o início da Copa do Mundo de 2022 no Qatar, o Twitter nunca esteve menos preparado para lidar com os picos maciços de tráfego que vê em resposta a gols, cartões vermelhos e decisões de impedimento.
Musk estava no comando há apenas três semanas quando o torneio começou e, durante esse período, por meio de demissões em massa e demissões forçadas, reduziu a força de trabalho do Twitter de cerca de 7.500 para apenas 2.700 .
Ele também dizimou o número de pessoas que trabalhavam como terceirizadas para o Twitter, muitas das quais trabalhavam na moderação de conteúdo, removendo discursos de ódio e calúnias racistas.
Nos dias depois de fazer essas mudanças, Musk prometeu que o “forte compromisso do Twitter com a moderação de conteúdo permanece absolutamente inalterado”, alegando em um ponto que o discurso de ódio caiu “abaixo de nossas normas anteriores”.
No entanto, essa alegação foi rapidamente desmascarada: a análise do CCDH descobriu que o discurso de ódio aumentou significativamente nos dias seguintes à aquisição de Musk. Tweets e retweets mencionando a palavra com N apareceram no triplo da média de 2022, enquanto aqueles com calúnias anti-trans aumentaram mais de 50%.
Os ataques racistas abertos a jogadores ingleses como Sancho, Rashford e Saka são particularmente perturbadores, dados os ataques racistas vis que eles enfrentaram no Twitter após a derrota na final do Campeonato Europeu há dois anos, quando todos os três jogadores perderam pênaltis na final.
Na época, o Twitter afirmou que “o abominável abuso racista dirigido aos jogadores da Inglaterra não tem absolutamente lugar” em sua plataforma, embora com base na nova política anunciada por Musk na semana passada, haja um lugar para abuso racista na plataforma.
“Os racistas procuram enviar uma mensagem de que, se até os heróis nacionais podem ser atacados impunemente, o resto de nós também não está seguro”, disse Imran Ahmed, CEO do Center for Countering Digital Hate. “Nossa pesquisa prova que o Twitter de Elon Musk não é mais adequado para o propósito e precisa ser controlado.”
Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.
