FBC Conversa Com a Rapgol Magazine: “Falei Tudo Que Meu Coração Tá Cheio”

FBC Conversa Com a Rapgol Magazine: “Falei Tudo Que Meu Coração Tá Cheio”

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A nossa matéria de capa deste domingo é com o rapper FBC. Expoente no rap de Minas Gerais e com uma longa caminhada, o cria das Batalhas de Rima e ex integrante da DV Tribo, conta com três discos e dois EP nas ruas.

FBC conversou conosco sobre seus últimos projetos, falou sobre este momento de pandemia que estamos vivendo, expressou gratidão pela família que tem, conversou sobre parcerias, mercado fonográfico e muito mais.

RAPGOL MAGAZINE – Como você analisa a sua evolução após os três discos?


FBCÉ são três discos e dois EP.  Eu ainda não consegui atingir a musicalidade que eu queria, mas estou caminhando porque sempre busquei atingir a brasilidade.
Então estou no caminho.  Vendo pelo “Outro rolê” e o single “De Kenner”, chego nos ritmos que têm total relevância para nós.

RAPGOL MAGAZINE – A parceria com a Isa Sabino com o álbum “Best Duo” foi muito bem aceita pelo público, podemos esperar mais trabalhos em parceria com ela?


FBC Sim, pode esperar cara! Este trabalho foi aceito pelo público em partes. Uns ainda me crucificam, outros reconhecem, mas a grande maioria ignora! Tá ligado?!!  Ignoram o trampo que fiz com ela! E ficam falando ai! “Ah ninguém dá moral para as minas, ninguém fortalece o trampo das minas”, eu fiz um disco com a mina, quem já fez isto?
Quem já juntou um rapper com uma mina e fez um disco? Eu fui o primeiro! Tá ligado? Nós fomos os primeiros! Depois veio Mac Julia x Pejota, não sei se teremos outros, mas é isso aí! A gente está fazendo aqui em BH, graças a Deus! A gente só precisa da gente. Isa Sabino é uma parceira e quero fazer muitas outras músicas com ela, mas tem estas coisas aí que não são nada demais, bobagens!

RAPGOL MAGAZINE –  Seu mais recente álbum veio em meio a pandemia, como você tem lidado com a ansiedade de ainda não ter sentido a resposta ao vivo deste novo projeto?


FBC Então eu lancei dois trampos na pandemia “Best Duo” e “Outro Rolê”, Cara! Acredito que se não fosse esta pandemia, minhas músicas já teriam tido um alcance mais relevante.
Acredito que músicas como a “De Kenner”, alcançam e se propagam de uma forma mais fácil pelos shows e pelos eventos, tá ligado?!! Mas é isso, vamos ficar em casa, vamos se cuidar.
Eu to no morro, tentando me cuidar, cuidar da minha família! Nós é foda! Não tem como a mesma régua de medir aqui no morro e ir medir o boy na Savassi, no asfalto. Vamos vivendo!

RAPGOL MAGAZINE – Muitos rappers estão buscando outras fontes de renda além dos streaming, o que você tem feito neste período de pausa dos shows?


FBC Eu tentei fazer live jogando Freefire, mas meu setup não é tão bom! Hoje a galera já entra monstro com computador de 10 mil, eu jogo Free Fire tá ligado?! Eu poderia ter um setup maravilhoso ou terminar de construir minha casa, preferi terminar de construir minha casa. O que tem me sustentado dentro da pandemia são meus streamings. Graças a deus meus streamings me  sustentam já fazem alguns anos.

RAPGOL MAGAZINE – Você se mostra bem versátil nas rimas, a que você atribui esta habilidade de transitar em vários estilos?


FBC Eu acho que foi mais pelo lance de ser sempre eclético nas músicas, de ter novos ritmos e novas roupagens. Eu não me prendo e acho que a música não deve ser isto, ficar preso há algo específico.
Música é algo que acontece e também esta coisa de misturar os timbres, e sons, a música sempre foi assim. As notas se encontrando entre os povos, as histórias se contando entre os povos. Eu sempre vou atrás do novo e esta é a minha característica. Ir atrás daquilo que ninguém está escutando no momento, o que se mantém ali para poucos estudiosos e pesquisadores da música.

RAPGOL MAGAZINE – O que mudou na sua vida após os últimos lançamentos?


FBCA música “De kenner” me fez atingir outro público, outros lugares fora do rap. Eu pesquiso aqui e vejo que está sendo ouvida por uma geração antiga, uma geração passada, sabe.
Uma geração passada, aquela do ano 2000 sabe. O ritmo da música ajuda muito, observei que as crianças gostaram.  Esta foi uma música que mudou a minha concepção de público, minha concepção de entrega de trabalho.
E eu acredito que hoje as pessoas esperam isso. “Será que ele vem com samba, com rap, com pagode?” ,  mas sempre buscando a brasilidade.

RAPGOL MAGAZINE – Quem acompanha suas movimentações nas redes sociais observa que você sempre divulga quem está começando na cena rap. Quais são os seus destaques neste 2021?


FBCEu acho que não faço o suficiente, quando a pessoa vem me mostrar o som dela com sangue nos olhos e acreditando, eu dou valor! O único conselho que eu dou para a pessoa que está fazendo música é que ela acredite no próprio som.
Porque quem ouve quer ouvir a verdade e as pessoas querendo ou não só ouvem música que tocam. O Brasil é isto caloroso, o Brasil é isso música quente, as pessoas dançam juntas, se divertem juntas, tá ligado?!
Eu fico horas no instagram ou no twitter olhando estas coisas novas e falo, gente vocês querem que eu divulgue? É só me marcar! Eu divulgo e acho que é o mínimo que posso fazer.

RAPGOL MAGAZINE – Família para você é?

FBCEsta foi uma boa pergunta! Família para mim é Michele, Samuel  e Yasmin. Esta é a  minha família, minha esposa e meus filhos! Graças a Deus sou um dos homens mais felizes na terra por conta disto.

RAPGOL MAGAZINE – Sabemos que você é um torcedor fanático do Galo. Qual foi o momento mais marcante na sua vida de torcedor?

FBC O momento  marcante na minha vida de torcedor foi quando cantei antes do jogo do Galo no Mineirão, mas falo pra você o mais marcante como torcedor foi quando o Vitor catou aquele penalti pela Libertadores. Eu nem estava em casa.
Era aniversário do meu filho Samuel e eu tinha feito um show e uma amiga da família nos convidou para ver o jogo. Naquele momento do pênalti eu ajoelhei, fechei os olhos e pedi pra Deus. “Faz o Vitor pegar esse penalti”.  

 Alguns rappers já entenderam que o Marketing digital tem uma grande influência no mercado fonográfico. Você mesmo já viralizou na internet com uma ação de divulgação.


RAPGOL MAGAZINEVocê acredita que hoje o mercado foca mais no hype do que no talento ou é questão de trabalhar melhor o marketing de divulgação?

FBCO mercado foca no que as pessoas irão comprar, as pessoas compram a imagem de perfeição. Uma coisa que elas querem ser, tá ligado?! Tipo me mostrar algum artista que figura
Entre os 10 que seja uma pessoa não padrão, falo uma pessoa que seja gorda, trans, me mostra aí. O mercado trabalha com o padrão de beleza estabelecido.


Ah, podem falar: “mas Fabrício e as pessoas negras?” Mano! o padrão de beleza não é questão de cor é a mulher sem magra, ter bumbum grande, peito grande é isto que a indústria mostra e é isto que gringo compra em grande escala no Brasil.


Agora quando um artista se volta para o outro lado, você vê que não tem a mesma visibilidade de um artista que mostra o peito a bunda tem muito mais alcance. Posso estar cometendo um erro aqui, mas é uma visão que tenho do mercado, uma visão que tenho do jogo.


Há um padrão de beleza estabelecido, há um nicho, um eixo onde as coisas acontecem. São vários fatores que fazem a pessoa vender ou não, salvo exceções. Porque o resultado vem quando se trabalha tá ligado? A gente vê ai varias produtoras que não são do eixo do país, que não são de Rio ou São Paulo se destacando, ganhando mercado e muitas vezes figurando como primeiro dos charts, mas o que é isto? Trabalho, estrutura, pré produção, pós produção. O trabalho não termina após o lançamento da  música.


O trabalho apenas começa, entendeu. Então quem tem mais dinheiro, mais estrutura, quem vem com o padrão, vai se destacar! É cruel? é. É terrível? É também! Mas vivendo no capitalismo é assim em vários lugares.


Isto é uma coisa que tentamos mudar dentro do nosso nicho, no rap, no hip-hop, tentando exaltar sempre a humanidade das pessoas e muitas vezes vemos que está faltando polimento. Porque ser humano é acolher o outro.


Como o rap sempre veio com este viés mais “humanista” e é o que nos acolhe, o que nos faz bem. Só pra chegar no mercadão lá pra disputar com grandes nomes ainda é complicado.  Peço perdão se falhei em falar sobre alguma minoria, quem achou minha fala desnecessária ou obtusa, pode chegar e conversar.

RAPGOL MAGAZINE – Podemos esperar alguma novidade para a segunda metade de 2021?

FBCEstou preparando um álbum diferente, a coisa mais diferente que eu já fiz. Espero que todos estejam ansiosos. Desculpa eu ter demorado para entregar as perguntas, mas eu amo vocês, acompanho vocês.
Acho importante as mídias especializadas que colocam a cara no corre, que falam o que acham e isto é necessário. Muito obrigado por tudo.