Fino conversa com a Rapgol Magazine sobre sua carreira, vivência e o seu mais recente single “Bola de Ouro”
fino
Fino tem a malícia de quem nasceu com o dom para o futebol, mas se encontrou na música. Cria do Complexo do Alemão, foi através da produção musical que ele encontrou o Rap e sua vida mudou depois disto. Hábil não só com a bola nos pés, ele desenvolveu seu próprio jeito de rimar e vem trabalhando da melhor forma.
O cantor, que se destaca pela ousadia e versatilidade do rap carioca, iniciou sua carreira solo com a faixa “Mea Culpa”, produzida por Palito e com participação do rapper Leonício, que alcançou o Top 10 na playlist editorial “Rima Avançada” do Spotify. Com mais de 50 mil streamings atingidos.
Em seu mais recente single “Bola de Ouro”, que chega recheado de referências ligadas ao futebol, Fino mostra que:” apesar dos desafios, ainda é possível prosperar e mudar o jogo das nossas vidas.” Foi com esta determinação que o rapper sentou e trocou uma ideia com os nossos jornalistas Roger Morais e CRIAA nesta nova edição da Rapgol Magazine. As fotos que ilustram esta matéria são do talentoso Baraúna, confira:
https://www.youtube.com/watch?v=5NuLOVavwHE
Rapgol Magazine – Ficamos muito felizes em podermos parar para esta conversa, tendo em vista a nossa amizade. Conta para quem ainda não conhece quem é o Fino, de onde ele é cria e o que busca nessa vida?
FINO – Também fico muito feliz e agradeço o espaço! O Fino é uma cara tranquilo, apaixonado pelo Hip Hop, apaixonado pelo futebol, que cresceu no Complexo do Alemão, mais precisamente no loteamento da Brasília, e que hoje busca nessa vida viver do que ama, tentando sempre entender o mundo ao meu redor.
Rapgol Magazine – Quando foi que você se tocou de que a música é o seu caminho e quando foi que você soltou ao público o seu primeiro trabalho?
FINO – Ouvindo “Bola de Ouro” vocês podem notar que, na verdade, meu sonho era ser jogador de futebol, e quando eu me dou conta de que esse sonho seria impossível para mim, fiquei um tempo sem saber muito bem o que fazer, e só me encontrei com a música de fato em 2015, quando comecei a fazer beats. Em 2016 nasceu o Faixa de Gaza e a gente já tava tocando nas rodas culturais, mas o primeiro trabalho de estúdio veio ao público só em 2017, o single “A Rua”.
https://www.youtube.com/watch?v=tf-QEfgm2EM
Rapgol Magazine – Quais são as suas maiores referências musicais e o que mais escutava quando era moleque?
FINO – Essa pergunta é difícil, vai ficar alguém de fora com certeza, mas artistas como Tim Maia, Djavan, Cazuza, Chorão, todos grandes letristas que me inspiram muito. Dentro do Rap com certeza o Mano Brown, Jay-Z, Eminem, a lista é enorme.
E quando moleque escutei muito funk, lembro de bem criança escutar muito Claudinho e Buchecha, e depois um pouco mais velho muito funk proibidão, na rua tocava muito MC Smith, Mc Orelha, esses caras dominavam. O Rap me ganhou mais velho.
Rapgol Magazine – Quais que você poderia apontar como os principais obstáculos e desafios na sua carreira de artista independente?
FINO – Com certeza o principal obstáculo hoje é o dinheiro. Hoje você encontra muitos artistas independentes talentosos, com produção e equipe igualmente talentosos, se estruturando e fazendo trabalhos incríveis com orçamento pequeno, às vezes sem orçamento, então imagina o que poderíamos fazer com um investimento real? Por conta da necessidade, da competitividade no mercado, o artista independente tá cada vez mais capacitado, jogando nas onze.
Rapgol Magazine – Assim como nós da RAPGOL Magazine, você também costuma interligar a música com o universo do futebol. O que serve de inspiração para você nessas horas, especialmente no seu processo de composição?
FINO – O futebol é um universo cheio de termos, cheio de gírias próprias, com estilo, com ginga, e tudo isso já é um prato cheio para nós compositores misturarmos com a nossa vivência, certo? Mas acho que o principal ponto para mim é a identificação com os jogadores, as histórias de superação dentro do esporte, isso gera uma relação de proximidade única, a pessoa enxerga no seu ídolo alguma semelhança, e isso faz com que ela continue acreditando ser possível para ela também.
Rapgol Magazine – Como você vê essa síntese entre a cultura do Rap e a do futebol aqui no Brasil, especialmente para esses meninos e meninas que vivem nas favelas e periferias?
FINO – Eu vejo como algo que aconteceria uma hora ou outra por serem duas culturas jovens. O futebol sempre foi forte no Brasil, mas o Rap não. Na medida em que o Rap ganhou seu espaço, acho natural que aconteça essa síntese principalmente dentro das favelas e periferias, porque são duas forças enormes dentro desses espaços.
Rapgol Magazine – Qual o seu time de coração e por quê?
FINO – Flamengo, muito por conta do meu pai, né? Aquela coisa de você seguir os passos e tal, mas depois a identificação com o clube veio também, pela história, pelos ídolos, pela torcida e hoje fico feliz de poder assistir uma geração vitoriosa do clube.
Rapgol Magazine – Quais são os seus atletas favoritos?
FINO – Recentemente um atleta que eu sou muito fã é o Cristiano Ronaldo, por toda essa mística do cara determinado que supera o talentoso. O Ronaldo Fenômeno também é um cara que eu admiro muito pelo talento, pelo que representa, pela história de superação com as lesões, o cara é foda demais!
https://www.youtube.com/watch?v=5NuLOVavwHE
Rapgol Magazine – E quais são as suas camisas de time prediletas?
FINO – A do Arsenal na época do Henry, a do Milan na época do Kaka e a camisa azul do penta. Pra montar um top 3 sem ordem.
Rapgol Magazine – Qual momento do futebol que jamais vai sair da sua memória?
FINO – Memória positiva, eu acho que a virada do Flamengo em cima do Santos, com Neymar e Ronaldinho jogando muito, nunca vou esquecer esse jogo e de memória negativa, acho que o 7×1 pra Alemanha vai ser difícil de esquecer também, infelizmente.
Rapgol Magazine – Qual seria a escalação dos sonhos do seu time?
FINO – Vou falar dos que vi jogar.
Buffon, Daniel Alves, Sergio Ramos, Maldini e Roberto Carlos. Zidane, Xavi e Ronaldinho. Messi, Cristiano Ronaldo e Ronaldo.
Todos no auge, treinados pelo Luxemburgo. Brincadeira.
Rapgol Magazine – Você acaba de lançar o videoclipe do single “Bola de Ouro”, que conta com o instrumental de D’Moraes e Palito. Qual a grande mensagem deste novo trabalho e quanto tempo durou o processo de criação da faixa?
FINO – A grande mensagem de Bola de Ouro é que você ainda tem tempo de mudar esse jogo chamado vida, e que só você vai poder fazer isso. Um sonho não realizado não quer dizer que acabou tudo, você precisa se manter focado e encontrar novos caminhos.
O processo de criação da faixa foi de 2 anos, porque, na verdade os primeiros versos de “Bola de Ouro” e de “Contra Ataque” do Vitin, seriam uma composição pro Faixa de Gaza que acabou não acontecendo.
Rapgol Magazine – Estamos saindo de um período de uma pandemia que assolou a nossa sociedade nos últimos anos. Como foi pra você lidar com os trabalhos e projetos em meio a um período tão turbulento?
FINO – Foi complicado porque antes da pandemia eu pensava em projetos como integrante de um grupo com mais 3 MCs, e durante a pandemia isso mudou, eu passei pelo processo de me entender como um artista solo, de entender as novas waves que chegaram, então esse período foi um recomeço. Até lançamos o “Mea Culpa” ano passado, mas posso dizer que voltei a produzir mesmo no início de 2022.
Rapgol Magazine – Quais artistas você considera atualmente grandes destaques, e por quê?
FINO – A N.I.N.A. com certeza é um dos grandes destaques desse ano, por tudo que ela conquistou fazendo um trabalho independente, eu acho impressionante! Também o Major RD, que já tinha se destacado muito ano passado, e acho que nesse consolidou de vez seu nome como um dos grandes.
Rapgol Magazine – Se você pudesse escolher uma pessoa para um próximo feat, quem seria?
FINO – Cara, difícil demais essa pergunta… acho que eu ficaria entre BK ou Rashid, são caras que eu admiro muito como compositor e que tem alguma semelhança com aquilo que eu acredito.
Rapgol Magazine – Observamos uma crescente tanto no Drill quanto no Grime. Como você vê a migração de artistas que até então eram do Trap, por exemplo, e que agora estão se arriscando nessas sonoridades?
FINO – Eu acho bom, o Trap também passou por isso quando ainda tava crescendo, vejo como algo natural para qualquer gênero, sabe? Se tem um espaço ali, às pessoas vão disputar ele. Podemos discutir legitimidade e tal, mas acho que no geral é bom pro crescimento.
Rapgol Magazine – Já possui planos para este primeiro semestre de 2023? Se tem, poderia nos adiantar alguma coisa?
FINO – Já, sim, o plano pro primeiro semestre é entregar mais singles e consolidar nosso nome na cena, vai ter algumas participações também, mas o que posso adiantar é que teremos um remix de Bola de Ouro com versos do Vitin e do Baga.
Rapgol Magazine – Gostaríamos de agradecer mais uma vez pela sua participação. Gostaria de deixar alguma mensagem para quem nos acompanhou até aqui?
FINO – Eu que agradeço a RAPGOL pelo espaço, pelo carinho e pelo convite! A quem nos acompanhou até aqui, espero que tenha curtido essa troca de ideia, vai la conferir o videoclipe de “Bola de Ouro” e por fim, quero desejar um ótimo final de ano a todos!
Escute agora – fino – “Bola de ouro”
Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.