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FotoBeco Festival: o primeiro festival de fotografia 100% dentro de uma favela chega à Monte Azul

por CRIAA · 15 de outubro de 2025

📸 A favela vira galeria: nasce um marco histórico para a fotografia brasileira

Em outubro de 2025, São Paulo verá algo inédito: um festival de fotografia realizado 100% dentro de uma favela.
O FotoBeco Festival acontece nos dias 18 e 19 de outubro, com exposições estendidas até 26 de outubro, ocupando vielas e becos da Favela Monte Azul, na Zona Sul da cidade.

Toda a programação será gratuita.

Mais do que um evento, é uma reviravolta simbólica no eixo geográfico da arte, levando a fotografia para onde ela quase nunca é legitimada: o território periférico.


🌱 Tudo começou com uma ideia simples em um escadão

O festival nasceu da Galeria Sérgio Silva, criada em 2023 pelos fotógrafos Léu Britto e Rogério Vieira, moradores da Monte Azul.

O plano inicial era modesto: expor uma foto a cada dois meses no escadão da quebrada.

Em março de 2024, o coletivo DiCampana inaugurou a primeira mostra. O espaço explodiu em significado e virou um polo de resistência e beleza na periferia.

“Pra mim, beco é encruzilhada, destino final. É ali que o trabalho se exalta e beija os pés da comunidade,”
— Léu Britto


✅ Do escadão ao festival: o poder do reconhecimento

O projeto ganhou força ao ser aprovado no edital PNAB Nº 19/2024 – Projetos Culturais das Periferias, do Governo do Estado de SP. Esse apoio permitiu transformar a galeria de rua em um festival de escala nacional.

“Sem o edital, não seria possível. É descentralizar e recalcular a rota da arte fotográfica na cidade,”
— Léu


🌍 Realizar o festival na Monte Azul é um ato político

Para Rogério Vieira, ocupar a favela é uma afirmação de igualdade e potencial profissional:

“Recebemos pessoas de várias regiões de São Paulo, e tudo isso na entrada de uma favela. É mostrar que trocamos de igual. É quebrar paradigmas. Favelados também são profissionais da fotografia.”

A periferia não é cenário.
É centro de produção, pensamento e linguagem visual.


🖼️ Programação plural e viva

A estreia do FotoBeco traz:

  • Exposições a céu aberto
  • Projeções noturnas
  • Oficinas formativas
  • Mesas de debate
  • Mostras de portfólios com cachê para os selecionados
  • Artistas iniciantes e consagrados lado a lado
  • Contato direto com moradores e visitantes

Arte para ver, ouvir, conversar, sentir e transformar.


🧠 Seleção com curadoria diversa

As chamadas abertas atraíram artistas de todo o país.
A comissão de curadoria reúne nomes como:

  • Ana da Cunha
  • Antonia Nayane
  • Dani Sandrini
  • Laíza Ferreira
  • Além de Léu Britto e Rogério Vieira

Múltiplos olhares, várias trajetórias, uma mesma missão: construir uma fotografia plural e periférica de qualidade.


🔥 FotoBeco é convite e manifesto

“Que o público venha com o coração e a mente aberta para ver fotografias de qualidade, para além do Instagram. Ame essa arte — pela beleza ou pela denúncia das dores,”
— Léu

Não é só um festival.
É uma afirmação:

📌 A periferia não é objeto da fotografia.
📌 A periferia é autora da fotografia.
📌 A arte não precisa pedir licença ao centro.
📌 A arte nasce onde a vida pulsa.


🎯 O que o FotoBeco representa?

  • Descentralização da arte
  • Profissionalização de artistas periféricos
  • Ocupação do território com cultura
  • Reconhecimento institucional (edital PNAB)
  • Acesso gratuito e democrático
  • Conexão entre moradores, artistas e público externo
  • Fotografia como linguagem de beleza e denúncia

O FotoBeco não está apenas “levando arte para a favela”.
Ele está redefinindo onde a arte pode existir.


🏁 E no fim das contas…

Monte Azul vira museu vivo.
O beco vira vitrine.
A favela vira referência.
E a fotografia volta a ser aquilo que sempre foi:
ferramenta de memória, identidade e resistência.

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