Maciços cordões de ouro ou banhados a ouro, eram anteriormente chamados popularmente de “cordão de bicheiro”, termo que com o passar do tempo e a maior exibição na mídia entrou em desuso.
Do Jogo do Bicho, passando pelo, futebol, pagode, funk, os mais altos crias das comunidades, rap e chegando até o trap, existe uma subcultura no mundo das joias muito forte que envolve cordões, braceletes e anéis. No texto decorrer desta matéria, falaremos como esta espetacular subcultura tem uma força enorme no Rio de Janeiro.
Hoje você consegue observar o seu cantor preferido, por exemplo, exibindo um belo exemplar em um videoclipe ou foto no Instagram e está tudo bem! Mas este gesto não é novidade e a história carrega muitos momentos iguais, acompanhe.
Sinônimo de status e riqueza já exibido no Século XIV.
O Rei Africano Mansa Musa, adorava mostrar sua riqueza através das joias, principalmente itens feitos de ouro. Segundo matéria publicada na revista Super Interessante, ele é considerado o homem mais rico de todos os tempos e governou o Império Mali por 25 anos.
A revista Forbes Money classificou as pessoas mais ricas de todos os tempos em uma lista. E em segundo lugar estava Augusto, imperador e fundador do Império Romano. Nessa época, o Império Romano possuía de 25% a 30% do PIB Mundial. E Mansa Musa estava acima disso. Ainda segundo a revista Forbes Money, ele foi mais rico do que qualquer pessoa possa descrever.
A fortuna de Mansa Musa vinha da quantidade de ouro disponível no território Mali e economistas afirmam passar dos trilhões de dólares.
O primeiro contato do Rap com as joias
No mundo moderno muitos costumes se mantiveram e a relação com os cordões, braceletes e anéis de ouro foi uma delas.
Nos anos 80, nos EUA, Dapper Dan foi um dos responsáveis, ele recriava à sua maneira peças de grandes maisons. A busca pelo luxo mostrava-se ser um ponto-chave que estava emergindo na Cultura Hip Hop e criava sua própria identidade através da moda.
A pobreza e violência nos bairros do Bronx e Brooklyn, berços do Hip Hop, eram combustíveis de motivação para a busca por melhores condições de vida. Para contrastar com esse cenário e como forma de afirmação social, rappers como Slick Rick, Run DMC, LL Cool J, Erick B, Rakim e outros, passaram a utilizar diversos artigos de grifes incluindo: casacos, jaquetas, tênis e claro cordões de ouro.
Os cordões que inicialmente eram finos de ouro ou prata ganharam novas dimensões, mostrando uma ideia de poder e riqueza que tanto se buscava. Era o “sonho americano” se materializando.
Nas décadas seguintes 90’s, 00’s, 10’s a música rap tornou-se a preferida e a mais tocada nas rádios das grandes cidades dos EUA e claro que lá também estavam os cordões e anéis. Vale destaque que em meados da década de 00’s as peças passaram a ter pedras preciosas e receberam carinhosamente o apelido de “bling bling” e logo em seguida passaram a ser chamadas de “Ice”. Dois joalheiros foram destaques neste período nos EUA, o russo radicado nos EUA, Jacob Arabo e o vietnamita Johnny Dang fizeram fortuna vendendo suas peças para rappers e celebridades.
O Rio de Janeiro e sua particularidade
O Rio de Janeiro foi a capital do Brasil de 1763 a 1960, quando o governo transferiu-se para Brasília, mas sua influência sobre a cultura do Brasil, principalmente nas subculturas musicais e de estilo continuou muito forte.
Na subcultura das joias de grife não poderia ser diferente, como dito no início desta matéria, do Jogo do Bicho ao trap, é grande o “culto” aos cordões, braceletes e anéis. E como aconteceu no Bronx e Brooklyn, EUA, na década de 80, a afirmação social está ligada aos artigos de grifes.
Em 2015 o ex jogador Adriano Imperador, carinhosamente chamado por todos nós como Didico, mostrou o seu cordão que simbolizava um local de muita importância na sua vida, a Basílica Santuário de Nossa Senhora da Penha de França, mais conhecida com igreja da Penha, localizada no bairro da Penha, zona norte do Rio de Janeiro e onde também fica localizada a Vila Cruzeiro, comunidade em que Adriano cresceu. Pela geografia do bairro, é quase impossível não avistar a igreja.
No Funk, no Rap e no Trap
Os versos “Tão invejando meu cordão, mó pingentão. Mas se quiser ter um, liga pro Fabinho” foram cantados pelo Orochi na música Balão. A faixa já ultrapassou os 174 milhões de views no Youtube.
Muitos outros artistas do Funk, Rap e Trap cariocas estão entre os que também gostam dos cordões e anéis de ouro. Nos videoclipes e redes sociais é possível observarmos a beleza e singularidade de cada peça. Muitas delas carregando um significado único seja para expressar gratidão, fé ou lembrar de onde são crias.
Os cordões dos crias
O último Censo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizado em 2010, apontou que Rio de Janeiro é a cidade com maior número de pessoas morando em favelas, com 1.393.314 habitantes (22% da população total), o que significa que a cada 100 mil cariocas, 22.160 estão em favelas. 12 anos depois ainda não tivemos uma nova pesquisa, mas é claro que com toda a desigualdade social que assolou o país nos últimos 6 anos, os números sem dúvida aumentaram.
Com números tão grandes como estes, de fato que as comunidades teriam o seu próprio estilo e toda a beleza da subcultura dos cordões, braceletes e anéis de ouro.
Procurando na internet é fácil encontrar diversos cordões dos crias das comunidades. Feitas sob encomenda por ourives especializados, cada peça apresenta sua singularidade e beleza.
Em sua grande maioria carregam um sentimento de poder, religião, família e apreço pelo lugar onde cresceu, habita ou foi criado.
Braceletes e anéis recebem destaques especiais
Os braceletes e anéis, também, conhecidos como dedeiras, possuem formatos únicos, feitos detalhadamente para cada cliente.
Muitas destas joias exóticas recebem detalhes mais do que especiais e sem dúvida fazem sucesso na subcultura e com os verdadeiros apreciadores deste estilo. As fotos foram retiradas de diversas fontes incluindo: Facebook, Twitter, Google e Instagram.
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