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Futebol Brasileiro: o talento segue valendo ouro, mas o jogo comercial ainda é amador

por CRIAA · 9 de outubro de 2025

⚽ O talento é mundial. O modelo, nem tanto.

Por mais que o Brasil siga exportando craques e formadores de talento, o futebol nacional ainda joga o campeonato errado — o comercial.
Seguimos presos a uma estrutura antiga e frágil, sustentada quase exclusivamente por direitos de transmissão e venda de jogadores. Enquanto isso, a Europa transformou seus clubes em máquinas de gerar receita previsível e valor de marca global.

Os dados mais recentes escancaram o abismo.


💶 Europa: marca forte, receita previsível

De acordo com o Deloitte Football Money League 2024, os 20 clubes mais ricos do mundo faturaram, em média, € 560 milhões por temporada.
O diferencial não está no valor absoluto, mas em como essa receita é construída:

  • 💼 44% vêm de receitas comerciais (patrocínios, licenciamento e ativações);
  • 📺 38% de direitos de transmissão;
  • 🎟️ 18% de matchday (bilheteria, hospitalidade, exploração do estádio).

Nos dez maiores clubes, o componente comercial sobe para 48%, enquanto a dependência da TV cai para 34%.
Além disso, as cinco principais ligas europeias movimentaram € 9,4 bilhões em direitos de transmissão só na temporada 2023/24.

Mas o ponto-chave é outro:

💡 Na Europa, a venda de atletas é bônus. No Brasil, é o plano A.


🇧🇷 Brasil: dependência estrutural e falta de visão

Segundo o relatório Finanças dos 20 Maiores Clubes Brasileiros (2024), o retrato é alarmante:

  • 👥 Sócio-torcedor = 11% da receita total;
  • 🎟️ Bilheteria e estádios = 10%;
  • 💸 Venda de jogadores = 20%.

Em boa parte dos clubes, mais de 50% das receitas vêm de TV e transferências — fontes voláteis e imprevisíveis.
Um único ano ruim em negociações ou com queda nas cotas de TV é suficiente para derrubar orçamentos inteiros.
Mesmo com um faturamento combinado de R$ 9,9 bilhões, a maioria segue com margens apertadas e alto risco financeiro.


📊 O contraste em uma frase

“Na Europa, o marketing é o motor do negócio.
No Brasil, ainda é o adesivo na camisa.”

Enquanto clubes europeus constroem marcas globais e ecossistemas de entretenimento, o Brasil continua limitado a um modelo reativo e de curto prazo.
Por aqui, o estádio ainda é “campo de jogo”, não um ativo multifuncional. O patrocínio ainda é “logo na camisa”, não propriedade de marca.


🔁 O ciclo vicioso

Esse modelo mantém o país preso a uma lógica de sobrevivência:

  • Revelamos talentos cedo demais;
  • Vendemos para equilibrar as contas;
  • Perdemos relevância internacional;
  • Voltamos ao ponto de partida.

Enquanto isso, a Europa capitaliza com dados de torcedores, experiências exclusivas, lojas próprias, conteúdo premium e licenciamento global — tudo o que transforma o torcedor em cliente fiel e o clube em negócio sustentável.


🚨 O alerta é claro: a mudança é urgente

Romper com o modelo atual não é luxo, é sobrevivência.
O futebol brasileiro precisa de:

  • Estruturas comerciais modernas e profissionalizadas;
  • Estratégias de branding e exploração de marca;
  • Estádios autossuficientes e multifuncionais;
  • Parcerias e licenciamentos que projetem o clube além das fronteiras.

O talento segue sendo nossa mina de ouro, mas está na hora de aprender a refinar o ouro dentro de casa.
O mundo já transformou futebol em indústria — o Brasil ainda trata como promessa.

📚 FAQ — Futebol Brasileiro e o Jogo Comercial

1️⃣ Por que o futebol brasileiro é tão dependente da TV e da venda de jogadores?
Porque historicamente os clubes estruturaram suas finanças em torno dessas receitas variáveis, sem criar fontes comerciais sólidas.

2️⃣ Como os clubes europeus conseguem ter receitas tão altas?
Eles exploram marketing, licenciamento, estádios multifuncionais, programas de sócio e experiências exclusivas para os fãs.

3️⃣ O que significa “receita previsível” no futebol?
É quando o clube tem fontes fixas e recorrentes de renda — como patrocínios de longo prazo, bilheteria constante e produtos oficiais.

4️⃣ O que o Brasil precisa fazer para mudar isso?
Profissionalizar a gestão, investir em branding, criar estruturas comerciais modernas e transformar o torcedor em cliente ativo.

5️⃣ A venda de jogadores é um problema?
Não — o problema é depender dela. A venda deve ser um bônus, não a base de sustentação do clube.

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