Gabriel O Pensador processa Shopee e Mercado Livre por uso ilegal de música

Gabriel O Pensador processa Shopee e Mercado Livre por uso ilegal de música
Gostou? Compartilhe

📢 “ATÉ QUANDO?” VIROU PROCESSO

O rapper Gabriel O Pensador entrou na Justiça contra Mercado Livre, Shopee e outras sete lojas virtuais por uso indevido da canção “Até Quando” em camisetas, quadros e produtos decorativos. Lançada em 1993, a música se tornou símbolo do rap brasileiro de protesto — e agora está no centro de uma disputa que levanta um alerta importante no e-commerce.

O problema vai além do uso comercial: é também sobre o desvirtuamento da mensagem artística, quando obras de protesto viram estampa descontextualizada. Especialistas alertam que, mesmo sem decisão judicial prévia, plataformas podem ser responsabilizadas se lucrarem com conteúdo ilegal ou não agirem após serem notificadas.


⚖️ DIREITO AUTORAL É COISA SÉRIA

Segundo a Lei de Direitos Autorais, é proibido reproduzir obras sem autorização, salvo exceções específicas. No caso de Gabriel, os advogados apontam violação de três pilares legais: o direito à integridade da obra, o reconhecimento da autoria e a proibição de uso comercial sem aval do autor. A música, nesse caso, virou produto — sem permissão, sem contexto e sem retorno para o criador.

A decisão recente do STF reforça esse entendimento: plataformas digitais podem ser responsabilizadas diretamente, sem necessidade de ordem judicial, se não moderarem conteúdos ilegais ou permitirem a venda de itens que ferem direitos autorais. É uma mudança de postura que promete impactar profundamente o modelo dos marketplaces.


🧠 MÚSICA NÃO É SÓ NEGÓCIO — É IDENTIDADE

Como explicou a advogada Victória Dias, usar uma música como “Até Quando” fora de contexto fere não apenas o bolso, mas a mensagem, o discurso e a identidade do artista. Gabriel O Pensador, conhecido pela lírica crítica e engajada, vê sua obra usada em objetos que não respeitam a carga política da canção — e isso configura violação moral e intelectual.

A discussão, portanto, vai além do jurídico: é sobre o limite entre cultura e consumo. Quando uma arte feita para provocar reflexão é transformada em estampa vendida sem critério, o risco é deslegitimar a própria força simbólica do rap, do protesto e da autoria.


Por que isso interessa?

Porque vivemos em uma era em que tudo vira produto — até mesmo a indignação. O caso de Gabriel O Pensador mostra que o direito à mensagem artística precisa ser respeitado, e que o e-commerce não pode operar sem responsabilidade. A decisão do STF inaugura um novo tempo para quem vende (e compra) online: o lucro não pode passar por cima da autoria.

A música é documento, é resistência, é história. E o artista, seja do rap ou de qualquer outra linguagem, tem o direito de controlar como sua obra será usada, reproduzida e interpretada. Afinal: até quando?