Não é raro que a história do futebol seja pontuada por momentos inesquecíveis, e um desses episódios ocorreu há exatos 29 anos, em 25 de janeiro de 1995, quando o astro francês Éric Cantona protagonizou uma cena que ficaria eternamente gravada na memória dos fãs do esporte.
Cantona, já consagrado no Manchester United, havia conquistado cinco títulos da Premier League na década de 1990, e seu nome estava entrelaçado à história do clube. Contudo, foi em um confronto contra o Crystal Palace, no estádio do adversário em Londres, que o jogador escreveu um capítulo controverso de sua carreira.
O jogo estava tenso, marcado por uma atmosfera hostil vinda das arquibancadas, onde torcedores do Crystal Palace direcionavam xingamentos e palavras ofensivas aos jogadores do Manchester United. Em um momento de grande tensão, Cantona foi expulso após uma entrada agressiva, e ao deixar o campo, ouviu insultos xenófobos de um torcedor identificado como Matthew Simmons.
A ofensa foi o estopim para a reação impulsiva e polêmica do francês. Simmons, ligado a partidos de extrema-direita, era conhecido por suas posições xenófobas e agressivas. Em 1992, já havia sido condenado por agredir um imigrante nascido no Sri-Lanka. O histórico do torcedor colocou a situação em uma perspectiva diferente, e a voadora de Cantona passou a ser vista por muitos como uma resposta a um agressor com ligações extremistas.
Em entrevista à BBC em 2011, Cantona relembrou o incidente, classificando-o como um erro, mas enfatizando que a atitude foi motivada pela indignação diante das ofensas xenófobas. O jogador foi alvo de ação disciplinar do próprio time e da liga inglesa, sendo até processado criminalmente. A pena inicial de duas semanas de prisão foi convertida em 120 horas de trabalho comunitário, que ele cumpriu treinando crianças.
Com o passar do tempo, a atitude de Cantona foi reavaliada, considerando o histórico do torcedor agressor. O episódio destacou a questão do racismo e da xenofobia no futebol e na sociedade, tornando-se um marco na carreira do jogador e uma reflexão sobre a necessidade de combater tais comportamentos nos estádios.
