A artista curitibana JAQUELIVRE acaba de lançar seu primeiro álbum completo, Amores Líquidos — uma obra conceitual que mistura rap, poesia, sensualidade e crítica social para mergulhar nos afetos contemporâneos. Com referências diretas ao sociólogo Zygmunt Bauman e sua teoria da “liquidez”, o disco propõe uma escuta atenta sobre como nos conectamos, desejamos e amamos em tempos marcados pela instabilidade e transformação.
O projeto traz oito faixas, cada uma batizada com o nome de um líquido — como “Cachaça”, “Café com Leite”, “Chá” e “Vinho Tinto”. Essas escolhas não são casuais: o líquido aqui é metáfora para os sentimentos que escorrem, transbordam, evaporam. Um retrato sensorial e simbólico das relações em uma sociedade onde tudo parece ser temporário.
Antes do álbum, JAQUELIVRE lançou o single Vida Líquida, em parceria com a Violinista Chavosa. A faixa funciona como um prólogo do disco, abordando as dimensões sociais, políticas e culturais da liquidez: desigualdade, precariedade, hiperindividualismo. Já em Amores Líquidos, o olhar se volta para os vínculos afetivos — e como eles se sustentam (ou não) nesse cenário.
A faixa de abertura, Vinho Tinto, é um R&B com toques de rap e atmosfera noturna. Fala de prazer, autonomia e encontros intensos que não precisam de promessas, apenas presença. Um convite para viver o amor de forma mais sincera e consciente.
Com participações especiais como Tom Camelo na faixa Coquetel e MC Chagas em Chá, o álbum se abre a diferentes perspectivas e vivências, conectando mundos como o rap, o funk e a militância periférica. A produção musical, assinada por Paola Spena, Letrô e Sampley, passeia entre boom bap, trap, drill, jersey club e poesia falada, espelhando a estética plural e politizada da artista.
JAQUELIVRE vem consolidando seu nome na cena independente de Curitiba ao unir música, performance, poesia e engajamento social. Com Amores Líquidos, ela entrega um trabalho íntimo e coletivo, dançante e reflexivo. Um álbum que não oferece respostas prontas, mas provoca perguntas essenciais: como amar sem se perder? Como se conectar sem se endurecer? Confira o trabalho abaixo.
Fotos: @olhaosframes
Arte de capa e contracapa @leticia.mancebo.atelie
Jornalista, fotógrafo, amante do rap nacional e fã nato do Baianinho de Mauá.
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