Jr. Negão é o “Pai do Corre”; conversamos sobre vivência, Ghetto Run Crew, Adidas, camisas de times e muito mais

Jr. Negão é o “Pai do Corre”; conversamos sobre vivência, Ghetto Run Crew, Adidas, camisas de times e muito mais

Jr. Negão

” o pai do corre “

Autor – CRIAA

Jr. Negão é pesquisador,da ZN Carioca, expert em agregar valor para as Ruas levando marcas e projetos importantes para a periferia carioca.

Fundador do Ghetto Run Crew, uma contraculturas no universo da Corrida, que se tornou notória Internacionalmente, sendo reconhecido como um Movimento da cultura da Corrida de Rua e Movimento periférico especializado em conectar pessoas através do esporte, da arte e cultura; mapeando as cidades com ocupações positivas para o cenário da Rua, respeitando cada subcultura e suas personalidades, ele que já esteve nas revistas GQ, Runner World, Haper’s Bazaar, entre outras, em 2021 fez parte do livro “On the Run – Running across the globe” da editora alemã Gestalten.

Através do Ghetto popularizou a gíria e significado do “Corre”, o fato de correr a noite, e de Preto, signos importantes para a Crew. Tem em sua historia o patrocínio das maiores marcas
esportivas do mundo Nike e adidas.

Fazedor, criativo, conector, mentor, comunicador e influenciador participou de imersões, co criações e talks para a Redley, Oi Futuro, Oi Conexidade, Nike, Gatorade, Heineken, Adidas,
etc.

Junior Negão está entre os principais conectores da Cultura Urbana do Eixo Rio-SP e atualmente faz parte do time de patrocinados da adidas.

ywAAAAAAQABAAACAUwAOw==

“Fazedor, criativo, conector, mentor, comunicador e influenciador ”

ywAAAAAAQABAAACAUwAOw==

Em uma semana agitada e cheia de lançamentos, Jr. Negão esteve envolvido em dois projetos que podemos considera-los divisores de águas.

Local Legacy – A adidas Originals celebra seu legado na cultura urbana e no basquete brasileiro com o projeto  que que homenageia o legado do Basquete Cruzada, um dos templos do esporte no Rio de Janeiro.

“Ter um discurso ácido e ser chamado pra poder expressar minha percepção da Rua num tênis, é muito loco….”

 

 

“é o corre e a correria”

4DFWD –  O Projeto “A Cultura do Pisante em 4 Dimensões” aproximou o tênis das Ruas através de 5 ações subsequentes baseadas na Cultura do Hip Hop e das Ruas: Arte, Música, Corre, Moda e Território foram os pontos, seguindo a assinatura do Ghetto Run Crew em seus Projetos.

O ATAQfatcap com curadoria e direção criativa do Júnior Negão foi executado em dois locais icônicos para a Cultura de Rua.

Dois painéis na área da Arte Visual Pública a partir do olhar e técnicas do Graffiti, Pixação e Pixo.

Rio de Janeiro no Bairro de Pilares, na Av Suburbana: Kajaman que é cria da Vila Operária e Basic que é cria de São Gonçalo, fizeram um mural de 120 metros quadrados.

São Paulo, em Itaquera, na Radial Leste: Cripta Djan , cria de Osasco e Kueio que é cria da ZN SP,  fizeram um painel de 140
metros quadrados.

Sobre as escolhas dos locais, Jr. Negão  fala sobre:

“Os dois locais escolhidos fazem parte de periferias, mantendo nosso Corre de construir, transformar e integrar essas áreas no circuito das Artes Visuais publicas, não só pelo valor artistico mas também histórico, mantendo a finalidade de utilizar a Arte/Graffiti/Pixação como elemento transformador e revitalizador das áreas, consequentemente provocando a visitação e senso de pertencimento, mostrando à população a possibilidade de reflexão, normatização, protagonismo, equidade, representatividade e visibilidade de potências de minorias periféricas. “ Conclui ele.

E foi com esta mentalidade de respeito  e transformação e que conversamos com o Jr. Negão sobre diversos assuntos interessantes e você pode conferir a seguir:

“…respeitar e transformar são
pontos vitais para o desenvolvimento pessoal”

ywAAAAAAQABAAACAUwAOw==

Primeiramente obrigado por conversar conosco. Logo de cara gostaríamos de saber: Quem é o Jr. Negão?


 Meu nome é Ademir Angelo da Cruz Junior, mas a escolha sociopolítica por Junior Negão me parece mais maneira. Tenho 40 anos e sou mais um sobrevivente e reagente; preto do morro do Andaraí, nascido na década de 80.

Pra estar vivo abracei o papo de todos os cabeça branca que tive a oportunidade de ouvir, respeitei, sempre mantive a palavra reta sem fazer curva e contei com a sorte, ser preto no Rio de Janeiro não é algo fácil.

Sou fruto positivo de Railda Maria que viveu pra me ensinar sobre amor e integridade. Fazedor, vendedor, produtor e filósofo da Rua; fora isso, sou
essas profissões de nomes elitistas e com uma carreira internacional.

 Hoje em dia as pessoas falam muito em vivência. Quem acompanha de perto a sua correria, está ligado!
Conta aqui para os leitores da Rapgol Magazine: De onde você é cria e quando você começou unir o esporte ao corre das ruas?


Sou cria da Zona Norte Rio, do Morro do Andaraí, me mudei pra Abolição onde moro até hoje.

O esporte entra na minha vida cedo, minha mãe me criou solteira, naquela realidade que todo mundo sabe sobre pretos moradores de morros e favelas do RJ; então uma saída era me levar pro esporte. Desde pequeno jogava bola, depois ela começou a me trazer revistas de surfe e um dia tinha na capa o Marcelo Pedro (um bodyboarder brabo da época) no Havaí, quis praticar e me envolvi com o Bodyboarding como parte do estilo de vida e como contribuinte escrevendo matérias sobre o esporte.

O skate era mais difícil pq era uma prática mais tensa, o bagulho era quase crime, mas eu tinha como ref o Mr Break, que me levava pra ver uns VHS loco na casa dele então tava sempre conectado de alguma forma com a Cultura.

Já a corrida tava ali, sempre, mas ao mesmo tempo ser corredor me mostrava algo tão elitista e tosco que eu nunca me vi como tal. Um dia percebi que antes da corrida, tem a vontade inerente de movimentar o corpo por vários motivos, principalmente a galera da periferia.

Rotinas que envolvem soltar pipa, correr atrás do ônibus que num pára no ponto, futebol jogado em ladeiras dos morrão, correria atrás do trem naquele momento de atraso, nossa vida é correr, malandragem!

Então nasce um movimento independente do mercado e dos entendedores do esporte, uma pauta que realmente faz sentido pra quem vem da periferia: a tropa do Corre, com a missão de colaborar com nosso senso de pertencimento de quem somos e onde vivemos.

Por que para ser atleta tem que ser corredor da Lagoa Rodrigo de Freitas e ter um corpo escravo do padrão? Por que a pixação não é arte se o graffiti é? Por que as minas não podem ser mais rápidas e melhores que os homens? Por que quem mora na periferia não pode correr no seu bairro? Por que tem que se usar um tênis de mil reais para se dizer atleta?

Surgiram pautas e mais pautas e fomos colocando dedos nas feridas; e para aquilo que não tinha resposta, nós escrevemos na Ruas cada uma delas.

“Somos um Movimento que tem a missão de questionar o lugar dos símbolos, personalidades e
representatividades dentro da Cultura de Rua “

 O que é o Ghetto Run Crew, como funciona?

Somos um Movimento que tem a missão de questionar o lugar dos símbolos, personalidades e representatividades dentro da Cultura de Rua (Cultura Urbana é um equívoco; urbana é a cidade, com favela, bairros, prédios, trens… a Cultura é o resultado de um conjunto de percepções e personalidades que respiram esses ares, a Cultura é da Rua).

Indiscutivelmente também somos uma ferramenta importante a favor do Hip Hop e Economia Criativa, temos nossa forma de nos comportar, dialeto próprio, estilo próprio, gestão inteligente para adquirir recursos pra tropa, o que faz de nós uma contracultura importante para a história e o desenvolvimento; nosso posicionamento no que diz respeito em discutir o lugar de fala e o poder decisório de periféricos e periféricas dentro do mercado nos torna uma ponte de possibilidades positivas.

E o mais importante, acreditamos que se cuidarmos um dos outros, seremos fortes o bastante para olhar o futuro com mais esperança, todo mundo é bem-vindo no Ghetto Run Crew, basta entender que respeitar e transformar são pontos vitais para o desenvolvimento pessoal.

Em uma outra oportunidade, pudemos presenciar o GRC rompendo barreiras internacionais e tornando-se referência em outros países.

Como é para você saber que o projeto chegou tão longe?

Porra é ducarai! À medida que íamos crescendo em notoriedade surgiram convites para viajar por aí, mas queríamos que antes, o mundo visse a ZN Rio de uma outra forma, bem diferente de como estampam nos jornais e novelas.

Nunca fomos na Polônia, Alemanha, Tóquio, Nova Iorque, Congo, Suíça, mas todos esses lugares já vieram aqui e levaram o Movimento Ghetto Run Crew pelo globo. Um grupo de periferiques totalmente fora da curva, com reconhecimento internacional, é muito importante para contribuir com a luta de tantos em mostrar que o subúrbio é muito mais do que contam por aí.

E essa jornada que nos levou através do globo colaborou para que tivéssemos outros olhares, outras formas de realizar nossos sonhos. E assim chegamos em Londres para receber a responsabilidade de sermos a Crew mais importante do mundo pelo criador da Cultura de Running Crew, Charlie Dark. Esse barato é muito loco meu parcero!

Neste mundo altamente globalizado e interligado, muitas marcas buscam apoiar projetos autênticos e que agregam valor. A gigante mundial adidas tem estado lado a lado com o GRC, como surgiu esta parceria?

Cara foi loco, saímos de uma marca que não acreditávamos mais, com casos de racismo, machismo, homofobia… Fizemos uma reunião e anunciei que não nos associaríamos mais à marcas.

Quando o mercado soube (não me pergunte como, nós não fizemos notícia pra engajar a rede contando que estávamos fora da marca) começou uma loucura de ligações para nos associarmos e uma delas foi a adidas. Meu parceiro Fe Medeiros puxou um bonde que veio seguido de BK, Akira Presidente, Marcelo D2, Sain e uma dezena de pessoas falando que deveríamos ir pra adidas.

Aí entra a Gi, mais uma vez, sendo a pessoa decisiva e dessa vez ela tava acompanhada da Marina (na figura da adidas) e depois de 9 meses de papo me fizeram crer que a adidas tava vindo para construir algo realmente relevante.Acho muito foda ver que cada vez mais nós pretos e pretas estamos na música, na arte, no entretenimento, na informação, mas ainda precisamos nos assentar nos nossos lugares de direito em processos decisórios.

E assim se fez, estamos indo pro terceiro ano com a marca, um início promissor que se torna um futuro duvidoso com a chegada de um novo mundo a partir do COVID-19. Mesmo com tudo isso, fizemos coisas históricas para a Cultura de Rua, pro Esporte e pra Economia Criativa (e vem mais por aí!).

Local Legacy

Por falar em parcerias, esta semana tivemos o lançamento não só de um, mas de dois projetos que receberam a sua assinatura dentro do processo criativo / lançamento. Vamos começar pelo “Local Legacy”: como foi para você estar envolvido em um projeto de tênis que homenageia o legado do Basquete Cruzada, um dos templos do esporte no Rio de Janeiro?

É um mix de coisas boas. Fala-se da cultura sneaker, um mercado que não condiz em nada com a realidade de quem faz a cultura do amor ao tênis no Brasil. Todo mundo sabe disso, mas ninguém quer falar.

Ter um discurso ácido e ser chamado pra poder expressar minha percepção da Rua num tênis, é muito loco. Foi um desafio por não ser uma collab, onde eu poderia contar uma história mais profunda através da peça, um mashup é um desafio pois você tem que levar personalidade sem brigar com o que já está pré estabelecido e nesse caso estamos falando de um tênis icônico de uma gigante mundial, não tinha espaço pra erros ou dúvidas.

Indiscutivelmente o maior peso foi registrar a relevância do Basquete Cruzada, quem não tá ligado na importância que o BC tem pro esporte e pra sociedade precisa conhecer urgentemente. Um fã do BC, do Wagner, colaborando com uma peça, um tênis, um pisante, logo eu que a dez anos atrás só tinha um tênis furado pra fazer tudo que necessitasse calçar os pés. Histórico para todos nós!

Como foi o processo criativo e quantas pessoas estiveram envolvidas?

Ficamos com a parte de conceber o tênis, criar um conteúdo que contasse essa história em fotos e vídeo, escolher personalidades que representam a Rua para ter a experiência com o tênis, a produção e comercialização do tênis ficou na responsa de uma empresa de SP. O processo de criação começa em muitas conversas com o Waguinho, não era a minha expressão no tênis, era pra eu traduzir na peça o coração e desejos do cara que criou esse Legado Incrível, sem conversa e sem provocar aquele mundo que tá na cabeça dele, não iria ter sentido.

Não era pra ser uma peça para ser aclamada pelos designers eurocentristas, era pra ser um produto físico que representasse um Movimento Preto de Resistência Cultural e Social. Cada detalhe ali foi pensando seguindo uma ordem, uma história construída pela tropa da Cruzada. Um pisante que não é pra jogar basquete, ele é pra calçar com orgulho em qualquer situação. Na forma aplicada de design a preocupação foi mostrar pra quem vê a peça que o Basquete Cruzada é um Movimento, é uma mensagem direta presente no calcanhar de cada par.

Os cadarços reserva e as aplicações nas palmilhas que remetem o tom pastel presente nos prédios que formam o Conjuntão, o zíper que “sela” o cabedal com couro preto e casado com a lingueta, remete a mecha dos tênis clássicos que saíam das quadras e iam pras Ruas (ou vice versa: customizar tênis é uma prática das periferias), são pontos assertivos que trazem história e não brigam com a marca adidas e seus símbolos aplicados no modelo, é tipo um aperto de mãos entre adidas e Basquete Cruzada.

O GRC e o Basquete Cruzada há um bom tempo estão lado a lado, quando teve início esta parceria?

Fui chamado pra fazer uma publi pra Gatorade e meu papel era um jogador de basquete, mas eu não jogo basquete. Aori, Mc Lapa, ele memo, me apresentou o Waguinho pra eu fazer uma clínica e imersão, eu precisava da grana, assim como muitos atletas precisam e tem que parar de jogar pra sobreviver num país onde esporte é o que sabemos; pelo menos saber regras e posicionamentos corretos era meu dever. Isso foi em 2015 acho, sei que foi amor à primeira vista e de lá pra cá, muitos Corres, Papos de Futuro, Quadra de Basquete 3×3, churrascos, sorrisos e choros, sei lá, somos inquietos e temos um amor muito bonito um pelo outro.

Você também está envolvido nos lançamentos dos modelos 4DFWD. Poderia explicar qual foi o seu papel neste projeto?

Meu papel na adidas como uma personalidade que gera expectativa é olhar não só para como o produto Jr Negão pode agregar à marca, meu papel é ser o Jr Negão. Isso é ótimo porque a troca é muito intensa. Numas dessas trocas mostrei a importância de popularizar o uso do tênis de corrida para rotina de quem passa muito tempo em pé e em condições difíceis, desde o graffiteiro ao DJ, da diretora de uma empresa ao gari, é irado ter um pisante bolado, mas calçar um tênis de corrida pro dia a dia ou no palco, é libertador.

Já falávamos com a marca que seria muito legal usar a Campanha do Ghetto Run Crew “O Corre e a Correria” para falar também do pisante. Então começamos a analisar juntos o 4D, um tênis lindo, estiloso, revolucionário, mas que pra corrida não é tão funcional. O desafio foi abrir o caminho para que a Rua diga o que acha do 4D.

Assim como aconteceu com o adidas Climacool, Tube, Nike Shox, Nike Air, Mizuno Camaleão, asics Gel, tudo tênis desenvolvido pra performance que acaba tomando as Ruas… Me deram autonomia para dirigir criativamente a Campanha com liberdade para criar diversas ações e o principal, com passe livre para falar com andarilhos, arquitetas, criativos e criadoras da Rua.

Óbvio que são muitas pessoas nessa seara positiva, mas conseguimos construir algo com muita verdade. A Campanha toda foi montada por um grupo heterogêneo e com condições de trabalho excelentes, escolhemos pessoas que também representam as Ruas e que não necessariamente são bloggers ou tiktokers, mas são reais em influência e poder de transformação para serem a cara do rolé. A expectativa é grande, mas de verdade, fizemos história a partir do momento que o Ghetto Colletiv e a adidas se lançaram em um desafio bem diferente do que grandes marcas fazem para lançar campanhas.

O 4DFWD é considerado por muitos como uma revolução para a corrida. Como você tem visto o avanço da tecnologia dentro do esporte?

A Corrida sempre foi revolucionária quando o assunto é tênis. As duas gigantes, seguidas das outras marcas, sempre estiveram na busca de ir mais rápido e melhor. Hoje temos seres humanos correndo 42kms em menos de duas horas, isso é incrível.

E de uma forma muito loca também criam-se tênis que acabam sendo absorvidos pelo SportLife (o nome é novo mas essa moda existe como cultura desde a década de 80). A tecnologia do 4DFWD é surreal, uma impressora criando uma sola loca a partir de um material que levou 20 anos pra ser estudado e concebido e que não tem perda sendo um não agressor do meio ambiente, na construção do cabedal 50% da parte dele é de material ressignificado com um sistema que também não gera material em excesso, isso é algo muito brabo!

Mas quando penso em corrida e a revolução nela, penso no Adizero Adios Pro, por exemplo. Entendo o 4DFWD como um pisante de estilo, pro rolé, uma peça que não é barata (nenhum tênis com tecnologia de ponta é), mas que vale a pena investir no final do Ano pra passar o Réveillon naquele pique e seguir usando nos bailão, ou pra tropa do bate-bola portar no Carnaval.

Vamos falar sobre Lifestyle e todo o processo que envolve a correria. Há muito tempo várias empresas e marcas acabam tratando quem está trabalhando de fato neste intercâmbio – Rua e Moda – apenas como uma vitrine. Não é de hoje que oferecem parcerias em permuta e isto no nosso ponto de vista profissional não é muito adequado.

Gostaríamos de saber: Qual a sua opinião e o quanto isto acaba atrapalhando quem busca tratar esta relação de uma forma mais profissional?

Cara, travo essa luta a muito tempo, é meio triste porque dos dois lados estamos bem atrasados, sabe. As grandes marcas se apropriam na cara de pau daquilo que as Ruas produzem e vertem. Oferecem permutas ao invés de cachês, permutas que só favorecem às próprias marcas e afundam o mercado criativo.

Por outro lado existe a urgência de sabermos a diferença surreal entre valor de trabalho e preço de trabalho. Não podemos aceitar sair de casa, pagar nossa passagem, nossa alimentação (pagar pra trabalhar literalmente) pra colocar nossas experiências profissionais em trabalhos para grandes empresas ou grupos com o papinho de que tá brabo, enquanto isso pagam milhares de reais para influenciadores de internet que nem na Rua andam pra fazer campanha.

Precisamos entender que não é do dia pra noite que vamos fazer nosso trampo aparecer, mas se aceitarmos sempre migalhas de ricos vamos ficar num discurso triste e cíclico de bradar na internet que precisamos nos posicionar, criticando o trabalho dos outros, mas aceitando um verdadeiro nada, pagando pra trabalhar pra gigantes do mercado.

Se ligar pro Ghetto Colletiv para contratar nossa mão de obra, vai ter que saber que tem um valor e um preço agregado assim como na agência África ou no I Hate Flash, por exemplo (e antes que falem merda, eu nem sei quem trabalha na África, tomei como base de caso e sou apreciador do trampo do I Hate Flash e de como eles trampam, vocês são leitores esclarecidos e vão entender meu ponto).

ywAAAAAAQABAAACAUwAOw==

Ainda sobre Lifestyle observamos e não pode deixar de falar sobre a sua coleção de camisas de times. Quais são as suas preferidas?

Camisa de Time sempre foi um prêmio pra mim. Antes era muito difícil poder usar pois quem usava camisa de time era associado a “bandido” então meus pais não gostavam, temiam pela minha vida (preto do morro com blusa de time? pf da PM) e também não tinha grana. Eu tinha umas falsis que comprava com a grana que dava e usava escondido (não façam nada escondido dos pais galera, não vale a pena).

Hoje eu devo ter umas 30, mas as que mais gosto são a do Vasco que o Vinni me deu, a do RapGol (sem merchan, achei muito foda como fui presenteado), uma do Barcelona verde temporada 18/19 e a do Real Madrid (uniforme C de 19/20) pois foi quando entrei na adidas.

No passado tivemos algumas partidas de futebol do GRC, estão pensando em voltar com o projeto?

Amo jogar bola, meus filhos Matheus e Thata amam jogar bola, o Ghetto tem ex-jogadores de futebol e o futebol (sem partidos por clubes) é uma paixão pra nós, era sempre muito legal fazer o futebol do GRC. Estamos preparando algo legal, ajustando nossas rotinas ao novo mundo para voltar a alegrar o povo que gosta de dar risadas e fazer churrasco.

“a Rua é o ponto de energia que me motiva muito”

Falando sobre a vida: o que te motiva e o que te inspira?

Eu sempre amei como a Rua muda a cada segundo, por isso sempre gostei de andar por aí, a Rua é o ponto de energia que me motiva muito; inspiração eu tenho nas pessoas, nos guerreiros e guerreiras de Fé que lutam todo dia por uma vida mais digna e que com tantas possibilidades que a sociedade apresenta para serem pessoas ruins, seguem firmes na missão de serem honestas e de caráter.

Deixe uma mensagem para todos que nos acompanharam até aqui.

Hidrate-se! Quer xingar alguém, bebe água, quer desistir das tuas metas, bebe água, numa conversa, enche a boca de água até a outra pessoa terminar de se expressar, água é vida rsrs

 

foto perfil criaa

Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.

Review: Kanye West – Donda Postagem anterior Review: Kanye West – Donda
Sidoka lança o videoclipe de “N LEVA A MAL” [um take só] Próxima postagem Sidoka lança o videoclipe de “N LEVA A MAL” [um take só]
error

Gostou do site? Compartilha com geral!