Justiça manda prender Oruam após confusão com a polícia

Justiça manda prender Oruam após confusão com a polícia

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🚨 Justiça emite mandado de prisão contra o rapper Oruam

O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, teve sua prisão decretada pela Justiça do Rio após um episódio explosivo envolvendo policiais civis em sua residência, no bairro do Joá, Zona Oeste da capital fluminense. A confusão começou quando agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) tentavam apreender um adolescente na porta da mansão do artista. O que seria uma abordagem policial se transformou em uma cena de tensão transmitida pelas redes sociais.

Segundo os relatos, Oruam teria reagido de forma agressiva, lançando pedras contra os agentes e verbalizando insultos pesados. Em vídeo, ele aparece provocando os policiais e, posteriormente, afirmando estar refugiado no Complexo da Penha: “Estou aqui na Penha, vem aqui. Quero ver me pegarem aqui dentro”.

📜 Acusações e desdobramentos jurídicos

O mandado de prisão contra Oruam não veio sozinho. Ele foi indiciado por tráfico de drogas, associação ao tráfico, lesão corporal, desacato, ameaça, dano ao patrimônio público e resistência qualificada. A Polícia Civil sustenta que o rapper atacou a guarnição que tentava deter o adolescente, feriu um policial e incitou amigos a resistirem à ação, inclusive impedindo a entrada dos agentes na residência.

A operação, segundo a versão oficial, teria sido provocada por flagrante continuidade de atividades suspeitas na mesma casa — que já havia sido alvo de atenção em outra ocasião meses antes.


🎤 A resposta de Oruam: “Fui ameaçado com armas, não acharam nada!”

Horas após o episódio, Oruam se pronunciou por meio de nota. Ele afirmou ter sido vítima de abuso policial, que sua casa foi invadida por mais de 20 viaturas sem mandado ou ordem legal, e que em nenhum momento houve flagrante de posse de armas ou drogas.

“Me chamaram de marginal, de criminoso, apontaram fuzis para minha noiva, meus amigos. Rasgaram minhas roupas, reviraram minha casa, mas não acharam nada ilegal”, disse. O rapper também contestou as falas do secretário de Polícia Civil, que o chamou de “faccioso” e “marginal da pior espécie”. Segundo Oruam, tais declarações são preconceituosas e difamatórias: “A lei tem cor e só vale pra preto. Vocês não estão preparados pra pretos no topo”.


📲 Redes sociais, vídeo e posicionamento público

Durante a ação, o próprio artista gravou vídeos denunciando a invasão e alegando violação de direitos fundamentais. Disse ter jogado pedras em reação desesperada, após repetidas ameaças de morte e agressões verbais e físicas. Afirmou ainda que possui registros em vídeo e fotos que comprovam a conduta abusiva dos policiais.

A fala forte e o posicionamento político do rapper geraram uma onda de repercussão nas redes sociais, com parte do público o apoiando, enquanto outros usuários questionaram a postura do artista diante da autoridade policial.


⚖️ Margem entre denúncia e perseguição

Oruam é conhecido por seu discurso direto, suas letras de forte carga social e por representar um tipo de artista que frequentemente entra em rota de colisão com o sistema: periférico, negro, popular e confrontador. A atual acusação reacende um debate antigo no Brasil — o da criminalização da juventude negra e do artista que incomoda.

A situação envolve diferentes camadas: o enfrentamento institucional, a ação policial sem mandado (segundo a defesa), a associação com o nome do pai (Marcinho VP), e a constante tensão entre o Estado e vozes oriundas da favela e da arte marginal.


Por que isso interessa?

Porque o caso de Oruam representa muito mais do que um conflito entre artista e polícia. Ele escancara os limites do sistema judicial diante da estética e do discurso da periferia, questiona o papel da força policial e alimenta uma discussão urgente sobre quem pode ocupar o topo sem ser criminalizado por isso.

A prisão de um dos rappers mais ouvidos do país não é apenas um caso jurídico — é um termômetro da relação entre poder, cultura e periferia em 2025.