Por Que a Camisa Rosa da Juventus de 15/16 se Tornou o Santo Graal do Streetwear

O Fenômeno “Crossover” no Guarda-Roupa dos Boleiros

Existe um ritual sagrado antes do treino de musculação de um atleta de elite: a escolha do fit. E, curiosamente, essa escolha muitas vezes transcende rivalidades e contratos. Recentemente, Myles Lewis-Skelly, lateral do Arsenal, foi flagrado puxando ferro não com o manto dos Gunners, mas com uma peça que se tornou uma entidade própria na cultura: a camisa Away da Juventus da temporada 2015/16, completa com o nome e número de Paul Pogba nas costas.

Lewis-Skelly não está sozinho. Mesut Özil já havia sido visto treinando com a Home da Juve de 2018/19. Mas a escolha pelo kit rosa de 15/16 é específica. É uma declaração de gosto refinado. Com seu tom rosa pálido, cortado por uma faixa branca central e uma linha vermelha sutil, esse design da Adidas — em seu ano de estreia com a Velha Senhora — é, indiscutivelmente, uma obra-prima do design esportivo moderno.

A Anatomia de um Clássico (15/16)

O que faz essa camisa ser universalmente amada? O contexto importa. A temporada 2015/16 não foi apenas esteticamente agradável; foi histórica dentro de campo. Foi o ano da consolidação do trio BBC (Barzagli, Bonucci, Chiellini), da recuperação heroica no Scudetto e, acima de tudo, do auge da excentricidade técnica de Paul Pogba e da ascensão meteórica de Paulo Dybala.

Aquele time tinha swag. E a camisa rosa encapsulava essa confiança. Não era um uniforme de futebol qualquer; era uma peça de moda pronta para as ruas, desafiando a masculinidade tradicional do futebol com uma elegância que a Juventus sempre soube carregar.

Do Estádio para o Hype: O Proto-Blokecore

Muito antes do termo blokecore saturar o TikTok, a camisa rosa da Juve já estava nos corpos das maiores celebridades do planeta. Drake, Rihanna, Lil Peep e Jonah Hill foram fotografados usando o manto.

Essa adoção massiva pela cultura pop validou a peça como um item de lifestyle. Ela se tornou um símbolo de status, desconectada da torcida organizada e conectada ao drip. A colaboração posterior com a Humanrace, de Pharrell Williams, em 2020, que reinterpretor este kit com uma estética “pintada à mão”, apenas cimentou o status lendário do original. Hoje, encontrar uma dessas em bom estado é garimpo de luxo.

Rosa: A Cor Original da “Vecchia Signora”

Para o observador casual, o rosa pode parecer uma jogada de marketing moderna (como o sucesso estrondoso das camisas do Inter Miami de Messi ou o kit Away da Alemanha na Euro 2024). Mas, para a Juventus, o rosa é herança, é DNA.

Desde sua fundação em 1897 até 1903, a Juventus vestia rosa com gravatas pretas. A mudança para o icônico alvinegro só aconteceu por um acidente logístico: o rosa desbotava muito fácil na lavagem. John Savage, um membro inglês do clube, pediu camisas mais resistentes a um amigo em Nottingham, que enviou os kits do Notts County (preto e branco).

CRIAA

Sou Bruno “CRIAA” Inácio, desde 2002 falando sobre Rap na Internet,  editor-chefe da Rapgol Magazine, onde conecto os universos do rap e do futebol com conteúdo autêntico e relevante. Com foco na curadoria de histórias que refletem a essência da cultura urbana, também assino artigos e entrevistas que destacam a voz dos artistas e a vivência das ruas.