Kaê Guajajara dá voz às lutas de indígenas favelados em “Kwarahy Tazyr”

Kaê Guajajara dá voz às lutas de indígenas favelados em “Kwarahy Tazyr”
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Uma visão atual e afiada sobre a realidade dos povos indígenas no Brasil é amplificada no álbum “Kwarahy Tazyr”, novo trabalho da cantora, rapper, compositora, escritora,  atriz, arte educadora e ativista Kaê Guajajara. A multi artista faz de sua obra uma oportunidade de mais pessoas indígenas se reconhecerem fora da identidade colonial, e também oferece aos brasileiros um caminho para a empatia com os povos originários, que denunciam continuamente o racismo e a exploração que sofrem.

foto: Abi Salinas

As letras de “Kwarahy Tazyr” servem como provocações e questionamentos de uma visão dominada pelo homem branco. Kaê Guajajara não se coloca como vítima do sistema, e sim como parte de uma luta por mudanças, em busca de uma independência diferente daquela que conhecemos – que leva a genocídios, etnocídios e ecocídios e, posteriormente, à violência das favelas e das cidades.

Nascida em Mirinzal (MA)  e pertencente à etnia Guajajara, Kaê se mudou para o complexo de favelas da Maré (RJ) ainda criança, e teve sua vida marcada por preconceitos e racismo por conta de seus traços e sua origem. Mais que uma expressão artística, ela vê na música uma forma de resistir e se manifestar contra o silenciamento dos povos originários imposto pelos colonizadores e perpetuada até hoje pelos seus descendentes.

O álbum oferece uma nova perspectiva sobre a colonização a partir de composições originadas dos sonhos de Kaê – uma técnica ancestral de se receber os cantos. O título “Kwarahy Tazyr” significa “Filha do Sol” em zeeg’ete, língua do povo indigena Guajajara, e traz para o primeiro plano uma ligação com a espiritualidade e personalidade da própria Kaê. Cantando e fazendo seu flow, a artista apresenta uma música contemporânea indígena que perpassa todos os estilos com elementos originários (maracá, flauta e línguas) para denunciar uma realidade que vai muito além do noticiário e das lutas dos povos aldeados pela demarcação de terras. Aqui, ganha protagonismo a vivência daqueles que cresceram sem terra por conta do conflito com invasores e se exilaram nas favelas das capitais brasileiras.

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