Kayblack lança “A Cara do Enquadro” com peso, fé e liberdade

Kayblack lança “A Cara do Enquadro” com peso, fé e liberdade

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🔥 Kayblack não quer caber no molde

O verbo “enquadrar” carrega sentidos sutis e outros nem tanto. Para Kayblack, que cresceu sendo lido pelas lentes do racismo estrutural, esse verbo se tornou símbolo de resistência. Em “A Cara do Enquadro”, novo álbum lançado em 31 de julho via Warner Music Brasil e GR6, ele recusa a moldura imposta e transforma sua história em manifesto sonoro.

Com 10 faixas e participações de KLJay, MC Hariel, Kyan e LPT Zlatan, o disco percorre territórios de dor, fé e ambição sem perder o compasso da liberdade. Da batida do trap ao boombap clássico, Kayblack constrói uma jornada pessoal e coletiva: a de quem caminha diariamente no fio da navalha, mas com cabeça erguida e multidão por trás.


🎤 Do concreto ao palco: o som é denúncia

Logo na introdução, ele avisa: “somos mais que estereótipo, somos multidão”. E, com KLJay (Racionais MC’s), entrega “Maldito Papel”, um boombap que conecta passado e presente das quebradas negras brasileiras. Em “Concreto e Aço”, reafirma seu foco e disciplina diante de um cotidiano minado. Já “Visita” mergulha na perspectiva de quem vive o sistema prisional.

A pluralidade sonora é um trunfo. O funk paulista aparece em “Eis Me Aqui”, o drill em “Nego da Paz” e até uma eletrônica poderosa fecha o álbum em “Cartas na Mesa”. Destaque também para “Sagacidade” com MC Hariel e “Pretona” com Kyan, que homenageia as conquistas e afetos da caminhada preta periférica. O disco inteiro pulsa verdade.


🧠 Estética de rua, discurso afiado

Com produção majoritária de Wall Hein, Kayblack investe em um projeto onde música e identidade visual caminham lado a lado. Ele transforma o “enquadro” em lugar de fala. A contenção vira narrativa. O quadrado vira palco. A obra é, ao mesmo tempo, espelho e farol: traduz o corre, tensiona o sistema e entrega arte de alto nível, sem concessões.

Como o próprio artista define: “esse álbum é sobre viver no limite, mas com cabeça erguida”. Cada verso carrega uma vivência que transcende o indivíduo e se torna testemunho de um povo inteiro. Kayblack não quer ser exceção — quer ser voz de muitos.


Por que isso interessa?

“A Cara do Enquadro” é uma das obras mais impactantes do rap nacional em 2025. Kayblack acerta em cheio ao unir vivência, conceito e sonoridade, tornando o álbum um documento da experiência negra periférica contemporânea. É sobre visibilidade, mas também sobre sobrevivência. E sobre como o som pode quebrar as grades do estereótipo.