Com uma mensagem autoafirmativa poderosa, a cantora Kynnie lançou nesta quinta-
feira (19) seu novo clipe “Linda, Chique, Sexy & Braba” – Desde a escolha
do nome da faixa até a data de lançamento, nada é por acaso: no título, quatro
adjetivos escolhidos a dedo, traduzindo tudo o que ela é e representa; e dia 19/11,
por sua vez, foi véspera do Dia da Consciência Negra, que também vem carregado de
significado e alinhado com as convicções da artista, que não tem medo de se
posicionar sobre temáticas como racismo, diversidade, empoderamento feminino e
causas LGBTQIA+.
“Linda, Chique, Sexy & Braba” é o último single do cronograma de lançamentos de
Kynnie em 2020 e sai pelo Inbraza, selo pop da Som Livre em parceria com a Liga
Entretenimento e sob a chancela dos Dogz – trio de produtores formado por Ruxell,
Pablo Bispo e Sergio Santos. A música encerra a trilogia que teve início com as canções
“Simples e Assim” e “Desculpa os Áudios”. Em conjunto, as três faixas compõem uma
verdadeira jornada da heroína, na qual ela se apresentou segura e potente, na sequência sofreu por amor, e agora dá a volta por cima com empoderamento e
autoconhecimento, respectivamente.
“Foi uma honra imensurável fazer parte desta proposta. A Kynnie é absolutamente
incrível, necessária, talentosa e tem uma trajetória linda pela frente. Ela traz uma
energia criativa pulsante que vem do coração, de suas vivências e, acima de tudo, da
vontade de viver do que acredita. Isso é contagiante”, diz Helder Fruteira, diretor
criativo da LADYBIRD e da trilogia de videoclipes da cantora. Fruteira afirma ainda que
o projeto foi desafiador e trouxe um envolvimento emocional em cada etapa do
processo – o que trouxe o aprendizado de novos caminhos narrativos e possibilidades
criativas. “Cada música da trilogia faz parte de um universo muito honesto vivenciado
por Kynnie. Por isso, buscamos fazer com que toda proposta audiovisual
correspondesse à altura e que cada frame representasse toda sinceridade e potência
artística da nossa estrela”, conclui o diretor.
Ao falar sobre o lançamento mais recente, a artista faz um balanço de sua trajetória ao
longo do ano de 2020. “Consegui colocar no mundo um dos maiores sonhos da vida:
minhas músicas autorais. Consegui chegar em espaços que antes eu só conseguia sonhar. Consegui ver e enxergar que sou inspiração de verdade para muitas pessoas – e
esse é o meu maior propósito enquanto cantora, mesmo estando em início de
carreira”, diz a artista animada. Contudo, mesmo diante de grandes vitórias pessoais,
ela mantém seu olhar empático e preocupado com as questões sociais. “Mas se eu
olhar para fora da minha atmosfera, que talvez seja de um lugar privilegiado, temos o
nosso país vivendo situações jamais vistas. Então, o meu coração e a minha consciência
ficam divididos dentro desse ano tão difícil: por um lado, comemorando o máximo que
eu posso com as alegrias da minha vida; por outro, e tentando ajudar, da forma que
posso, as pessoas ao meu redor”, completa.
A rapper também falou também sobre o Dia da Consciência Negra.
Qual mensagem você gostaria de passar neste Dia da Consciência Negra?
Kynnie: A mensagem é de oportunidade! Dê oportunidade. Entenda seus privilégios simplesmente por ser uma pessoa branca e use-os para ser antirracista. Dentro da sua empresa, faça acontecer. Estimule o estudo. Enxergue o nosso talento, pois somos muitos. E que não seja só no mês de novembro. Nós lidamos com o peso de um país escravocrata todos os dias e já passou da hora dessa história mudar pois a gente não aguenta mais. Somos capazes de estar em todas as cadeiras. Temos qualificações para estarmos em todos os lugares, só nos falta oportunidade para mostrar.
Infelizmente, até hoje, vivemos um racismo estrutural. O que você acha que pode ser feito para mudar esse cenário? Que medidas poderiam ser adotadas para equilibrar essa desigualdade racial?
Kynnie: É difícil falarmos sobre um sistema de mais de 520 anos. Sobre um país que estende o racismo estrutural, que está enraizado. Que nos humilha diariamente por conta da nossa cor. Quantos vídeos já vimos na internet, só esse ano, de episódios de racistas contra crianças e adultos? Acho que as pessoas poderiam escutar mais. Tentar entender mais. Se colocar no lugar do outro – isso se colocarmos essa situação em uma perspectiva muito positiva sobre o assunto.
Mas se fosse para mudarmos efetivamente, seria novamente dar a oportunidade! Inserir de verdade as pessoas no mercado de trabalho. Oferecer oportunidades iguais. Um estudo de qualidade. Saúde de qualidade. Um espaço familiar de qualidade, pois tudo isso interfere na vivência dessa criança/adolescente que vai vir a ser um adulto que já enxergou desde cedo o seu país te trata de forma diferenciada. Então, precisamos realmente equilibrar – algo que não é fácil pois estamos vivendo isso há mais de 500 anos… é muito tempo -.
Sou Bruno “CRIAA” Inácio, desde 2002 falando sobre Rap na Internet, editor-chefe da Rapgol Magazine, onde conecto os universos do rap e do futebol com conteúdo autêntico e relevante. Com foco na curadoria de histórias que refletem a essência da cultura urbana, também assino artigos e entrevistas que destacam a voz dos artistas e a vivência das ruas.