LETS
Letícia Santos ou melhor, Lets é uma menina da zona leste de São Paulo que vem passando em cima igual um trator na história do RapBR atualmente.
O Rap nacional é formado por diversas pessoas dia a dia que lutam para essa cultura chegar aonde está, muitos estão lutando diariamente nos bastidores, nos sites, nas ruas, para que o som chegue em mais e mais pessoas e a Lets é uma dessas pessoas. Ela e a empresa dela são os principais meios para você conseguir ter uma chance “a mais” de ser ouvido.
O significado da sigla REF se dá aos gêneros trabalhados pelo selo, Rap e Funk; A REF Music iniciou seus trabalhos em 2021, oferecendo serviços de label manager e disparo de imprensa para artistas independentes, focado no Rap e Funk.
Letícia já foi produtora da GR6, apresentadora e dona de fã clube do Rashid, hoje a Lets faz parte do comercial da Flagra (Antiga Genius) e é A&R da OneRPM, trazendo os artistas para a plataforma e realizando sonhos.
Trocamos um bate papo maneiro com ela, confira abaixo.
RAPGOL Magazine: Salve Lets, obrigado por conversar conosco, tudo bem?
Lets: Salve, tudo bem! e vocês? Muito obrigada pelo convite. Vocês sabem que acompanho o trabalho de vocês, e fico feliz de ser a bola da vez por aqui, rs.
RAPGOL Magazine: Tudo certo também Lets, legal estar trocando essa ideia contigo. Vamos do começo, muita gente não sabe, mas você teve um fã clube do Rashid com 13 anos, conta para a gente essa fase e me diz, foi aí que começou sua história com o rap nacional?
Lets: Eu sempre gostei muito de administrar páginas, e com 12/13 anos (2012) eu conheci o trampo do Rashid na MTV, com o videoclipe de “Quero ver Segurar”. Eu já escutava rap, sempre fui a única menina dentro de casa, então escutava muito rap internacional e nacional. Em 2013 eu virei editora de uma página fã clube do Rashid, no Facebook. O dono da página deixou ela sob meus cuidados e desapareceu kk, quando ele apareceu de novo, me deu propriedade da página, pois eu estava movimentando tudo sozinha por lá. Assim, recrutei mais pessoas pra tocarem a página comigo, conheci muita gente (que falo até hoje). Na época, tinha 16k de curtidas, e eu fazia montagens de fotos do Rashid e fotos aleatórias com frases de músicas dele no Photoscape.
RAPGOL Magazine: Qual foi o momento exato que você olhou e pensou, “É com isso que eu quero trabalhar o resto da minha vida”
Lets: Eu sempre gostei muito de fazer isso, mas em 2016, eu decidi que queria cursar Relações Públicas, por ver que várias pessoas da cena musical tinham cursado RP, e que talvez, seria o melhor caminho pra conseguir trabalhar com música.
RAPGOL Magazine: Em 2018 você entrou no Lollapalooza a convite da equipe do Chance The Rapper, conta para a gente como foi essa experiência
Lets: Eu vi uma foto do Chance com um pessoal no RJ, no aniversário do Bk, e pensei “nossa, como ele é acessível, e se eu tentar ver ele no aeroporto?” kkkkkkk. Ai mandei mensagem pro Chance e para o Nico Segal (Donnie Trumpet), trompetista do Chance, pedindo pra ver eles no aeroporto, e o Nico incrivelmente me respondeu horas depois que mandei a mensagem kkkkkkkk, ele perguntou se eu não iria no show do Lolla (maluco né? ingresso 800 reais kkkkkk). Disse pra ele que não tinha dinheiro pra ir no show e ele pediu meu nome e de mais um amigo para colocar na lista do Chance. Foi muito engraçado, eu e minha amiga fomos morrendo de medo de ser pegadinha. Chegou lá no credenciamento, falaram que não tinha nada no meu nome lá (Devem ter pensado que eu era maluca e tava inventando que estava na lista da atração gringa do dia). Liguei pra ele, e ele pediu pro manager da tour ligar no credenciamento e me liberar, deu 5 min me chamaram no credenciamento e pediram desculpa pelo transtorno, rs
RAPGOL Magazine: Você trabalhou na GR6 e viu o movimento do funk de perto. Para você qual a principal diferença entre o rap e o funk quando se trata de mercado?
Lets: O funk trabalha sob uma demanda muito alta. Eles lançam MUITA música, até alguma bater de fato. No funk também, o que determina os sucessos são as músicas que viralizam nos bailes, e depois, essas músicas viralizam nas plataformas. Com o tiktok isso tem mudado um pouco, mas creio que ainda seja a principal referência.
Créditos – Lets
RAPGOL Magazine: Seu trabalho como fotógrafa também é bem elogiado, inclusive por mim que foi quando te conheci. Você ainda gosta de fotografar ou é algo que o tempo e o trabalho não te deixam mais fazer?
Lets: Gosto de fotografar, mas não tenho mais vontade de fotografar, acho que por conta de não ter mais tempo, realmente. Porém, tenho vontade de aprender sobre produção audiovisual, para gravar os clipes da ref kkkkkkk.
RAPGOL Magazine: Que pena, como falei acima, seu trabalho como fotografa que me despertou o sentimento “essa menina é bem diferente”, lembro de você ter fotografado o festival Cena em 2019 e em 22 ter feito parte da produção do evento, conta para a gente como foi essa experiencia.
Lets: Isso mesmo! Em 2019 fotografei o Festival CENA pela Flagra (Ex genius brasil), minhas fotos chegaram até os organizadores do evento, e eles mostraram interesse em trabalhar comigo de alguma forma na próxima edição. Porém, com a pandemia não foi possível, até que em 2022 fui convidada para tocar a Produção Artística nacional com eles, onde atendi cerca de 80 artistas. Foi minha primeira experiência fazendo a produção de um evento, e com certeza, aprendi muito durante esse período.
RAPGOL Magazine: Hoje a Lets se divide em 3 trabalhos, nas horas vagas, o que a Letícia gosta de fazer?
Lets: Nas horas vagas eu gosto de assistir série, cantar, cozinhar e ficar com minha sobrinha.
RAPGOL Magazine: Você é a pessoa que sempre está com as antenas ligadas e sempre está no radar de talentos novos. Cita para a gente 5 artistas novos que você acredita e que todo mundo deveria ouvir
Lets:
- Doug O.
- Sodomita
- Mauí
- Sé da Rua
- Barona
RAPGOL Magazine: A Ref Music é a melhor plataforma para um artista independente que quer lançar sua música e não sabe por onde começar, conta para a gente o que é a Ref Music.
Lets: A REF Music é um selo musical e Label Manager. Nós fazemos lançamentos próprios enquanto selo, mas também vendemos pacotes de Label Manager, onde oferecemos toda a parte de cadastro fonográfico, contato com a distribuidora, upload de músicas, releases de imprensa e pitching, cronograma de lançamento e disparo de imprensa, tudo isso por um preço mais acessível à artistas e selos independentes.
RAPGOL Magazine: Quantas pessoas trabalham na Ref?
Lets: Atualmente, 3. Eu, Virgínia Delboni (Label Manager) e Vitória Arêdes (Jurídico), Isabela Luali (Tráfego pago). Talvez agora em maio, entre mais uma pessoa para o time.
RAPGOL Magazine: Hoje você é uma das linhas de frente do Hip Hop na One RPM (Maior distribuidora de música do País), conta para a gente o que você anda aprontando por lá.
Lets: Eu estudo todo dia novos artistas e novas tendências no rap. Geralmente pego alguns detalhes a melhorar que percebo nas plataformas digitais desses artistas, e entro em contato com eles apresentando nosso trabalho e oferecendo atendimento para maior efetividade nos lançamentos. Nosso último feito, foi a veiculação da Mc Luanna na Radar, do Spotify, uma das maiores ações para artistas em crescimento exponencial dentro da plataforma.
RAPGOL Magazine: Você percorre nos meios que são altamente dominados por homens, como você vê o papel da mulher nos bastidores da música em 2023?
Lets: Mulheres fazem a cena da música acontecer e mesmo assim, ainda são minoria quando se trata de ocupar espaços como cargos de liderança e até mesmo, nas equipes dos artistas/selos/gravadoras. Entendo que nesse momento, nosso papel é mostrar que estamos sim aqui, e que ninguém pode decidir se vamos ou não ocupar algum ambiente, por isso, insisto em tudo que é meu por direito, por mais que cause mal estar com algumas pessoas.
RAPGOL Magazine: Nós somos um portal que fala de rap e de futebol, você é cria da zona leste, território corinthiano, você é mais uma do bando de loucos?
Lets: Com certeza, quem é da zona leste e não é corinthiano, é fraude.
RAPGOL Magazine: Você frequenta ou já frequentou estádios?
Lets: Nunca fui em um estádio. Morei cerca de 1 ano e meio há 10 minutos do Itaquerão, mas nunca consegui ir. É uma das minhas vontades esse ano.
RAPGOL Magazine: Recentemente o Corinthians passou por um caos envolvendo técnico, jogadores e um estupro que ocorreu em 1989. Você como torcedora, como se sentiu com essa semana que aconteceu tudo isso no clube.
Lets: É triste notar o pacto entre homens para a manutenção da violência contra a mulher. Eles não se importam se eles tem mãe, irmã, sobrinhas, tias, esposa… Vi muitas pessoas justificando o “Separar a pessoa midiática da pessoa física”, assim como fazem na música “Separando o artista da arte”, apenas para justificar o injustificável. Creio que o Corinthians precise repensar esse ato, e criar ações de reparo para mulheres afetadas por violências deste tipo, e mais do que isso, educar sua torcida sobre o assunto (por mais que não devêssemos discutir se abusar de alguém é errado ou não).
RAPGOL Magazine: Agora vamos para um bate papo e falar de coisas boas. Um sonho que ainda não realizou?
Lets: Viajar para fora do País
RAPGOL Magazine: Um sonho realizado?
Lets: Morar sozinha
RAPGOL Magazine: Comida Favorita?
Lets: Macarrão
RAPGOL Magazine: Uma cidade que sonha visitar?
Lets: Salvador
RAPGOL Magazine: Seu feat dos sonhos?
Lets: Flora Matos
RAPGOL Magazine: Como você se vê daqui 10 anos?
Lets: Tomara que rica kkkkkkkkk, na capa da forbes
RAPGOL Magazine: Top 3 artistas nacionais?
Lets: Flora Matos, Melly, Mc Luanna
RAPGOL Magazine: Top 3 artistas internacionais?
Lets: Chance The Rapper, Rihanna, Frank Ocean
RAPGOL Magazine: Acho que é isso Lets, obrigado pelo papo, da o seu salve final pra quem te acompanha aí
Lets: Muito obrigada novamente pelo convite. Queria mandar um abraço pra todo mundo que me acompanha nas redes sociais, seja por conta da REF, da Flagra, ONErpm ou outros trampos que já fiz! Vocês são o principal motivo de oportunidades como essa entrevista para o Rap Gol!
Dizer pra todas as minas que estão nesse corre que se posicionem e cobrem o que é de vocês por direito.
Até uma próxima, quem sabe? Valeu!