Ao olhar para o cenário atual do rap, é inevitável ponderar sobre a trajetória, as influências e as transformações que moldam essa expressão cultural tão vibrante. Conversamos com um observador atento, alguém que testemunhou décadas de evolução e que hoje contempla o movimento com uma perspectiva única.
Quando perguntado sobre sua visão atual do rap, ele compartilha uma gama de impressões e ponderações. Destaca a diversidade de talentos e estilos presentes na cena, reconhecendo a maturidade artística de nomes como Djonga. “Gosto muito do Djonga”, ele enfatiza, apontando para a capacidade do artista de dialogar com diferentes gerações através de suas letras.
Essa capacidade de conectar-se com públicos diversos é um ponto de orgulho para ele, que vê na nova geração de rappers uma continuação e uma evolução do legado construído ao longo dos anos. Lembra-se de suas próprias origens humildes, onde a escrita das primeiras rimas se dava em uma tabuinha improvisada, na falta de recursos, mas com uma paixão inabalável pela arte.
Contudo, ele reconhece que o rap contemporâneo reflete não apenas uma evolução artística, mas também as influências de um mundo em constante transformação. Observa como a mentalidade dos artistas negros nos Estados Unidos, moldada por eventos políticos e sociais recentes, reverbera globalmente, influenciando até mesmo o rap brasileiro.
Ele ressalta a importância de reconhecer a amplitude e o alcance do rap como um negócio milionário, compreendendo que, embora alguns possam lamentar a comercialização da cultura hip-hop, essa ascensão também representa uma conquista para os artistas e uma oportunidade para ampliar seu impacto e alcance.
No entanto, ele também levanta uma reflexão sobre a profundidade das mensagens transmitidas pelas novas gerações de rappers. Reconhece que, em alguns casos, o foco parece ser mais estético do que substancial, ressaltando a importância de equilibrar a expressão artística com uma mensagem que ressoe com a realidade e os desafios enfrentados pelas comunidades.
Ao final, ele nos convida a considerar que a profundidade da mensagem do rap está intrinsecamente ligada ao contexto em que é produzida. É um reflexo das experiências, lutas e aspirações de uma geração em constante busca por sua voz e sua identidade em um mundo em constante mudança. E, nesse sentido, o rap continua a ser uma poderosa ferramenta de expressão e resistência.
Sou Bruno “CRIAA” Inácio, desde 2002 falando sobre Rap na Internet, editor-chefe da Rapgol Magazine, onde conecto os universos do rap e do futebol com conteúdo autêntico e relevante. Com foco na curadoria de histórias que refletem a essência da cultura urbana, também assino artigos e entrevistas que destacam a voz dos artistas e a vivência das ruas.