Marcas de luxo vs Periferia: empresas não estão gostando de serem associadas as classes C, D e E

Marcas de luxo vs Periferia: empresas não estão gostando de serem associadas as classes C, D e E

Há muitos anos temos músicas pelo mundo citando marcas famosas. Uma matéria de 2019 da conceituada revista L’officiel enumerou as marcas mais citadas dentro das letras de rap. Entre elas temos Fendi, Balenciaga, Lacoste, Gucci, Givenchy, Dior, Prada, Saint Laurent, adidas, Off-white, Nike e muitas outras.

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Kyan no editorial de moda “Tropa da Lacoste”

Historicamente ao longo de milênios, a sociedade como um todo classificou o se vestir bem como um status elevado e isto se perpetua até hoje. Claro que com a modernidade e o fácil acesso a informação, seja primeiramente pela tv e depois com a chegada da internet, milhões de pessoas no mundo passaram a sonhar com as famosas roupas de grifes.

Aquecido pelo mercado da pirataria, as marcas ganharam as ruas e consequentemente as periferias. Hoje é possível ver uma réplica de uma bolsa que custa 55 mil reais, sendo carregada por uma pessoa dentro de uma condução lotada e isto se tornou mais do que normal.

As classes sociais C, D e E querem mostrar que podem andar vestidos iguais aos moradores das classes mais altas de suas cidades. Na música o sentimento de ter e estar podendo vestir roupas de marcas é forte e como já dito no início do texto, toma conta das letras de Funk e Rap, gêneros musicais predominantes dentro da periferia.

“Algumas empresas me procuraram dizendo ‘minha marca está virando letra de música, febre na periferia e não quero estar associado a esse pessoal’”

Renato Meirelles – Fevereiro de 2014

Em 2014, Renato Meirelles, diretor do Data Popular, revelou ao UOL Economia, que marcas de grife sentem vergonha dos clientes mais pobres e diversas delas já buscaram orientações de como desvencilhar suas imagens dele.

“Boa parte das marcas tem vergonha de seus clientes mais pobres. São marcas que historicamente foram posicionadas para a elite e o consumidor que compra exclusividade pode não estar muito feliz com essa democratização do consumo”

Champanhe Cristal não gostou de ver seu nome associado a música rap.

A atitude das empresas alto padrão em procurar se manterem afastadas das classes mais pobres, não é exclusiva do Brasil. Em 2006, a Cristal que por muitos anos esteve presente nas letras de rappers dos EUA, emitiu uma nota pública falando sobre não gostar de ver o nome da marca associado ao rap.

Em entrevista ao jornal “The Economist” (que tem circulação mundial), Rouzaud deu a entender que não aprova a associação entre a Cristal e os rappers, vista pela empresa com “curiosidade e calma”. Perguntado na época se essa relação poderia ser prejudicial à marca, afirmou: “É uma boa pergunta. Mas o que podemos fazer? Não podemos proibir as pessoas de comprá-lo”. Com ironia em relação aos concorrentes mais “baratos”, disse ainda: “Estou certo de que a Dom Pérignon e a Krug ficariam felizes de ganhar esse mercado”.

O rapper Jay-Z na época foi um dos que partiram conta a marca de champanhe. O rapper afirmou que deixaria de vender o champagne em sua rede de bares temáticos esportivos 40/40 e em suas casas nortunas de Manhattan e Atlantic City, além de fazer um boicote pessoal à bebida, trocando seu estoque particular por Dom Pérignon e Krug.

“Chegou ao meu conhecimento que o diretor-executivo da Cristal não considera a cultura hip hop bem-vinda. Considero seus comentários racistas e por isso não darei mais espaço a nenhum de seus produtos”, declarou o rapper em um comunicado à imprensa na época.

Jay-Z compra rival da Cristal e se tornar um dos maiores empresários do ramo.

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Marcas de luxo vs Periferia: empresas não estão gostando de serem associadas as classes C, D e E - Rapgol Magazine

Em 2014 o rapper Jay-Z comprou marca de champanhe Armand de Brignac e em fevereiro deste ano, faturou milhões dólares ao vender 50% das ações. Jay-Z e a LVMH se uniram em torno do champanhe Armand de Brignac, mais conhecido como “Ás de Espadas”. O conglomerado de marcas de luxo anunciou a aquisição de 50% da marca detida pelo rapper, “A parceria reflete uma visão comum entre a Moët Hennessy e Shawn Jay-Z Carter para o futuro”, diz um comunicado oficial partilhado pela produtora de vinhos.

“Há anos que estamos a seguir o fantástico sucesso da Armand de Brignac e a sua capacidade de desafiar algumas regras da categoria do champanhe. Armand de Brignac quebra as barreiras e reflete o luxo contemporâneo, preservando as tradições dos terrenos de champanhe. Hoje, estamos incrivelmente orgulhosos de fazer esta parceria com eles e acreditamos que a combinação da nossa experiência e rede internacional com champanhe combinada com a visão de Shawn Jay-Z Carter, a força da marca Armand de Brignac e a qualidade da sua gama de vinhos vai permitir-nos levar o negócio a novos patamares pelo mundo”, disse Philippe Schaus, presidente e CEO da Moët Hennessy.

Aproximação e os assuntos começaram a ser forjado em 2019 num almoço oferecido por Shawn Carter a Alexandre Arnault e o pai, Bernard Arnault, fundador e CEO da LVMH, contaram os protagonistas, à distância, ao The New York Times (Jay-Z na sua casa de Los Angeles, Philippe Schaus, em Paris, no quartel-general da LVMH).

Gucci Mane anuncia nova parceria com a marca Gucci

Algumas marcas já entenderam que o mercado é amplo e qualquer dinheiro que entra é válido, a marca Gucci assinou um contrato com o rapper Gucci Mane. Lafrare se tornou garoto propaganda e as vendas a marca cresceram entre os amantes da musica rap.

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Rachel Maia esteve a frente da Lacoste de 2018 até 2020

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De 2018 até 2020, Rachel Maia esteve a frente da Lacoste Brasil, a executiva deixou o cargo de chief executive officer (CEO) da Lacoste para se dedicar a projetos pessoais, como a formação de mulheres e a iniciativa CAPACITA-ME, que se propõe a impactar jovens da periferia por meio da educação. A profissional também passou a prestar consultoria ao mercado varejista.

Ao longo da carreira, a executiva passou por empresas como 7-Eleven, Novartis, Tiffany & Co, Pandora e é presidenta do conselho consultivo da Unicef Brasil.

foto perfil criaa

Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.

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