No domingo (16), durante uma entrevista coletiva em Düsseldorf, o capitão da seleção francesa de futebol e uma das maiores estrelas do esporte mundial, Kylian Mbappé, expressou sua preocupação com a ascensão da extrema direita na França. Ele apelou aos jovens franceses para que participem das próximas eleições legislativas, marcadas para o fim de junho.
“Não quero representar um país que não corresponde aos meus valores,” declarou Mbappé, enfatizando a importância de uma participação ativa dos jovens no processo eleitoral. Ele destacou que “a situação na França é mais importante do que esse jogo” de estreia na Eurocopa, marcando uma forte posição política contra os extremismos.
As palavras de Mbappé tiveram um grande impacto, levando 160 atletas franceses a se manifestarem publicamente na segunda-feira (17). Em uma carta conjunta publicada no jornal esportivo francês “L’Équipe”, os atletas também clamaram por uma mobilização contra a extrema direita, alertando para os perigos de um possível governo extremista.
Na semana anterior, após resultados desfavoráveis nas eleições para o Parlamento Europeu, onde a extrema direita ganhou assentos, o presidente Emmanuel Macron convocou novas eleições, conforme previsto na Constituição francesa. Mbappé comentou sobre esse momento crítico: “Precisamos saber colocar as coisas em perspectiva e ter senso de prioridade.”
O apelo de Mbappé é claro: “Não podemos nos desconectar do mundo, muito menos quando se trata do nosso país. Podemos fazer diferença. Os extremos podem chegar ao poder, mas temos valores de diversidade, tolerância e respeito. Cada voz conta e isso não deve ser negligenciado.”
Além das palavras de Mbappé, a carta assinada por atletas, incluindo o ex-tenista Yannick Noah, reforça a necessidade de evitar a divisão promovida pela extrema direita. “A extrema direita explora as diferenças e manipula os nossos medos para dividir,” escreveram os atletas. Eles lembraram das lições do passado, mencionando o nazismo e o antissemitismo, e criticaram o partido Reunião Nacional, favorito nas eleições, por se alimentar do racismo e da xenofobia.
A Federação Francesa de Futebol (FFF) também se manifestou, temendo um “uso político da seleção francesa.” Em comunicado, a FFF pediu que sua neutralidade fosse compreendida e respeitada por todos. O técnico da seleção, Didier Deschamps, preferiu não comentar diretamente sobre o posicionamento de seus jogadores, afirmando que “eles são jogadores de futebol, mas sobretudo cidadãos” e que possuem suas próprias opiniões e sensibilidades.
A coletiva de imprensa de Kylian Mbappé e a subsequente reação dos atletas destacam um momento crucial na política francesa, onde a participação ativa dos cidadãos, especialmente dos jovens, pode definir o futuro do país.