O Dia em que o Wu-Tang Disse “Não” ao Drake: Method Man Revela Por Que Recusou o Remix de “Wu-Tang Forever”

O Clash de Gerações e Estilos

Há colaborações que parecem destinadas à grandeza no papel, mas que na prática nunca saem do estúdio. Um dos maiores “e se?” da última década no hip-hop envolve Drake e o lendário Wu-Tang Clan. Em 2013, Drizzy tentou reunir o clã inteiro para um remix oficial de sua faixa “Wu-Tang Forever”, do álbum Nothing Was the Same. A tentativa falhou, e agora Method Man finalmente explicou o porquê de forma direta e sem filtros.

Em participação no podcast 7PM In Brooklyn, apresentado por Carmelo Anthony e Kazeem Famuyide, Meth abriu o jogo sobre a rejeição, deixando claro que o respeito existe, mas a visão artística não bateu.

“Eu Não Gostei”: A Sinceridade de Method Man

Method Man não questiona o tamanho ou o talento de Drake (“Ele é um artista foda, lança músicas ótimas”), mas quando recebeu a faixa enquanto estava em turnê no exterior, sua reação foi visceral: “Eu não gosto disso”.

O ponto de discórdia principal foi conceitual. Meth questionou: “O que isso tem a ver com Wu-Tang Forever?”. Para ele, usar o nome do segundo álbum clássico do grupo exigia uma conexão temática que a música simplesmente não entregava. Sua decisão foi categórica: “Eu não vou entrar nessa”.

Mulheres vs. Hardcore: A Visão de U-God e Inspectah Deck

Essa não é a primeira vez que o clã fala sobre o assunto. O problema não foi apenas o título, mas o mood. U-God, em entrevista anterior, revelou que Drake queria que eles rimassem sobre mulheres (“broads”), mas o Wu-Tang estava no “modo hard-body”. Eles escreveram versos hardcore que não encaixavam com a vibe suave e melancólica que Drake propunha.

Já Inspectah Deck trouxe uma crítica mais técnica e purista. Para ele, a música nem sequer sampleava o Wu-Tang diretamente (a base vinha de “It’s Yours” de T La Rock & Jazzy Jay) e, portanto, não representava a essência do grupo. “Não entendi como isso era uma dedicação ao Wu-Tang”, disparou Deck.

Veredito RAPGOL

A recusa do Wu-Tang em participar de “Wu-Tang Forever” é um exemplo clássico de integridade artística sobre hype comercial. Drake queria a validação das lendas, mas as lendas queriam que a música fizesse sentido para o legado delas.

Method Man, U-God e Deck mostraram que, mesmo diante do maior artista pop do mundo na época, o selo “Wu-Tang” não é algo que se empresta levianamente. Fica a lição: você pode samplear o som, mas não pode forçar a atitude.

CRIAA

Sou Bruno “CRIAA” Inácio, desde 2002 falando sobre Rap na Internet,  editor-chefe da Rapgol Magazine, onde conecto os universos do rap e do futebol com conteúdo autêntico e relevante. Com foco na curadoria de histórias que refletem a essência da cultura urbana, também assino artigos e entrevistas que destacam a voz dos artistas e a vivência das ruas.