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Nike x Adidas – É sobre marcas famosas , facções e a música – Epílogo.

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Nike x Adidas – É sobre marcas famosas , facções e a música - Epílogo. - Rapgol Magazine

Há exatamente 12 meses eu escrevia o texto abaixo intitulado Nike x Adidas – É sobre marcas famosas , facções e a música. Na ocasião o material foi publicado no Rapevolusom, portal que por muitos anos (desde 2002) estive a frente e que em 2019 voltou a ativa. Neste texto fiz uma alerta sobre como o sistema poderia estar agindo contra os Rappers / Mcs. Na ocasião alguns rappers que nunca estiveram envolvidos com algo ilícito, estavam se vangloriando em redes sociais e se dizendo membros de facções. Um dos meus principais alertas foi para se atentarem em relação a algumas pessoas que estão no poder atualmente e que elas poderiam utiliza-se de vários meios para prejudicar quem fala a verdade. Contei também um pouco sobre a cultura que envolve Marcas famosas e facções criminosas, não só aqui no Brasil, mas em outros lugares do mundo. confira:

Há muitos anos a moda e as marcas de roupas, são referencias dentro das gangues dos EUA e também nas facções criminosas do Brasil.

Na terra do Tio San, os membros da conhecida gangue Crips usam lenços azuis e tênis esportivos da marca British Knights, usando a sigla da companhia BK como uma referência a “Blood Killas”, (“matadores de Bloods“). Já os Bloods se identificam pela cor vermelha, excluindo qualquer item de cor azul.

O rap por ser a música das ruas, sempre esteve ligado diretamente as gangs e rappers famosos incluindo Mack 10 , The Game , Rass Kass , Kurupt , Daz Dillinger e outros, em alguma fase da vida estiveram envolvidos nesta rivalidade Bloods x Crips e foram parar na cadeia.

Recentemente, no entanto, as gangues dos EUA começaram a parar de usar as cores como meio de identificação, por que assim eles atraíam facilmente a atenção da polícia. Passaram a adotar o uso de jaquetas ou bonés de determinado times colegiais como identificação.

Quem é do Rio de Janeiro sabe. As gírias locais , a forma de dizer os numerais e as marcas de roupas, ditam o ritmo dos jovens e de quem é correria em vários lugares. Atualmente a cidade está dividida entre facções e milícia. É comum escutar em comunidades dominadas pelo TCP (Terceiro Comando Puro) a não utilização do numeral 2, ex: “Um, um mais um, três, quatro”. Já nas comunidades dominadas pelo CV (Comando Vermelho), o numeral excluído é o 3, ex: ” Um, dois, dois mais um, quarto” e por ai vai. Estas peculiaridades podem soar de forma estranhas para quem é de fora, mas são normais no linguajar dos jovens. Principalmente na era das rede sociais.

Isto não é uma novidade! Já nos anos 90, as facções cariocas tinham suas grifes favoritas. O logotipo da marca de roupas de surfe Cyclone lembra a sigla CV. Já a sigla da extinta grife TCK tornou-se Terceiro Comando do Kiko – nome de um líder histórico da facção – para os jovens seguidores. Hoje marcas como Lacoste , Tommy Hilfiger , Calvin Klein, Nike e Adidas estão entre as preferidas e são estas duas últimas que estarei focando a seguir.

NIKE X ADIDAS

Hoje em dia as marcas de roupas esportivas dominam o cenário seja dentro ou fora das comunidades. Duas delas tornaram-se as preferidas nas comunidades cariocas. Estou falando da Nike e da Adidas.

Tendo como primícia a não utilização do número 3, jovens de localidades dominadas pelo Comando Vermelho, tem como preferência a marca Nike. Outras marcas como : Diadora, Kappa, Puma e etc.. aparecem nas vestimentas, mas a preferida é a Nike.

Rival da gigante americana, a também gingante Adidas, tem como slogan “A marca das 3 listras”, e só por isto já seria a preferida nas comunidades dominadas pelo Terceiro Comando Puro, mas alusão ao 3 em todos os itens da marca, é como se fosse um troféus para os jovens.

Mas existem exceções! Toda esta separação entre marcas, símbolos e nomenclaturas cai por terra quando o assunto é o futebol. É como se no futebol tudo isto não existisse e independente da marca patrocinadora, o amor ao clube é maior.

RAP E TRAP

O Rap e o Trap ( sub gênero do rap ) estão entre os gêneros musicais mais escutados pelo jovens no Brasil. As gírias e estilos, criam uma ligação direta com as ruas. Porém alguns estão ultrapassando uma linha bem fina entre a realidade e a ficção. O resultado pode não ser o melhor no futuro.
Observando toda movimentação na cena, vejo alguns caras agindo por embalo ou até mesmo por brincadeira, se dizendo membros de facções e etc.. O ano de 2019 sem dúvida foi um dos melhores para o Rap e Trap. Vários artistas conseguiram mais visibilidade e com ela chega também a cobrança.


O Brasil é um país em constante guerrilha urbana. As principais capitais estão envolvidas e uma guerra de: Territorialísmo, cobiça, dinheiro e fama. Pode até ser estranho, mas hoje a fama é um dos fatores que mais atraem jovens para o crime organizado. Esta busca de alguns rappers por auto promoção na música utilizando siglas, nomenclaturas e carregando bandeiras que não estão envolvidos diretamente, alimenta uma guerra aonde quem mais morre são os nossos semelhantes e pode se tornar um grande problema no futuro.

Segundo os dados oficiais do governo, até Setembro – 2019, foram mais de 21 mil mortes por causa violenta. Estamos em uma era de radicalismo e extremismo por parte das autoridades, precisamos acima de tudo ter cautela e atenção. Você sustenta o que tem dito? A atitude de cada um é extremamente individual, mas pode ter um resultado bem desastroso no coletivo.

Epílogo.

(Revelar fatos posteriores à ação, complementando-lhe o sentido.)

Gostaria de iniciar esta continuação do texto ressaltando que os rappers envolvidos nas “brigas de internet” e que anteriormente utilizaram alusões as facções como escudo para suas desavenças, foram inteligentes e retiraram suas falas. Gostaria também de dizer que independente da marca que um artista utilize, a escolha é dele e se for patrocinado, devemos aplaudir de pé, pois quem veio principalmente de uma comunidade, sabe o quanto é bacana estar vestindo as melhores roupas sem precisar pagar.

Dito isto, sigo… Quase 12 meses depois tivemos uma real amostra de como o sistema age de maneira suja contra quem sai das comunidades buscando expor a realidade e as mazelas que o Estado impõem. O alerta feito no texto do ano passado, mostra que eu não estava falando em vão e que existem sim um grupo enorme de pessoas querendo calar nossa voz. A intimação a depor que Mc Cabelinho e Mc Maneirinho receberam por cantarem a realidade foi comemorada pelo grupo “da tradicional família brasileira” estes liderados por um deputado no Rio de Janeiro que já se mostrou disposto a agir do mesmo jeito quantas vezes for necessário. Precisamos continuar denunciando, mas evitando problemas entre nós mesmos. Fé pra tudo!

CRIAA

foto perfil criaa

Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.