Para marcar a doação de arquivos inéditos para centro de estudos da Unicamp, coletânea reúne depoimentos de ativistas, artistas e pensadores que explicam por que o hip hop tem atraído a Universidade como registro vivo de experiências negras
“Você está entrando no mundo da informação, autoconhecimento, denúncia e diversão. Esse é o Raio X do Brasil, seja bem-vindo”, a letra , do álbum Raio X dos Racionais, é revisitada pela socióloga Daniela Vieira na carta de apresentação do novo volume do Caderno Afro. Nesta edição, o movimento hip hop é o grande protagonista dos 12 artigos da publicação organizada pelo Afro Memória, projeto de pesquisa do Afro, Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento – Cebrap.
A publicação consolida a chegada do 1º acervo sobre o hip hop brasileiro ao Arquivo Edgard Leuenroth, da Universidade de Campinas – Unicamp, que foram doados por King Nino Brown, historiador autodidata e militante do movimento Hip-hop, e pelo jornalista Alexandre de Maio, também editor da revista RAP Brasil.
Entre os itens do acervo, destacam-se documentos textuais, bibliográficos e audiovisuais que registram a trajetória de King Nino Brown na constituição e valorização da cultura Hip-Hop no Brasil, além de biografias de músicos e grandes líderes do movimento negro e títulos publicados pela imprensa alternativa e marginal.
Lançamento do caderno para convidados
Na nova edição do Caderno Afro Memória, os textos destacam o movimento do hip hop como um guardião de memórias das experiências da população negra no Brasil e no mundo.
“Ao entendermos que o Hip Hop ensina e transforma vidas, sendo no tempo presente um ‘senhor de meia idade´, pois completou 50 anos em 2023, é possível recuperar parte das memórias dessas experiências artísticas negras afrodiaspóricas e acondicioná-las para, sobretudo, formar as/os estudantes negras e negros, contribuindo com fontes e problemas de pesquisa inéditos’, destaca Vieira na carta de apresentação do Caderno.
Entre os textos, destacam-se depoimentos de Alexandre de Maio, King Nino Brown, além de relatos de artistas mulheres, como a primeira rapper brasileira, Sharylaine, que assina um artigo com Chris Lady Rap.
No próximo dia 17, às 17h30, na sede do Instituto Geledés, o projeto Afro Memória vai realizar o lançamento oficial da nova edição do caderno dedicada ao hip hop, e da edição nº 3 do Caderno, dedicado aos acervos do Geledés.
Sobre o projeto Afro Memória
O projeto Caderno Afro Memória resulta de um esforço coletivo que envolve o Afro-Cebrap, a linha de pesquisa “Hip hop em trânsito” do Centro de Estudos de Migrações Internacionais da Unicamp, o Programa para Populações Marginalizadas da Universidade da Pensilvânia e o Arquivo Edgard Leuenroth, onde os acervos são preservados e disponibilizados para pesquisa. A iniciativa também conta com o apoio da Porticus Foundation, Instituto Ibirapitanga, Fundação Tide Setubal, FAPESP, Open Society, UCLA Archives in Danger e Universidade da Pensilvânia.
Sobre o Afro-Cebrap
O Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial, ou Afro-Cebrap, é um núcleo de pesquisa, formação e difusão sobre a temática racial que busca contribuir para o fortalecimento das pesquisas acadêmicas sobre desigualdades, relações raciais e interseccionalidade. O núcleo tem como prioridades a produção de pesquisa com alto rigor metodológico, a formação de novos pesquisadores e a divulgação científica. São desenvolvidas pesquisas de caráter multidisciplinar visando a produção e a análise de dados de natureza quantitativa e qualitativa.
Cadernos Afro Memória v.2, nº3
Cultura Hip Hop e Memória Negra – Acervos King Nino Brown e Alexandre de Maio
Disponível na página do projeto : https://afromemoria.afrocebrap.org.br/afro-memoria-hip-hop/#apresentacao
Lançamento oficial: 17/05, às 17h30, para convidados