Oruam escreve novo álbum da prisão enquanto defesa contesta acusações

Oruam escreve novo álbum da prisão enquanto defesa contesta acusações

Gostou? Compartilhe

🎤 Oruam e a realidade atrás das grades

Há quase dois meses preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, no Rio de Janeiro, o rapper Oruam (25 anos) transformou o isolamento em criação. Depois de dez dias em cela solitária e transferido para uma coletiva, ele começou a compor um novo álbum com foco em encarceramento e perseguição policial. Os versos estão sendo escritos em um pequeno caderno sem linhas, presente de um dos advogados.

Até mesmo crianças que visitam familiares no presídio pedem autógrafos ao artista, que convive com a angústia de estar longe do público e com o medo de ser esquecido.


⚖️ Defesa x versão policial

Oruam foi preso em 22 de julho, após uma diligência da Polícia Civil no bairro do Joá. A ação tinha como alvo um adolescente que estava em sua casa. Segundo a polícia, o rapper teria incentivado pedradas contra os agentes. Já a defesa sustenta que as pedras foram lançadas em reação a agressões físicas do delegado Moysés Santana Gomes contra um dos jovens presentes — imagens em vídeo mostram tapas e chutes.

O advogado Nilo Batista questiona a acusação de tentativa de homicídio:

“Qual foi o último caso de homicídio por pedrada? O último que eu me lembro está no evangelho.”

Entre os pontos levantados pela defesa estão:

  • Perícias inconclusivas sobre uma suposta arma de fogo atribuída ao cantor.
  • Inquérito aberto fora da jurisdição competente.
  • Ausência de provas de tráfico ou associação ao tráfico.
  • Contradições nos depoimentos policiais.

🚨 A perseguição e o peso do sobrenome

Outro advogado, Fernando Henrique Cardoso Neves, sustenta que Oruam sofre uma perseguição pessoal do delegado e também o peso de ser filho de Marcinho VP, preso desde 1996 e apontado como liderança do Comando Vermelho.

“Qualquer pessoa no mundo com essa filiação sofre os preconceitos de uma sociedade cuja grande paixão é prender e fazer sofrer.”


📝 Próximos capítulos

O habeas corpus do rapper aguarda análise do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Enquanto isso, a defesa denuncia uma prisão marcada por inconsistências. A Polícia Civil, por outro lado, afirma que os vídeos divulgados foram editados e que Oruam responde a investigações “fundamentadas em fatos concretos”, apontando vínculos do artista com a narcocultura.


Por que isso interessa?

O caso de Oruam expõe como o rap, a periferia e a justiça criminal se entrelaçam no Brasil. De um lado, um artista popular que transforma sua vivência em música mesmo atrás das grades. Do outro, um sistema contestado por arbitrariedades e estigmas sociais. A batalha jurídica que se desenrola é também um retrato da disputa simbólica entre expressão cultural e repressão institucional.