Osklen apaga post com Oruam após críticas de seus consumidores

Osklen apaga post com Oruam após críticas de seus consumidores

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A marca brasileira Osklen foi alvo de forte repercussão nas redes sociais nesta terça-feira (3/6) após publicar uma foto do rapper Oruam vestindo uma peça da grife em um ensaio para a conceituada revista britânica Dazed. A imagem, compartilhada no Instagram da marca, apresentava o artista com uma camisa de seda da nova coleção, mas acabou sendo retirada do ar após críticas.

A decisão de apagar a publicação foi confirmada pela própria Osklen por meio de nota oficial, na qual a empresa afirma que “a publicação no Instagram não teve como objetivo manifestar qualquer posicionamento em relação ao personagem, mas divulgar a presença da marca nessa publicação internacional”. Segundo o comunicado, o conteúdo foi removido “por trazer leituras divergentes em relação ao objetivo da marca”.


Reações nas redes: arte ou apologia?

A postagem com Oruam dividiu opiniões. Muitos usuários elogiaram a estética e a representatividade de ver um rapper brasileiro em destaque internacional vestindo uma grife nacional. No entanto, uma onda de críticas surgiu no X (antigo Twitter) e no próprio Instagram da Osklen, associando a marca ao apoio à “bandidagem” e ao tráfico de drogas.

Oruam, cujo nome real é Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, é filho de Marcinho VP, apontado como um dos principais chefes da maior facção criminosa do Rio de Janeiro e preso desde 1996. A ligação familiar foi o principal argumento usado pelos críticos para atacar a presença do artista na campanha, apesar de Oruam não ter condenações ou acusações formais contra si.


Oruam: estética, música e julgamento

A ascensão de Oruam no rap nacional nos últimos anos também tem sido marcada por tensão entre reconhecimento artístico e julgamentos sociais. Seu visual impactante, postura provocadora e letras com forte carga narrativa o colocaram no centro de debates sobre liberdade de expressão, criminalização da estética periférica e o papel do artista no imaginário coletivo.

Nas redes sociais, o rapper já rebateu diversas vezes as tentativas de associá-lo diretamente aos atos do pai. Após a soltura de MC Poze do Rodo, de quem é amigo próximo, ele chegou a publicar: “Vai prender bandido de verdade. Isso aqui é música.”


Moda, cultura e o velho debate sobre quem pode vestir

O caso levanta novamente um debate já conhecido: quem tem o direito de ocupar os espaços da moda de luxo? A Osklen, que sempre flertou com o lifestyle urbano e já foi elogiada por campanhas sustentáveis e inclusivas, optou desta vez por se afastar da polêmica – ainda que, com isso, tenha silenciado uma expressão artística legitimada em uma publicação internacional.

Críticos da decisão da marca apontam que a postura de apagar o conteúdo expõe um limite da moda brasileira ao lidar com ícones da periferia. Quando esses ícones não se encaixam em estéticas “aceitáveis” ou têm histórico familiar controverso, são rapidamente descartados, ainda que estejam em destaque no circuito global da música e da arte.