“Pega a Visão”: Soul Dip lança websérie sobre cultura periférica

“Pega a Visão”: Soul Dip lança websérie sobre cultura periférica

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🎥 CULTURA PERIFÉRICA EM PRIMEIRO PLANO

O Coletivo Soul Dip lançou a websérie Pega a Visão, um mergulho audiovisual sobre arte, território e identidade periférica. A produção faz parte do Projeto Di Quebrada e será composta por seis episódios — os quatro primeiros já estão disponíveis no YouTube, com novos lançamentos sempre às segundas-feiras, até 4 de agosto. Gravada no Itaim Paulista (Zona Leste de São Paulo), a série aborda moda, música, dança, arquitetura e relações sociais por quem vive e produz nas quebradas.

O conteúdo não busca falar “sobre” a quebrada, mas com ela e a partir dela. A série trata a estética periférica como pesquisa viva, mostrando que os territórios urbanos de borda também são centros pulsantes de criação, teoria e transformação social. “Pega a Visão” é, mais que um título, um chamado à escuta real.


🧠 VIVÊNCIA, TEORIA E EXPRESSÃO EM REDE

Cada episódio reúne nomes que conectam teoria, prática e vivência. No capítulo sobre moda, por exemplo, participam Cruela, Nazura e Renatinho (Acervo Relíquia). No episódio de música, estão Tarso Oliveira e Thiago Sonho. Já em dança, o diálogo é com Carol Gomes e Tiago Reis, enquanto Adriano Sousa discute arquitetura e Débora Dias e Negotinho abordam sociabilidade nas periferias.

A série documenta os modos de existir, vestir, dançar e criar que emergem das margens da cidade. São estéticas que não apenas resistem, mas produzem conhecimento, repertório e política — tornando a arte periférica um campo legítimo de pesquisa e invenção. É território, sim. Mas é também linguagem e futuro.


🎭 ENTRE A TELA E O PALCO: UMA CARTA ABERTA

“Pega a Visão” também dialoga diretamente com o espetáculo Da Quebra Brada: Uma Carta Aberta, do próprio Soul Dip. A websérie amplia os temas tratados no palco e consolida uma pesquisa que mistura dança, teatro, audiovisual e escuta comunitária. O resultado é uma obra que transcende formato e ocupa múltiplas plataformas com consistência e afeto político.

Mais do que um produto artístico, a série é uma intervenção cultural e pedagógica, reafirmando que as periferias não são apenas palco de resistência, mas fontes legítimas de saber e invenção social. O YouTube vira sala de aula, a quebrada vira fonte — e quem vê, entende: a arte da margem é central.


Por que isso interessa?

Porque “Pega a Visão” é um exemplo claro de como as quebradas brasileiras são produtoras de conhecimento, cultura e linguagem própria. O Coletivo Soul Dip mostra que é possível ocupar as telas com estética crítica, narrativa viva e presença política real, sem se curvar a estereótipos.

Num tempo em que a cultura periférica é consumida sem ser compreendida, a série propõe o contrário: escutar com atenção, olhar com respeito e pensar junto. É arte como processo, série como experiência e cultura como território.