Por dentro do novo Palermo, marcado pelo City Football Club

Por dentro do novo Palermo, marcado pelo City Football Club

“Juntos somos o Palermo”, declara o mantra gravado em letras garrafais nos vestiários do novo centro esportivo do clube, inaugurado recentemente em Torretta. A coesão e o sentimento de pertencimento permeiam aquela inscrição, sendo o alicerce cultural que o clube deseja inculcar em todos os que o representam, em um momento de renascimento esportivo, mas antes de tudo, de redescoberta e renovação de sua própria identidade. Essas palavras são a bússola do caminho iniciado em 2019 com Dario Mirri e ganharam vida três anos depois com o City Football Group (CFG). A missão, paralelamente ao retorno à Série A, tem sido e ainda é a reconstrução do DNA popular, de certa forma devolvendo o Palermo aos palermitanos e vice-versa, uma necessidade gerada pela conturbada história recente do clube.

Já nos últimos anos da era Zamparini, cuja despedida é datada de dezembro de 2018, uma certa distância em relação ao ambiente havia se estabelecido, evidenciada pela queda na frequência ao estádio, apesar da permanência na Série A e do espetáculo oferecido por Dybala, Pastore, Miccoli e outros talentos que passaram pelo Renzo Barbera. A chegada da Arkus Network e dos irmãos Tuttolomondo, então, completou o trabalho de destruição: ambos foram condenados por falência fraudulenta, enquanto a U.S. Città di Palermo declarou falência e foi forçada a se reconstituir, e assim recomeçar da Série D. Foi neste momento, no verão de 2019, que o Palermo Football Club nasceu como o conhecemos hoje, sob a liderança do presidente-torcedor Mirri.

Portanto, uma nova denominação, homenageando as origens (o Anglo Palermitan Athletic and Foot-Ball Club, fundado em 1900), fortemente desejada pelos torcedores; e um novo logotipo, desenhado por Danilo Li Muli com o objetivo de representar a renovação e ao mesmo tempo a reapropriação dos valores e símbolos distintivos do futebol palermitano. “Uma ponte entre passado e futuro”, como Mirri o apresentou, “ligada à forma inicial e à gloriosa história do clube, para fazê-lo voar novamente: raízes e asas, exatamente”. “O desafio mais difícil”, explica Gaetano Lombardo, responsável pela área de comunicação, “foi construir uma identidade de marca em uma marca que existe há 120 anos e já carrega um universo de valores, emoções e histórias; e ao mesmo tempo começar uma nova narrativa que se nutre desses valores, mas tem o dever de escrever novas páginas, falar como um novo sujeito, desenhar novos horizontes. Como se fosse dizer: sempre somos nós, mas somos completamente diferentes. Em suma: livrar-se dos resíduos da falência sem se afastar do passado, com a delicadeza que deriva da ideia de “manusear algo que pertence mais ao público do que ao clube”.

Nesse contexto, iniciativas como a pesquisa de 2019, transformada pelos torcedores em um plebiscito para a escolha do uniforme de jogo, coincidindo com a mudança da Legea, patrocinadora técnica pré-falência, para a Kappa. “Um projeto alinhado com os objetivos de transparência e participação que desde o início animaram a visão do novo Palermo”, explica Mirri. “Os torcedores são os guardiões da fé rosa e negra, e queríamos que voltassem a ser protagonistas.” Na mesma linha estão os eventos organizados no último final de semana em torno do jogo contra a Sampdoria, com a visita de Pastore, Amauri e outras antigas glórias rosa e negras; ou a abertura do Palermo Museum dentro do estádio, onde são exibidos objetos de todos os tipos doados pelos torcedores e as 57 camisas que marcaram a história do clube siciliano (incluindo o uniforme branco e azul usado no dia do 120º aniversário); até a inauguração da Palermo City Football Academy, a primeira estrutura histórica de propriedade, localizada a 20 quilômetros do Renzo Barbera. “A partir de hoje, temos uma nova casa”, comenta o CEO Giovanni Gardini, “e é assim que fortalecemos a identidade, um aspecto crucial para uma empresa que pretende conquistar um espaço importante”.

A chegada do CFG não interrompeu o processo, pelo contrário, garantiu um impulso adicional. Ao contrário do grupo Red Bull, o modus operandi da holding emiradense – uma estrutura piramidal com o Manchester City no topo, mas com uma atenção especial às especificidades de cada clube controlado – não prevê mudanças drásticas de identidade ou de curso; pelo contrário, Mansur bin Zayd Al Nahyan e associados abraçaram a visão de Mirri, cientes de que a conexão com a torcida é o verdadeiro ponto forte do projeto. Afinal, onze mil assinantes na Série D nunca haviam sido vistos na história do futebol italiano, e o alcance da base de fãs não se limita à cidade de Palermo (a quinta mais populosa do país), mas se estende por toda a ilha e aos muitos cantos do mundo afetados pela emigração siciliana.

No renascimento do futebol palermitano, começamos exatamente aqui, com uma atenção cada vez maior aos aspectos comunicativos e de marketing, ao envolvimento dos torcedores e aos desenvolvimentos globais do merchandising, desde 2023 assinado pela Puma. Linguagem informal nas redes sociais, busca de diálogo com as novas gerações e valorização da memória coletiva são componentes essenciais da redefinição em curso – primeiro em nível social e depois esportivo – do Palermo FC. Tudo, rigorosamente sob as asas da águia, símbolo medieval da nobreza da cidade, e na cor “rosa como o doce e preto como o amargo”; cores que, desde sempre – além dos uniformes comemorativos e do parêntese amarelo-vermelho na época fascista – representam e evocam de forma inconfundível

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Criaa da Zona Oeste do RJ.
Comunicador, fotógrafo, colecionador de camisas de times e camisa 8 no time da pelada.
Trabalhando com notícias e informações desde 2002.

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