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Em RAP

Prince Belofá estreia gigante com o álbum “Neguinho”

por CRIAA · 25 de novembro de 2025

No Dia da Consciência Negra, 20 de novembro de 2025, Prince Belofá apresentou ao país o álbum “NEGUINHO”, um trabalho que cruza fé, política, ancestralidade e vivências periféricas do Distrito Federal em um dos debuts mais simbólicos do rap nacional recente. A estreia consolida o artista como uma voz fundamental da nova geração, com narrativa firme, estética própria e um entendimento profundo da espiritualidade que atravessa a cultura negra.


🌍 Identidade, corpo e espiritualidade em cada faixa

“Neguinho” é mais que um álbum. É uma afirmação existencial. Cada música funciona como encontro entre fé, corpo e quebrada, costurando memórias, críticas sociais, resistências cotidianas e espiritualidade através da lente de um jovem artista que entende sua ancestralidade como norte.

Com participações de Marcelo Café, Nayê, Aggin, Isa Marques, Aqualtune e Layó, o disco vira um mosaico de vozes negras que compartilham pertencimento e visão de mundo. As produções de Noze, Piá The Kid, ZucaBeatz e Rubão criam uma paisagem sonora plural que transita do rap direto ao groove dançante, passando por atmosferas afro-diaspóricas, reggae, trap e neo-samba.


🔥 Três anos de construção e uma estética pensada como manifesto

Foram três anos até o álbum ganhar forma final. Dez faixas, uma intro e um interlúdio compõem uma obra que Prince Belofá define como síntese de suas vivências e influências. O processo incluiu um acampamento musical idealizado pelo próprio artista, reunindo talentos da cidade em um ambiente colaborativo que ele descreve como “game artístico”.

O resultado é cinematográfico. “É afro trap e sampa rap, mas no fim é um disco de rap. Rap pra caralho”, brinca Prince. A frase resume o espírito do projeto, que soa como trilha sonora da jornada de um herói negro atravessado por fé, amor, política e sobrevivência.


🖤 O poder da palavra “Neguinho” dentro e fora da quebrada

O título do álbum é uma provocação consciente. Prince explica que “neguinho” muda de significado conforme quem usa a palavra: afetuoso quando dito pela família, violento quando usado de forma racista, e também um alerta identitário em diferentes contextos.

Explorar essas camadas vira parte essencial da narrativa do disco. O artista transforma o termo em símbolo de resistência, pertencimento e memória. Do carinho ao choque, tudo se converte em arte.

Rubão, produtor do álbum, resume o impacto: “Prince é porta-voz da cultura sem se esforçar. Esse álbum pode mudar vidas”.


🎶 Influências de Racionais a Jovelina

A sonoridade de “NEGUINHO” ecoa múltiplas referências. Há ecos de Racionais MC’s, Alcione, Djonga, Jovelina Pérola Negra e elementos de macumba, tambores e pontos de terreiro. Essa mistura transforma o disco em experiência ritualística que reflete a trajetória de milhares de jovens negros do Brasil.


⭐ Por que isso interessa?

Prince Belofá representa uma nova geração que entende o rap como território político, espiritual e cultural. “NEGUINHO” resgata narrativas negras do Centro-Oeste, descentraliza o mapa da música nacional e reafirma a potência criativa da juventude periférica brasileira. É estreia que projeta futuro e honra ancestralidade ao mesmo tempo.

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