dj yume
“Uma relação de amor com o
Hip-Hop
Autor – Roger Morais
https://youtu.be/VWvLK-UY-VATrabalhar em prol da cultura do Hip Hop não é nada fácil, todos aqui estão cansados de saber. As dificuldades e obstáculos existentes para quem faz o Rap acontecer nas ruas muitas das vezes faz com que a pessoa tenha mais vontade de desistir do que continuar.
E não me refiro apenas aos cantores, MCs e produtores musicais. Neste caso englobo toda a galera que, por trás dos bastidores, faz essa máquina girar. São fotógrafos, estilistas, A&R, editores de vídeo, produtores executivos, comunicadores, dançarinos, DJs, entre tantos outros.
Nós da RAPGOL Magazine prezamos por aquelxs que dão o suor e o sangue por algo que na maior parte das vezes sequer traz algum retorno financeiro, trazendo ao público entretenimento, cultura e informação. Tudo por amor ao que se faz.
E desta vez retornamos trazendo para conversa uma pessoa que é um exemplo vivo de tudo isso. Carolina Yume é DJ e comunicadora, dona do portal Kalamidade, ao lado de DJ Pepeu. Trata-se de um canal voltado para contar principalmente as histórias daqueles que não atuam com o mic nas mãos.
Em um bate-papo exclusivo, Yume fala um pouco sobre sua carreira como DJ, a criação e o funcionamento do Kalamidade, além de contar um pouco sobre a vivência com o seu time de coração, o Santos Futebol Clube. Acompanhe abaixo:
Créditos Fotos: Rodilei e Fotografista
RAPGOL Magazine – É uma grande satisfação para nós podermos trocar essa ideia. Conta pra quem ainda não lhe conhece. Quem é a Yume?
Yume – Yume são várias pessoas: DJ, produtora executiva e criadora do Kalamidade, analista de negócios em um trampo paralelo. Mulher de ascendência japonesa com 26 anos, devota do Hip-Hop há pelo menos uns 10. Isso é um pouco sobre mim! Tem um pouco mais sobre a DJ no Soundcloud e Mixcloud.
RAPGOL Magazine – Quando foi que de fato você iniciou na música como DJ?
Yume – Eu comecei a tocar em 2018 através da oficina da DJ Miria Alves, o TPM – Todas Podem Mixar – foi também o ano em que ganhei uma controladora e fiquei brincando com as transições dos Raps, fazendo uns sets, até que fui chamada pra minha primeira gig, na festa Dança e Passo, da Cérebro Surdo Produtora, que me abriu muitos caminhos.
RAPGOL Magazine – Vemos que você já atua nessa profissão a alguns anos. Tem ideia de quantos eventos você já participou ao todo até aqui?
Yume – Pelas minhas contas, uns 50 presenciais vai, entre abertura de shows, festas, bares, e acompanhando MCs em shows em si.
RAPGOL Magazine – Quais são as suas grandes referências musicais?
Yume – Dr Dre, Missy Elliott, Chico Science, Planet Hemp, RZO… Mas o Rap Nacional como um todo é meu grande universo de pesquisas – tenho muita dificuldade de focar em algum recorte aqui dentro porque tudo se encaixa muito aqui pra mim.
E ultimamente tenho ouvido muito G-Funk depois de eu ver este documentário: (G Funk – Official Documentary – YouTube)
Nas plataformas eu experimentei bastante, do funk ao jazz, mas nos meus sets, podem sempre esperar muito Rap, aí o que vem junto depende do lugar, do público, etc.
RAPGOL Magazine – Quais são as suas principais ferramentas de trabalho como DJ?
Yume – Hoje em dia, um par de toca discos e o mixer. Conquistamos o “sonho do equipamento próprio” através de edital – e isso foi uma das coisas mais significantes na caminhada do coletivo Kalamidade até então
MOVIDOS PELA ARTE DA DISCOTECAGEM
O Kalamidade nasceu como uma festa de discotecagem idealizada por Yume e DJ Pepeu. Tiveram que se adaptar ao contexto da pandemia iniciada em 2020 e com isso foi criado o portal destinado à produção de conteúdos relacionados ao universo do Hip-Hop.
Atualmente o portal é composto por uma equipe de aproximadamente 20 profissionais, entre eles redatores, editores, designers, DJs e produtores. A linha editorial basicamente é voltada para aqueles que fazem parte do corre sem ser os cantores. Frequentemente são publicados no site artigos de opinião, tudo em favor de uma informação de qualidade.
RAPGOL Magazine – Você é criadora do portal Kalamidade, o qual admiro muito e é voltado principalmente para os produtores, fotógrafos, DJs e beatmakers que estão aí na luta, em especial a galera do underground, da cena independente. Quando foi criado e como surgiu a ideia do Kalamidade?
Yume – O Kalamidade nasceu porque eu e o DJ Pepeu queríamos fazer a nossa festa, que rolou em março de 2020, pela Cérebro Surdo, lá no Presidenta Bar – Augusta/SP. Uma semana depois disso veio a pandemia…
E aí começamos a postar conteúdo no instagram da festa, toda quinta-feira tinha o “Barulho pro DJ”. Em paralelo eu já colaborava no Per Raps e no Podcast, Mano, tinha essa vivência com as mídias de Rap.
Nisso a gente resolveu se colocar enquanto uma mídia, abrir formulário para a equipe em setembro de 2020. A linha editorial acabou sendo traçada naturalmente pelas nossas afinidades, e aí depois virou a identidade do portal. E o resto é história…
História que inclusive se encontra com a da Rapgol algumas vezes né? A campanha Isso Não Pode Se Perder do dia 6/agosto (2021) foi muito especial, agradeço aqui a participação de vocês nesse movimento!
RAPGOL Magazine – Poderia contar um pouco sobre como funciona o portal e qual o propósito?
Yume – O propósito do portal é ser um espaço para os colaboradores falarem sobre esse lado de produção, de sample, de discotecagem, referências visuais de capas, clipes, etc e se conectar com o leitor através disso.
Hoje o coletivo é composto por mais ou menos 18 pessoas pelo Brasil. Praticamente metade é DJ, e geral naquele corre de mais de um trampo, porque o Rap ainda não paga todas as contas, mas – pode parecer piegas – o que une todo mundo aqui é o amor pela cultura e a rede de cumplicidade e confiança que construímos entre nós. Sem isso, o Kalamidade não para em pé.
Ter ganhado como Mídia Destaque no Prêmio RapTV 2021 com 1 ano de vida foi um marco muito importante pro nosso corre, só confirmou que essa equipe é braba demais, e que estamos no caminho. E é isso, sem planos de parar tão cedo… (risos)
RAPGOL Magazine – Além do conteúdo disponibilizado no site, vemos que vocês também organizam eventos musicais por São Paulo. Quantos foram realizados ao todo e como vocês se mobilizam para que tudo isso aconteça?
Yume – A festa é inerente ao coletivo porque foi de onde tudo começou né. Ter voltado com as festas presenciais foi muito importante pra gente. Desafiador, porque agora a missão é equilibrar os pratinhos das redes + portal + festas, mas muito satisfatório!
A festa está bem longe de substituir o portal, são duas frentes muito consolidadas no nosso coletivo, e a mobilização para que tudo aconteça nos conformes revelou a Yume produtora executiva, que nasceu como uma necessidade mas foi algo que me pegou muito, e com o passar dos eventos e projetos a gente vai pegando as manhas… Mas é algo que eu quero estudar mais e ir afundo.
RAPGOL Magazine – Como tem sido para você lidar com todos os trabalhos e os projetos diante de uma pandemia que assolou nossa sociedade?
Yume – Longe das pistas, a gente encontrou outras formas de se conectar com as pessoas através da música.
Longe de usar essa abordagem de “olhar pelo lado bom”, mas foi na pandemia que foi criado o Portal Kalamidade, foi nesse contexto que nos conectamos com o pessoal do coletivo. Enquanto DJ, as lives ajudaram muito, mas não substituem né, o contato com a pista é parte essencial do set…
Agora a parada é pensar essas novas configurações, porque não dá pra repetir formatos de pré pandemia, muita coisa mudou e precisamos entender esses novos lugares.
RAPGOL Magazine – O que a Yume mais gosta de fazer quando está longe dos instrumentos de DJ e das páginas da redação do Kalamidade?
Yume – Aprecio demais ver um showzinho sem ser a trabalho (cobrindo ou organizando), ver meus amigos tocarem, ambos de preferência naquele esquema de chegar em casa cedo e pronta pra dormir tipo 01h da manhã, sabe? Bom demais.
RAPGOL Magazine – Nós aqui da RAPGOL Magazine não conseguimos afastar a música e o futebol. Portanto, gostaríamos de saber qual é o seu time de coração e por quê?
Yume – Sou santista desde criança, por influência da família, inicialmente do meu avô e consequentemente vários tios.
RAPGOL Magazine – Quais são as suas três camisas de time favoritas?
Yume – Das minhas, essas três:
Yume – No geral, as seleções do Egito, Nigéria e México costumam fazer camisas muito bonitas. E eu sou suspeita também pra falar da Umbro, além das do Santos, do Fluminense e do Sport sempre sai coisa bonita. Alô Umbro, me patrocina! (risos)
RAPGOL Magazine – Um momento do futebol que jamais vai sair da sua cabeça.
Yume – Final da Libertadores de 2011, nem lembro direito do jogo em si, mas toda a época de ouro do Neymar na Vila me marcou bastante.
RAPGOL Magazine – Quais são seus jogadores ou jogadoras favoritas?
Yume – Eu gosto muito da Cris Rozeira, Marinho, Neymar… É mais difícil eu assistir jogo de outros times. Então falo pelo tempo deles de Santos.
RAPGOL Magazine – Você lançou ao público em 2019 a sua mixtape intitulada “TRAPLadyTape”, reunindo produções de diversas artistas femininas. De onde surgiu a ideia e qual o foi o principal propósito?
Yume – A ideia foi colocar um contraponto daquele boom do Trap masculino na época, inclusive respostas em diss – pela visão das minas etc.
Foi em um momento que eu estava experimentando algumas sonoridades ainda e acompanhando muito de perto novos lançamentos.
Já vinha de um rolê que buscava essa visibilidade, frequentava muito o Slam das Minas e a Batalha Dominação, antes de “virar” DJ e já tinha essa pesquisa do Rap Nacional Feminino nessa playlist que teve um alcance legal, hoje tem 130 mil plays – mas parei de atualizar há um cota.
A TRAPLadyTape foi muito importante pra mim e abriu muitas portas. Acho que muita gente me conheceu por ela, inclusive.
RAPGOL Magazine – Existem planos de mudanças ou novidades no portal Kalamidade ainda este ano?
Yume – Sim, o Kalamidade é muito dinâmico porque a gente tem uma parada de manter mais a galera que está conseguindo colaborar ativamente, e também aprovamos alguns projetos em editais, tem coisa legal aí para sair, acompanhem a gente!
Talvez role de abrir para novos colaboradores também, estamos arrumando a casinha pra isso. Quem tiver interesse pode falar comigo 🙂
RAPGOL Magazine – Qual mensagem você gostaria de deixar para o pessoal?
Yume – Me chama pra tocar na sua festa, propostas milionárias estão prontas para serem recebidas no [email protected] (risos). E aproveita pra seguir lá no Instagram.
Jornalista, nascido no Centro do Rio em 1990. Já passou por veículos de comunicação impressa e também pelo rádio.
Torcedor do Grêmio, amante do futebol latino-americano e inglês.