Sena MC
Humildade e originalidade são algumas das palavras que podem descrever Sena MC, seja em sua vivência, como nas suas letras. Nós da RAPGOL Magazine acompanhamos a um bom tempo seus trabalhos, uma vez que poucos conseguem aliar os mundos da música e do futebol. São essas as razões, inclusive, que nos fazem escrever aqui todos os dias.
Suas obras conseguem transmitir a realidade de muitos jovens que nasceram e vivem nas favelas e periferias espalhadas pelo Brasil. Seja na luta pelo pão de cada dia, frente a um mundão cheio de dificuldades, como na paixão existente pelo futebol, e, especialmente, o clube de coração, que no seu caso é o Corinthians.
Sena MC já é dono de diversos singles que refletem essa relação, seja numa letra ou em algum visual ou arte. Um bom exemplo está no seu single, intitulado “Camisa do Chivas“, com produção musical de Delli Beatz. E desta vez, apostando especialmente no Drill, o artista acaba de trazer ao público “DIMAS”, o primeiro álbum de sua carreira.
Pensando nisso, convidamos mais uma vez o jovem MC para trocar uma ideia, onde se fala sobre sua origem como músico, suas influências, o processo de produção do EP e um pouco sobre suas preferências dentro do futebol. Conversa essa que você pode conferir abaixo:
RAPGOL Magazine – É uma enorme satisfação poder parar para conversar conosco. Nós acompanhamos o seu trabalho a um tempo. Quem é o Sena MC, de onde ele veio e até onde pretende chegar na carreira musical?
Sena – Sena Mc é o Luiz Gustavo Sena, nascido no dia 06 de julho em Osasco, Zona Oeste de São Paulo. Minha meta como acho que de todos que faz música é o reconhecimento mundial, viver bem, poder ajudar mais ainda os meus semelhantes.
RAPGOL Magazine – Quando foi seu início como profissional e quais são as suas grandes referências dentro da música?
Sena – Meu início foi em 2016, mas minha estreia de fato foi em 2017 e minhas referências vem do funk e samba, possa destacar Nelson Cavaquinho e Felipe Boladão. São pra mim duas escolas de grandes poetas.
RAPGOL Magazine – Quais você considera como o maior ou os maiores obstáculos enfrentados como profissional até aqui?
Sena – A vida real. Ter que acordar cedo e enfrentar tudo que o sistema impõe pra nós não conseguirmos ir atrás dos nossos sonhos e objetivos.
RAPGOL Magazine – Em que gêneros musicais você mais gosta de produzir seus trabalhos?
Sena – RAP. Não tenho uma vertente como principal, eu sempre fiz música em cima do beat que eu sentia que tinha que cuspir minhas revoltas ali. Estudei muito o Drill desde meu início, mas nunca quis ser só um MC que rimasse em Drill, por exemplo. Eu gosto de me aventurar e ser versátil.
https://www.youtube.com/watch?v=v_F7Hm-bSwk&t=50s
O álbum DIMAS fora lançado no fim de março deste ano, contendo ao todo 7 faixas (sendo uma intro), que contam com as participações de Pedrotti, Ruggi, Febem e Delli Beatz e 1LUM3, com produção musical e mixagem/masterização de Frederico Pacheco.
O título do EP leva em consideração Dimas, considerado o primeiro “Vida Loka” da história, crucificado ao lado de Jesus Cristo e que foi considerado de coração puro, como um bandido bom que ajudava aos seus próximos.
Me coloco como mais um Dimas da história, assim como diversos outros Dimas que estão sobrevivendo nas favelas do Brasil
Sena MC
RAPGOL Magazine – Você acaba de nos agraciar com o seu primeiro EP, intitulado “DIMAS”, contendo 7 faixas. Conta pra gente quanto tempo levou e como foi o processo de criação e produção.
Sena – Processo desse projeto tem mais de 4 anos, se for falar de criação de música. “VENCER” é uma dessas faixas. Fiz umas 30 faixas para selecionar 6 e a intro, que falei ali no dia de fazer a mixagem/masterização final do EP. O processo de produção e gravação demorou 2 anos e ver o resultado final me levou as lágrimas, pois finalmente eu consegui.
RAPGOL Magazine – Vi que ao final da faixa “DIMAS”, você dedica a música “a todos os Dimas do Brasil”. Qual a razão desse nome e quem são os Dimas do Brasil?
Sena – Todos Dimas é algo que pega muitas pessoas pois se a gente for ver na história, Dimas era o original Robbin Hood, então ele foi crucificado com Jesus e é o primeiro ‘vida loka’ da história e eu trouxe essa história pros dias de hoje.
Vejo todo mano e mina que é correria como um DIMAS, pois a gente tem que ir pegar dos boy e trazer pros nossos de alguma forma, e mesmo assim quando tá tudo pelo certo ainda somos julgados como bandidos.
Estamos na rua sendo forjados. Estamos sendo atacados pelo sistema, e isso tudo envolve na história de Dimas.
RAPGOL Magazine – Como você enxerga essa ascensão do Grime e do Drill nos últimos anos no Brasil?
Sena – Importante demais. Desde a primeira vez que vi o grime no fifa street eu fiquei hipnotizado. A cultura, o lifestyle… Tudo muito único e original. O Drill é mais recente e por se assemelhar mais com o RAP pegou até mais que o grime, mas um junta com o outro mesmo que um vem dos EUA, e outro vem da Jamaica e países africanos. Não deixa de ser música preta e envolvente.
RAPGOL MAGAZINE – Nós da RAPGOL consideramos a música e o lifestyle do futebol inseparáveis. Um ótimo exemplo é a popularização das camisas de time nas produções musicais. Como você vê essa união, em especial para os que vem de baixo?
Sena – As camisas de time são nossa estética desde sempre. Se for ver música e futebol tá ali lado a lado: Racionais em 97 no VMB, Facção Central, clipe trajados de Corinthians e Gaviões entre outros..
O Funk enfatizou muito também a estética como uma moda, e hoje é isso ai. Muita gente nem gosta de futebol, mas se veste igual a nós da quebrada com camisas de time variadas. É muito importante isso, pois só mostra que nós ditamos moda, e eles se apropriam disso, só mais uma né… (risos)
RAPGOL Magazine – Qual o seu time de coração, e porque?
Sena – CORINTHIANS! não tem porque eu nasci Corinthiano e dedico minha vida ao clube que amo. Vou nem entender pq se eu começo a falar do Corinthians é um livro… (risos)
RAPGOL Magazine – Quais são as suas três camisas de time prediletas?
Sena – Corinthians 1995 preta, Corinthians 2003 preta e Brasil 2006 azul.
RAPGOL Magazine – Um momento do futebol que jamais vai sair da sua cabeça.
Sena – Gol do Jô no último minuto contra o palmeiras em 2018 no paulista com um jogador a menos. Aquele dia eu lavei a alma e valeu a pena. Dormi na estação Itaquera.
RAPGOL Magazine – Pelo andar da carruagem, acha que o Brasil leva o hexa esse ano?
Sena – Prefiro não opinar… Dá azar. (risos)
RAPGOL Magazine – Quais são os seus três jogadores favoritos?
Sena – Ronaldo fenômeno, Zidane e Roberto Carlos.
RAPGOL Magazine – De todas as músicas produzidas por ti até aqui, tem alguma que você considere a sua predileta? Porque?
Sena – Tenho sim. Camisa do Chivas de certa forma é a minha favorita, pois depois dela muita coisa mudou. E receber carinho de cada fã que compra a camisa do Chivas e fala que foi por minha causa só mostra que nós é influência de fato.
RAPGOL Magazine – Como tem sido lidar com a correria, os trabalhos e projetos em meio a uma pandemia que assolou nossa sociedade?
Sena – Muito difícil, pois não tinha perspectiva de nada mesmo. No meio da pandemia me movimentei bastante, mas mesmo assim não sabia quando íamos voltar a viver uma normalidade na sociedade de novo. Momento de pânico pra muita gente e graças a Deus as coisas vem melhorando. Tomem vacina!!!
RAPGOL Magazine – Além do EP, podemos aguardar alguma novidade do Sena ainda nesse semestre?
Sena – Bastante novidades. Estou trabalhando em bastante coisa diferente.
RAPGOL Magazine – Qual é o seu grande sonho como artista profissional?
Sena – Ganhar um Grammy!
RAPGOL Magazine – Pergunta que não quer calar, já que acompanhamos suas habilidades em um bom churrasco… Grime, Drill ou Grill?
Sena – Grill.. Grill.. (risos)
RAPGOL Magazine – Gostaria de deixar alguma mensagem para a galera?
Sena – Você é capaz de conquistar tudo que almeja. Mundão é louco, porém nós tem que ser mais e não deixar ninguém impedir a gente de sonhar. Pois quando tiram nossos sonhos, acaba a nossa vida, nossa família.
Amigos são importantes, porém a gente precisa ser prioridade nessa vida em tudo. Acredite em você e vá atrás do que você sonha e acredita!!! E não mais importante: lugar de racista é a sete palmos da terra.
https://www.youtube.com/watch?v=S5JqK0LYUDE
Jornalista, nascido no Centro do Rio em 1990. Já passou por veículos de comunicação impressa e também pelo rádio.
Torcedor do Grêmio, amante do futebol latino-americano e inglês.