Rapgol Magazine entrevista TOKIODK. Artista fala sobre sua carreira e seu gosto pelo futebol em conversa exclusiva
TOKIODK
” REI “
Autor – Roger Morais
TOKIODK é nascido na Baixada Fluminense e criado no Rio de Janeiro, já tendo vivido em diversas partes da cidade. Há quase seis anos o artista vem mostrando eu empenho em entregar ao público trabalhos musicais de qualidade, especialmente faixas de Grime e de Drill. É um dos integrantes do coletivo Covil da Bruxa, composto por diversos outros artistas que a cada dia ganham destaque.
Além do EP “VIGÉSIMO NÍVEL”, é responsável por faixas conhecidas pelo público como “Armamento do Irã” , “Rumo ao Estrelato” e “DRILLRJ“, além de participações e trabalhos conjuntos, como em “Infravermelho“. E o cantor acaba de presentear o público sua mais nova faixa, intitulada “REI”, com direito a um videoclipe de tirar o chapéu, dirigido por Gabriel Monteiro.
Aproveitando o lançamento, a RAPGOL Magazine trocou uma ideia exclusiva com TOKIODK, onde nos conta sobre sua trajetória profissional, sobre o processo de criação da nova faixa, seu gosto pelo futebol, além de trazer novidades quanto aos próximos lançamentos. Veja abaixo a entrevista.
“Ser um artista independente acho que é loucura, principalmente no país e cidade que vivemos. ”
RAPGOL Magazine – Muito obrigado por conversar conosco! Conta pra quem ainda não lhe conhece, quem é TOKIODK e de você é cria.
TOKIODK – Que nada! Eu quem agradeço pelo convite. Então, não dá pra dizer que sou cria de algum lugar. Morei quase 10 anos na favela da Rocinha, nasci na baixada fluminense e já morei em todos os lugares do Rio de Janeiro (risos). Brincadeiras à parte, mas realmente já me mudei muitas vezes, atualmente moro na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
RAPGOL Magazine – Como foi seu início como músico e em quem ano começou?
TOKIODK – Eu comecei a fazer rima com 12 anos, brincadeiras da escola e etc… Comecei a batalhar na rua com uns 15 anos, mas começar a escrever mesmo e sonhar em ser musico foi em 2016.
RAPGOL Magazine – Quais são as suas maiores referências musicais?
TOKIODK – São tantos… Costumo absorver muito coisa de cada artista. Vou citar alguns: Filipe Ret, Covil da Bruxa, Tyler The Creator, Earl Sweatshirt, Kendrick Lamar, Santan Dave, The Weeknd e por aí vai… São muitos!
RAPGOL Magazine – Quais que você considera como os maiores obstáculos até aqui na sua trajetória profissional?
TOKIODK – Essa pergunta realmente é muito importante. Acho que o maior obstáculo mesmo de fazer música é o tanto de coisas a pagar. Ser um artista independente acho que é loucura, principalmente no país e cidade que vivemos.
Eu sou meio que próprio assessor, diretor executivo, manager, MC, eu crio meus roteiros, styling e etc… Eu sei que é tudo muito difícil, mas tem algo na música que não me desanima, não me deixa cair.
RAPGOL Magazine – Como você enxerga esse crescimento do Grime e do Drill no país?
TOKIODK – Me identifico bastante com os dois. Meu primeiro contato com o Grime foi em meados de 2015/16 ouvindo Stormzy e Skepta com o meu coletivo (CovildaBruxa). Acabou rolando uma identificação com as letras, ritmo e o próximo estilo, então desde o início da cena a gente está inserido nesse meio, não querendo posar de pioneirismo, nem nada dessas coisas (risos).
Já em relação ao Drill, eu particularmente não era fã logo de cara, por ser algo mais experimental e novo, com bastante diferença no beat, no tempo de entrada da voz, nas rimas, mas com o tempo acabei me aproximando e tomando gosto.
Mas minha real “paixão”, vamos dizer assim, é o Drill UK. Acho que foi o estilo que mais me identifiquei e que tem sido uma onda crescente no Brasil, talvez até chegando ao mainstream. Acho ótimo que esses gêneros estejam se expandindo e conquistando mais adeptos, acaba tornando nosso trabalho mais divulgado e fortalecendo a Covil, nos dando mais evidência para que possamos mostrar nossos trabalhos para mais pessoas.
RAPGOL Magazine – Você é um dos integrantes da Covil da Bruxa. Pode nos contar um pouco sobre o início do coletivo e como é o convívio com os demais membros?
TOKIODK – O coletivo Covil da Bruxa teve início a bastante tempo, não consigo datar ao certo. Mas a ideia é que nós somos uma família, o nome é só uma forma de nos identificarmos. A gente existe mesmo sem o envolvimento direto com a música, somos amigos a bastante tempo então o que pesa é essa relação, o resto é consequência disso.
Fui criado junto com o Luna (produtor), com o Mateus Britto (OGBritto), com o pessoal mais da zona oeste do RJ. O restante do pessoal, que é da Zona Norte, o Vander (VND), o Arthur (Leall) e tal, acabamos nos conhecendo por uma coincidência da vida e o Coletivo só cresceu, somos 16 membros, até onde eu me lembre (risos). O convívio é quase de irmãos, temos nossas brigas, mas no final estamos sempre está lado a lado!
“Nike Shox 4 mola, Escondo essa 30 nesse batbola / Carnaval, a bruxa ta solta Covil da bruxa não teme a rota / Covil da bruxa não erra aposta “
RAPGOL Magazine – De todas as faixas produzidas por você até hoje, existe a sua predileta?
TOKIODK – Eu tenho duas faixas favoritas. Entre elas está a faixa “Rei” que foi uma produção do Cezinha, que eu acho muito importante ressaltar, pra mim tanto ele quanto a galera de SP, na minha mente, achava uma realidade muito distante. Eles eram e são uma das minhas referências e agora poder estar no mesmo “patamar”, trabalhando com eles, tendo essa vivência foi algo muito importante pra mim, ainda mais nessa música que é uma das mais pedidas desde o Brasil Grime Show.
A segunda faixa que eu tenho um apreço muito grande é “Armamento do Irã”, eu escolhi o sample de “O Poderoso Chefão”, acabei tendo essa ideia de fazer um beat em cima, o Olimpio abraçou, meteu marcha e acabamos com um beat absurdo, somando ao contexto geral, pela produção e tudo mais, é uma das minhas músicas preferidas, ela é muito importante pra mim.
RAPGOL Magazine – Você lançou essa semana sua mais nova faixa, intitulada “REI”, ao lado de CESRV. Como foi o processo de construção da música?
TOKIODK – Essa faixa com o Cezinha estava nos planos, já conheço ele a um tempo, sempre tive vontade de ter uma participação dele numa música minha, tenho ele como uma das minhas maiores referências no meio da produção no Brasil em relação a Grime e Drill atualmente. E eu sou um cara que gosto de estar participando de todos os processos das minhas letras, desde a montagem do beat, como comentei antes, escolha de samples, se vai ter mais um instrumento e tal, se vai ser mais melódico…
Enfim, mas eu não faço a parte de produção, só tenho as ideias, escrevi “Rei” em cima de um beat “genérico”, mas queria algo especial pra essa faixa, foi aí que eu mandei uma guia pro Cezinha e perguntei se ele queria me ajudar no processo criativo, ele aceitou e me mandou um beat que combinou muito com a música, o mérito é todo dele por conseguir extrair tão bem o conceito que eu tinha em mente.
RAPGOL Magazine – Qual o seu time de coração e porque?
TOKIODK – Eu sou torcedor do Flamengo desde que eu nasci, desde que me conheço como gente. Acho que vem muito da minha família, meu pai é fanático pelo Flamengo, cresci indo pra jogos com ele, assistindo de casa, ele acabou repassando esse sentimento todo pra mim.
Hoje sou tão fanático quanto ele era na minha época de criança, talvez eu seja até um pouco mais (risos). Sou o tipo de pessoa emque o humor gira em torno dos jogos do Mengão: Se a gente ganha, sou só felicidade, mas não é uma ideia maneira estar perto de mim em dia de derrota.
“solidão e Ódio fervendo dentro do caldeirão da cuca / Drauzio varelLa nÃO explica Um jovem franzino carrega bazuca “
RAPGOL Magazine – Quais são as suas camisas de time prediletas?
TOKIODK – Minhas camisas de time prediletas são: Flamengo 08/09 uniforme I da Nike, eternizada por aquele time e pelo Adriano “Imperador”; Manchester United, Manga Longa 2008 da época do David Beckham; seguindo essa linha tem a do Arsenal, nº 14 do Tierry Henry.
RAPGOL Magazine – Diga um momento do futebol que jamais vai sair da sua cabeça.
TOKIODK – Acho que um momento do futebol que eu jamais vou esquecer foi a comemoração da Libertadores de 2019. Foi um dos momentos mais mágicos do futebol pra mim, desde que eu era criança e ouvia sobre 1981 e a trajetória do Flamengo até a final. Sonhava em viver esse momento, e em 2019 eu realizei. Acho que nem consigo colocar em palavras a sensação, o quanto foi gratificante, acho que só terei outro momento como esse quando formos campeões do mundo. Batemos na trave, infelizmente…
RAPGOL Magazine – Quais são os seus três jogadores prediletos?
TOKIODK – Um dos meus jogadores prediletos é o Cristiano Ronaldo, famoso robozão. Acho que ele entra na lista pela auto provação, é um cara que está sempre competindo contra si, que se desafia todos os dias para ser o melhor. Esse ideal tem muito a ver com o meu, que as vezes você pode não ser o melhor naquilo que faz, mas com dedicação e força de vontade suficientes você chega em lugares que jamais imaginaria.
Outro jogador que não pode ficar de fora é Romelu Lukaku, pela história dele, pela vontade que ele entrega. Para mim ele está sempre querendo amassar o adversário e eu pratiquei esportes minha vida toda, sempre fui muito competitivo e carregava essa mesma ideia antes de qualquer partida, sempre ter a vontade de chamar a responsabilidade e mostrar do que é capaz, um líder nato! E pra finalizar, acho que não poderia deixar o Didico, o Imperador, Adriano, só o nome já explica muita coisa, nem preciso me estender em relação a ele (risos).
RAPGOL Magazine – Como tem sido pra você lidar com os trabalhos e a correria em meio a uma pandemia que vem assolando a nossa sociedade?
TOKIODK – Graças a Deus, o pior já passou. Estamos caminhando para o fim da pandemia, depois de quase 2 anos vividos de forma limitada. Levei muito a sério desde o início, não saia nem para me exercitar. Foram dias muito difíceis, pois eu acabei largando faculdade, trabalho e tudo mais para viver do meu sonho, que é a música. E um artista sem show, sem poder interagir pessoalmente com seu público não é um artista feliz… Mas as coisas vão melhorar, assim que estivermos vacinados e as coisas voltarem ao normal.
RAPGOL Magazine – Cite três artistas que, para você, merecem maior destaque na cena?
TOKIODK – Ruas e a Rapylab no geral.
RAPGOL Magazine – Além de “REI”, o público pode aguardar alguma novidade do TOKIODK ainda este ano?
TOKIODK – No mês de novembro provavelmente vão ter 2 lançamentos…
RAPGOL Magazine – Agradecemos muito por essa entrevista. Qual a mensagem você gostaria de deixar para a galera?
TOKIODK – Que jamais desistam de ser quem elas realmente nasceram pra ser, independente das dificuldades…
Jornalista, nascido no Centro do Rio em 1990. Já passou por veículos de comunicação impressa e também pelo rádio.
Torcedor do Grêmio, amante do futebol latino-americano e inglês.