Em 1968, a canção “Para Não Dizer Que Não Falei de Flores (Caminhando)”, de Geraldo Vandré, marcou presença no Festival da Canção e logo se tornou um símbolo de resistência contra a ditadura militar. Agora, em 2024, a faixa ressurge com uma nova versão na voz do rapper Rappin Hood, com produção de Thiago Barromeo e lançamento pelo selo pernambucano Estelita.
Inspirados pela letra impactante de Vandré e pela tradição do reggae Nyabinghi, uma forma de reggae associada às celebrações da comunidade Rastafari na Jamaica, Rappin Hood e Barromeo promovem um encontro entre o reggae e o rap. “Minha inspiração veio muito da letra do Geraldo. Eu e meu parceiro pesquisamos batidas do reggae e descobrimos o Nyabinghi. Queríamos revisitar as raízes do rap e do reggae, especialmente no contexto de músicas de protesto”, explica Rappin Hood.
O rapper destaca que a música de protesto ainda é relevante, mesmo em um cenário diferente do passado. “Há quem goste dessas músicas e quem proteste. Nosso objetivo é fazer rap de mensagem, independentemente da situação atual. A mensagem é o mais importante”, afirma Rappin Hood.
Uma surpresa especial no novo trabalho é a participação de Geraldo Vandré na introdução da música. Apesar de ser uma figura reclusa, Vandré, hoje com 88 anos, aceitou colaborar com o projeto, algo que surpreendeu e encantou Rappin Hood. “Não esperava que ele participasse. Foi uma honra gravar essa música com ele”, diz o rapper, que já havia trabalhado com Vandré anteriormente, em uma versão de “Disparada” ao lado de Jair Rodrigues.
O novo projeto destaca a conexão entre o trabalho de Vandré e o de Rappin Hood, que também é apresentador do programa RapDuBom na rádio Street. Embora o cenário atual seja diferente do período da ditadura, Rappin Hood observa que ainda há desafios a serem enfrentados. “Estamos em um momento diferente, mas a atmosfera mudou muito. A situação não está perfeita, mas a pressão extrema do passado diminuiu”, conclui.
A nova versão de “Para Não Dizer Que Não Falei de Flores” traz uma nova perspectiva à clássica canção de Vandré, unindo passado e presente através da música e da mensagem.