Ronaldo era uma máquina em campo e molecada de Bento Ribeiro tinha muita história para contar.

Ronaldo era uma máquina em campo e molecada de Bento Ribeiro tinha muita história para contar.
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Cresci em Bangu, sim o bairro dos 40 graus a sombra que vocês já escutaram algumas dezenas de vezes e como todo moleque do subúrbio, a minha adolescência foi jogando bola pelas quadras e em vários campinhos de terra. Quando o assunto era futebol, o Ronaldo Fenômeno era a referência. A primeira lembrança que tenho foi o gol que ele fez pelo Cruzeiro ao pegar a bola que o goleiro havia deixado no chão de maneira inocente. Quando se transferiu para o PSV, achei muito legal quando ele passou a vestir a camisa do mesmo time em que o Romário havia jogado. A história do “peixe” se mistura com a do Fenômeno, mas isto é assunto para outro momento.

No meu segundo grau fui estudar em Bento Ribeiro, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro e o bairro onde Ronaldo Luís Nazário de Lima cresceu. Em 1997 eu já estava com uns 16 anos de idade e ali passei 3 anos ouvindo as histórias dos meus amigos de classe, que cresceram ou foram criados com o Ronaldo. O artilheiro do Brasil já estava com 20 anos e acabava de se tornar o melhor do mundo. Pela primeira a Internazionale acabava de comprar um jogador que no ano seguinte havia sido o melhor do mundo, Ronaldo usou a camisa 10 e não decepcionou, encerrando a segunda metade de 1997 com 14 gols em 19 jogos. Além disso, foi eleito pelo segundo ano consecutivo como o melhor jogador do mundo. Mesmo com toda esta fama, Ronaldo não deixou de frequentar o bairro, mas as suas visitas passaram a ser no período da noite, não para fugir dos amigos que ele fazia questão de encontrar, mas evitando que as ruas ficassem lotadas de gente. Todo mundo queria ver o Ronaldo de perto. Eu tinha um amigo de classe chamado Jorginho e em um determinado momento do ano ele apareceu na escola com aquela camisa azul – grená autografada e me convidou para conhecer a galera da rua dele. A molecada era toda da mesma idade e todos cheios de histórias. Ali moravam ainda primos, o irmão e várias outras pessoas ligadas o Ronaldo. As histórias de superação de um moleque que fazia de tudo para ser feliz no futebol e não perdia as raízes com os amigos de bairro, me deixavam ainda mais feliz em estar compartilhando os momentos, a coca-cola gelada na calçada e as boas risadas.

Em 1998 durante a copa do mundo, as ruas do bairro ficaram todas enfeitas de verde e amarelo. Tinha Ronaldo Fenômeno por todos os lados, nas paredes, no chão, nos balões que subiam aos domingos e etc. A derrota para a França foi um baque enorme, mas ali em Bento Ribeiro parecia que o bairro estava dentro de um buraco, o silêncio foi silêncio ensurdecedor.

Já em 1999 já estudando a noite e no meu último ano de segundo grau, o meu amigo disse que o Ronaldo iria para “casa” , como eu morava em Bangu e tinha o horário do ônibus, falei que era para ele pegar um autógrafo e levar na outra noite para escola. Os anos se passaram a escola ficou para trás, os rolés pelas ruas de Bento Ribeiro também. Nunca tive a oportunidade de ver o Ronaldo de perto. Sobre o autógrafo: o Jorginho nunca conseguiu, mas graças a modernidade do mercado chinês, consegui há quase uns 2 anos uma camisa de época igual a que o fenômeno utilizava em suas partidas pelo Barcelona.

CRIAA…